terça-feira, 1 de outubro de 2013

O DÍZIMO E O NOVO TESTAMENTO

O Dízimo e o Novo Testamento
Quando as pessoas hoje dão o dízimo em suas congregações, para quem vai o dinheiro? No Tanách, se alguém tivesse um cordeiro e quisesse dar um presente ao Senhor, ele o levaria ao sacerdote e o queimaria sobre o altar. O sacerdote tomava o seu pedaço e o que sobrava era queimado. Todavia, o cordeiro era dado ao Senhor. No Novo Testamento, Paulo disse que ele estava coletando dinheiro para os crentes pobres em Jerusalém (Rm 15:26). Ele nunca disse que seria uma oferta para o Senhor. No entanto, na Torá, quando as pessoas davam dinheiro ao pobre, isto também era considerado uma oferta ao Senhor. A Torá ordenou o povo a trazer os sacrifícios e a dar vários diferentes tipos de dízimos. Eles tinham um dízimo para os sacerdotes e levitas e também tinham que deixar algumas de suas colheitas no campo para alimentar os pobres. Os israelitas antigos tinham diferentes tipos de doações, mas o Novo Testamento nunca ordena a dar o dízimo. Portanto, para que um pastor hoje possa pedir o dízimo, ele deve formar uma halacha de um exemplo ao invés de mostrar um mandamento, uma vez que este não existe no Novo Testamento. Lembre-se que halacha significa “andar,” e nós queremos saber como andar pela fé em nossas vidas diárias.
Além do exemplo dos Israelitas doando dinheiro para o Templo, há exemplos de doações no Novo Testamento que podem ser usados para sustentar o conceito de dízimo. Romanos 15:27 diz:  “Isto lhes pareceu bem, e mesmo lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos Judeus, devem também servi-los com bens materiais.” Este versículo essencialmente diz que os crentes não Judeus devem ser tão gratos pela bênção espiritual de conhecer o Messias Judeu que deveriam ser motivados a “devolver” financeiramente esta benção aos pobres entre o povo Judeu.  1 Coríntios 16:1-2 diz: “Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que não se façam coletas quando eu for.” Estes dois exemplos lidam com o mesmo contextoem que Paulo estava levantando dinheiro de suas congregações para ajudar os pobresem Jerusalém. A única autoridade, portanto, pela qual os pastores de hoje coletam dízimos, é tomando o exemplo do que os primeiros crentes fizeram, aplicando-o ao contexto de hoje.
Tanto a Igreja como o povo judeu fazem muitas coisas que não foram ordenadas diretamente nas Escrituras. Uma delas é a reunião no fim de semana. O Novo Testamento nunca ordena a igreja a se reunir todo Domingo. Existem exemplos apenas de crentes se reunindo. Em Atos 20:7, vemos que os discípulos se reuniam aos sábados à noite: “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.” A partir daí, os cristãos desenvolveram uma tradição de se reunirem no primeiro dia da semana ocidental, que é domingo. Hebreus 10:25 nos instrui a não negligenciarmos as nossas reuniões, mas nunca especifica com que freqüência estas reuniões deveriam acontecer. Os judeus ortodoxos se reúnem para orar duas ou três vezes todos os dias baseados no exemplo das três ofertas diárias oferecidas no Templo. Por outro lado, os cristãos baseiam a idéia de uma reunião semanal aos domingos no exemplo desta passagem de Atos 20.
Outra prática atual que tomamos de exemplos Bíblicos é a questão do que fazemos quando nos reunimos. Em Atos 2:42,46 diz: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações(…). Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração.” Baseados nesta passagem, nós oramos, temos comunhão, partimos o pão e estudamos juntos as palavras dos apóstolos quando nos encontramos. Não jogamos bingo ou temos loterias porque não temos qualquer ordem ou exemplo disso. O grande modismo atual de se ter louvor e adoração com música, bandas, bailarinos e tamborins, não vem do Novo Testamento. Na verdade, o Novo Testamento nos diz apenas para cantar e nunca menciona qualquer coisa sobre instrumentos. O costume atual de usar instrumentos é tirada de exemplos de textos no Antigo Testamento.
Outra coisa que fazemos pelo exemplo é a Ceia. Yeshua ordenou aos Seus discípulos na noite da Páscoa: “Fazei isto em memória de mim,” referindo-se ao partir o pão. Ele nunca disse com que freqüência deveríamos celebrá-la, mas nós sabemos que devemos celebrá-la porque Ele ordenou. É por isso que algumas igrejas hoje têm comunhão todo dia, algumas uma vez por semana, algumas uma vez por mês e outras apenas uma ou duas vezes ao ano. Tudo que nós temos são exemplos do modo como a Igreja do primeiro século operava. Os exemplos interpretam o mandamento. Os exemplos constituem uma midrash simples.
A dificuldade surge hoje porque nós vivemos no século XXI em uma cultura diferente, e temos necessidades diferentes das que eles tinham no primeiro século. Nós temos que continuar fazendo midrash e usando exemplos Bíblicos para atender às necessidades de nosso próprio contexto cultural. Para fazer isto corretamente, não podemos ignorar a Torá. Quando líderes cristãos que se opõem à fé Messiânica dizem: “Nós não precisamos da Torá”, ou ainda, “O Velho Testamento não deve ser algo normativo para a vida do Cristão”, eles deveriam parar de pedir ao seus membros para darem o dízimo, uma vez que o único lugar que fala sobre dízimos é no Antigo Testamento. Se uma pessoa rejeita a Torá, então ela teria que rejeitar também o princípio de entregar o dízimo. Por que tantos cristãos tomam louvor e adoração ou dízimos e prosperidade do Antigo Testamento, e rejeitam todo o resto? É hipocrisia dizer, “A Torá já acabou e não se aplica a nós,” e escolher guardar apenas o que é “interessante” da Torá, jogando fora todo o resto. Quando os judeus vêem que os cristãos tiram e escolhem, tem-se um péssimo testemunho de integridade e coerência religiosa.
Extraído do Livro: Tesouros Ocultos – O Método Judaico do Primeiro Século para Entendimento das Escrituras, de Joseph Shulam. Lançamento oficial no 7º Congresso Restauração – 09/02/2013. Participe: www.congressorestauracao.com 
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Autor: Joseph Shulam
Considerado um dos teólogos de maior renome na atualidade. Residente em Israel desde 1948, é presidente do Instituto de Pesquisa Bíblica NETIVYAH, em Jerusalém – Israel e fundador da Congregação Roê Israel (pastor de Israel), uma das primeiras congregações de judeus messiânicos (discípulos de Jesus) do Estado moderno de Israel. Autor de renomados comentários do Novo testamento, é formado em Arqueologia e História do Judaísmo pela Universidade Hebraica de Jerusalém. O pastor e professor Joseph Shulam leciona em vários países do mundo ensinando sobre a restauração da Igreja do Iº século. Joseph é co-fundador do Ministério Ensinando de Sião – BRASIL.


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