NAS IGREJAS EVANGELICAS TEM AINDA
MUITO ANTISSEMITISMO
Antissemitismo(Significado de
Antissemitismo
s.m. Repúdio aos semitas, nomeadamente, aos judeus.
Movimento ou ideologia política contrária aos judeus: o antissemitismo, mais
conhecido como perseguição aos judeus.
(Etm. ant(i) + semitismo)
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Antissemitismo é o preconceito ou hostilidade
contra judeus baseada emódio contra seu histórico étnico, cultural e/ou religioso. Na sua forma mais extrema, "atribui aos
judeus uma posição excepcional entre todas as outras civilizações, difamando-os
como um grupo inferior e negando que eles sejam parte da(s) nação(ões) em que
residem". A pessoa que defende este ponto de vista é chamada de
"antissemita".
O antissemitismo é manifestado de diversas formas, indo de expressões
individuais de ódio e discriminação contra indivíduos judeus
a violentos ataques organizados (Pogrons), políticas públicas ou ataques militares
contra comunidades judaicas. Entre os casos extremos de perseguição estão
a Primeira
Cruzada de 1096, a expulsão da Inglaterra em 1290, aInquisição
Espanhola, a expulsão
da Espanha em 1492, a expulsão
de Portugal em 1497, diversos pogroms, o Caso Dreyfus e, provavelmente o mais
infame, o Holocausto perpretado pela Alemanha Nazista.
Embora a etimologia possa sugerir que o
antissemitismo é direcionado a todos os povos semitas, o termo foi criado no final do século XIX naAlemanha como uma alternativa estilisticamente
científica para Judenhass("Aversão a judeus"), sendo
utilizada amplamente desde então.
Uso
Apesar do uso do prefixo anti, os termos semita e antissemita não
são diretamente opostos. O antissemitismo refere-se especificamente aopreconceito contra judeus em geral, apesar do fato de
existirem outros falantes de idiomas semitas (isto é, árabes, etíopes ou assírios) e de nem todos os judeus empregarem linguagem
semita. O termo antissemita foi utilizado em algumas ocasiões para expressar o
ódio a outros povos falantes de idiomas semitas, mas tal utilização não é
amplamente aceita. Estudiosos defendem o uso sem hífen do termo antissemitismo para
evitar provável confusão a respeito de o termo referir-se especificamente a
judeus, ou a falantes de idiomas semitas como um todo. Emil Fackenhiem,
por exemplo, apoiou a utilização sem hífen para "repelir a noção de que há
todo um 'Semitismo' ao qual o 'anti-Semitismo se opõe".
Etimologia
Mas, de fato, a palavra Antisemitismus foi cunhada,
em língua
alemã, no século
XIX, numa
altura em que a ciência racial estava na moda na Alemanha, e foi usada pela primeira vez já com o sentido
de aversão aos judeus, pelo jornalista alemão Wilhelm Marr, em 1873, por soar mais "científica" do que Judenhass ("ódio
aos judeus"). Há autores (como Gustavo Perednik) que preferem utilizar o
termo judeofobia, significando "aversão a tudo o que é
judaico". e esse tem sido o uso normal da palavra desde então. Tanto
quanto pode ser confirmado, a palavra foi impressa pela primeira vez em 1880. Nesse ano, Marr publicou "Zwanglose Antisemitische Hefte"
("Livros casuais anti-semitas") e Wilhelm Scherer usou o termo Antisemiten(antissemitas)
no jornal "Neue
Freie Presse" de janeiro daquele ano. A palavra relacionada,
"semitismo", foi cunhada por volta de 1885.
Muitos fatores motivaram e fomentaram o antissemitismo, incluindo
fatores sociais, econômicos, nacionais, políticos, raciais e religiosos, ou
combinações destes fatores.
Na Idade
Média, as principais raízes do ódio contra judeus foram:
Religiosas (antijudaísmo), baseadas na pretensa
doutrina da época da Igreja Católica de que os Judeus são
coletivamente e permanentemente responsáveis pela morte de Jesus Cristo (verDeicídio, essa visão surgiu na Idade Média e não é mais
aceitável pela Igreja Católica).
Sócioeconômicas, devido à ação de autoridades locais, governantes, e
alguns funcionários da igreja que fecharam muitas ocupações aos judeus,
permitindo-lhes no entanto as atividades de coletores de impostos e
emprestadores, o que sustenta as acusações de que os Judeus praticam a usura.
Políticas, pela prática colonialista aplicada no
Oriente-Médio após a Segunda Guerra Mundial.
Um dos grandes propagadores do antissemitismo no século XX foi o regime nazista alemão. Atualmente, o ódio ao judeu freqüentemente
apoia-se em ideais nazistas, ainda que o pensamento antissemita seja muito mais
antigo.
O antissemitismo contemporâneo
O antissemitismo nunca foi tão forte quanto nos dias de hoje e por outro
lado nunca foi tão escondido. Hoje o mundo passa por uma conscientização
coletiva sobre todos os tipos de preconceito existentes e o espaço para o
antissemitismo ficou escasso e vergonhosos para quem o usa. Por isso, alem de
suas formas clássicas, ele se apresenta em nossos tempos de duas novas formas.
O Retroativo e o Descaracterizado.
Retroativo - Forma de usar o
próprio antissemitismo para atacar o povo judeu, acusando-o de criar ou usar o
antissemitismo para causar mal aos outros, criando assim um ambiente propicio
para desenvolver o ódio aos judeus sem culpa.
Exemplo: Negacionismo(Acusar os judeus de criar sua própria
perseguição no holocausto ou em outros eventos, com o propósito de dominar o
mundo).
Descaracterizado - Acusar algo ou alguém
que referencia-se a maioria do povo judeu.
Exemplo: Anti-sionismo(Acusar o estado judeu com falsas
acusações de usar dos mesmos meios sofridos na história contro outros povos
para desvalidar todo o antissemitismo anterior).
No documentário Defamation (em português, Difamação), o cineasta judeu israelense Yoav
Shamir apresenta uma visão crítica acerca do antissemitismo, que tem
servido como bandeira para certos grupos oriundos das comunidades judaicas
dos Estados
Unidos, frequentemente aliados aos interesses da extrema direita israelense. Para
desfrutar de certos poderes e privilégios ou para justificar ações do Estado de Israel contra a população palestina, esses grupos precisariam
manter vivo o antissemitismo, seja como um perigo real, seja como ameaça
imaginária. Segundo o documentário, muitos judeus, religiosos ou não, não
concordam com a manipulação do sofrimento de seus antepassados em benefício
desses grupos de influência.
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Antijudaísmo é uma oposição ou hostilidade ao judaísmo e seus praticantes. Ele é distinto
do anti-semitismo por ser baseado no
repúdio, religioso ou de outro motivo, a práticas ou crenças da religião
judaica, e não em supostos fatores raciais.
Antijudaísmo no Império Romano pré-cristão
No Império Romano , a religião era uma parte integrante do governo
civil. Os imperadores proclamaram-se como deuses na Terra , e exigiam ser assim
venerados. Isso criava dificuldades, não apenas para os judeus, mas também para
os seguidores de Mithras, Sabazius, e os primeiros cristãos, que eram proibidos
por suas crenças de venerar deuses de outras.
A Crise sob Calígula (37-41) é tida como a
"primeira ruptura aberta entre Roma e os judeus", apesar de os
problemas já serem evidentes durante o Censo de Quirino em 6 e sob Sejano
(antes de 31).
Após a Guerra Judaico-Romana (66-135), Adriano mudou o nome da província da Judéia para
Síria Palaestina, e Jerusalém para Aelia Capitolina, na tentativa de apagar os
laços históricos dos judeus com a região. Além disso, após 70, os judeus só
eram autorizados a praticar a sua religião se pagassem o Fiscus Judaicus
(imposto judaico), e depois de 135 foram impedidos de entrar em Jerusalém,
exceto no dia do Tisha B'Av.
Flávio Clemente, hoje tido como mártir
cristão, foi condenado à morte por "viver uma vida judaica", no ano
de 95, o que pode ter sido relacionado com a administração do imposto judaico
sob Domiciano.
O Império Romano adotou o cristianismo como religião do Estado com oÉdito
de Tessalónica em 27 de Fevereiro de 380.
História do antijudaísmo cristão
Cristianismo primitivo e os judaizantes
O cristianismo iniciou a sua existência no século 1 como uma seita
dentro do judaísmo, o chamados cristianismo judaico. Era visto como tal pelos
primeiros cristãos, assim como pelos judeus em geral. A administração romana
provavelmente também não teria visto qualquer distinção. É discutido entre os
historiadores se o governo romano distinguia ou não entre cristãos e judeus
antes que Nerva realizasse sua modificação do imposto
judaico em 96. A partir de então, os judeus praticantes pagavam o imposto, mas
os cristãos não.
O principal ponto de divergência entre a comunidade cristã primitiva e
suas raízes judaicas era a crença cristã de que Jesus era o tão esperado
Messias. Outro ponto de divergência foi o questionamento por parte da
comunidade cristã da aplicabilidade contínua da Lei de Moisés (a Torá), embora
o decreto
apostólico da era apostólica do cristianismo parece
fazer paralelo com as Leis de Noé do judaísmo. As duas questões vieram a ser
ligadas a uma discussão teológica dentro da comunidade cristã, sobre se a vinda
do Messias poderia anular algumas ou todas as leis bíblicas anteriores.
Após a aceitação de Jesus como o messias, a controvérsia quanto à
circuncisão foi provavelmente o segundo problema no qual o argumento teológico
foi feito em termos de anti-judaísmo; aqueles que defendiam que as leis
bíblicas continuavam a ser aplicáveis eram chamados de "judaizantes"
ou "fariseus" (por exemplo, em Atos 15:05). Os ensinamentos de Paulo de Tarso, cujas cartas compreendem grande
parte do Novo Testamento, podem ser vistos como um esforço contra a judaização.
No entanto, Tiago,
o Justo, que após a morte de Jesus foi amplamente reconhecido como o líder da
cristãos de Jerusalém, adorou no Segundo Templo em Jerusalém até sua morte em
62, 30 anos após a morte de Jesus.
A destruição do Segundo Templo, no ano de 70, levaria os cristãos a
"duvidar da eficácia da lei antiga"; no entanto, Marcião
de Sinope, que defendia rejeitar a totalidade da influência judaica sobre a fé
cristã, seria excomungado pela Igreja de Roma em 144.
Polêmica
antijudaica
Obras antijudaicas deste período incluem De Adversus Iudeaos por Tertuliano, Octavius por Marcus
Minucius Felix, De Catholicae Ecclesiae Unitate por Cipriano
de Cartago, e Instructiones Adversus Gentium Deos porLactâncio. A hipótese tradicional sustenta que o
antijudaísmo destes primeiros pais da Igreja foi herdado da tradição cristã
da exegese bíblica, embora uma segunda hipótese
sustenta que o antijudaísmo dos primeiros cristãos foi herdado do mundo pagão.
Taylor observou que o antijudaísmo cristão teológico "emerge a
partir de esforços da Igreja para resolver as contradições inerentes a sua
apropriação simultânea e rejeição de diferentes elementos da tradição
judaica".
Os estudiosos modernos acreditam que o judaísmo pode ter sido uma
religião missionária nos primeiros séculos da era cristã, portanto, a
concorrência pelas lealdades religiosas dos gentios alimentou o antijudaísmo. O
debate e o diálogo mudaram de polêmica para ataques verbais e escritos amargos
entre os dois grupos. A Tarfon (falecido em 135) é atribuída uma declaração
sobre se pergaminhos poderiam ser deixados para queimar em um incêndio no
sábado. Uma discutível interpretação identifica esses livros como o Evangelho:
"Os Evangelhos devem queimar, pois o paganismo não é tão perigoso para a
fé judaica como judeus cristãos". A anônima "Carta a Diogneto"
foi a primeira obra apologética cristã da Igreja para lidar com o judaísmo. Justino, falecido em 165 dC, escreveu o Diálogo
com Trifão, um debate polêmico afirmando a messianidade de Jesus, fazendo
uso do Antigo Testamento em contraste com contra-argumentos de uma versão
fictícia do rabino Trifão. "Durante séculos, os defensores de Cristo e os
inimigos dos judeus não empregaram qualquer outro método" além destas
obras apologéticas.
Embora o imperador Adriano tenha sido um "inimigo da
sinagoga", o reinado de Antonino Pio começou um período de
benevolência romana para a fé judaica. Enquanto isso, a hostilidade ao
cristianismo continuou a se cristalizar: após Décio, o império estava em guerra com esta crença.
Uma relação desigual de poder entre judeus e cristãos, no contexto do mundo
greco-romano, "gerou sentimentos antijudaicos entre os primeiros
cristãos." Sentimentos de ódio mútuo surgiram, em parte devido à
legalidade do judaísmo no Império Romano; em Antioquia, onde a rivalidade era
mais amarga, foram mais provavelmente os judeus que exigiram a execução dePolicarpo
de Esmirna.
De
Constantino até o século 8
Quando Constantino e Licínio emitiram o Édito
de Milão, a influência do judaísmo estava desaparecendo na terra de Israel em
favor do cristianismo, mas se ampliando fora do Império Romano, na Babilônia.
Até o século III as heresias judaizantes estavam quase extintas no
cristianismo. O Concílio
de Niceia proibiu a celebração da Páscoa entre os cristãos.
Após derrotar Licínio, em 323 dC, Constantino mostrou clara preferência
política pelos cristãos. Ele reprimiu o proselitismo judaico, e proibiu os
judeus de circuncidar seus escravos. Os judeus foram impedidos de entrar em
Jerusalém, exceto no Tisha B'Av (dia do aniversário da destruição do Segundo Templo)
e somente depois de pagar um imposto especial (provavelmente o Fiscus Judaicus)
em prata. Ele também promulgou uma lei que condenava à morte na fogueira os
judeus que perseguiram seus apóstatas por apedrejamento. O cristianismo se
tornou a religião oficial do Império Romano (ver cristandade ). "Mal se
armou, [a Igreja] esqueceu seus mais elementares princípios e dirigiu seu braço
secular contra os seus inimigos".
A partir de meados do século 5, o uso da apologética cessou com Cirilo
de Alexandria. Esta forma de antijudaísmo tinha se provado fútil e muitas vezes
servira para fortalecer a fé judaica. Com o cristianismo ascendente no Império,
"os Padres, bispos, e sacerdotes que tinham de lutar contra os judeus
trataram-nos muito mal". Hosius na Espanha; Papa Silvestre I; Eusébio de
Cesaréia; os chamaram de uma seita perversa, perigosa e criminosa." Embora
Gregório de Nissa meramente acusa os judeus como infiéis, outros professores
são mais veementes. Santo Agostinho rotulou os talmudistas de falsificadores;
Santo Ambrósio reciclou um antigo ataque anti-cristão e acusou os judeus de
desprezar o direito romano. São Gerônimo Jerónimo de Strídonafirmava que os judeus eram
possuídos por um espírito impuro. São
Cirilo de Jerusalém afirmou que os patriarcas judeus, ou Nasi, eram uma raça inferior.
Todos estes ataques teológicos se combinaram nos seis sermões de São
João Crisóstomo em Antioquia. Crisóstomo, um arcebispo de Constantinopla, era
muito negativo no seu tratamento do judaísmo, embora muito mais hiperbólica de
expressão. Enquanto o diálogo de Justino é um tratado filosófico, as homilias
contra os judeus de São Crisóstomo são um conjunto mais informal e
retoricamente forte de sermões. Realizados enquanto Crisóstomo ainda era um
sacerdote em Antioquia, suas homilias faziam uma crítica mordaz da vida civil e
religiosa judaica, advertindo os cristãos a evitar qualquer contato com o
judaísmo ou o sinagoga, e manter distância dos festivais da religião rival.
"Há legiões de teólogos, historiadores e escritores que escrevem
sobre os judeus o mesmo que Crisóstomo: Epifânio, Diodoro de Tarso, Teodoro de
Mopsuéstia, Teodoreto de Chipre, Cosmas Indicopleustes, Atanásio, o Sinaíta
entre os gregos; Hilário de Poitiers, Prudêncio, Paulus Orósio, Sulpício
Severo, Gennadius, Venâncio Fortunato, Isidoro de Sevilha, entre os latinos
".
Do século IV a VII, enquanto os bispos se opunham ao judaísmo na
escrita, o Império promulgou uma série de leis civis contra os judeus, por exemplo
proibindo-os de exercer cargo público, e um imposto curial opressivo. Leis
foram promulgadas contra a observância de sua crença; Justiniano chegou ao
ponto de aprovar uma lei contra as orações diárias dos judeus. Tanto os
cristãos e os judeus estavam envolvidos em turbas violentas nos últimos dias do
Império.
O padrão em que os judeus eram relativamente livre em reinos pagãos até
a conversão cristã do regente, como visto com Constantino, se repetiria nas
terras além do Império Romano, agora em colapso. Sigismundo
da Borgonha promulgou leis contra os judeus depois de chegar ao trono após sua
conversão em 514; o mesmo ocorreu com Recaredo I, rei dos visigodos, em 589, o que teria efeito
duradouro quando codificada porRecesvinto no Código Visigótico de Direito. Este
código inspirou os judeus a colaborar com Tárique, muçulmano, em sua derrubada de Rodrigo, e sob os mouros, os judeus recuperaram suas liberdades
religiosas.
Comparação com o anti-semitismo
No livro In Toward a Definition of Antisemitism, o
historiador Gavin I. Langmuir estabeleceu uma
diferenciação entre o antijudaísmo medieval, em que o judeu era detestado pelos
cristãos por seguir um sistema de crenças concorrente, do anti-semitismo
medieval, em que o judeu era visto como uma criatura irreal e demoníaca, um
monstro criado por rumores.
No século
VI, no Reino
Visigótico de Toledo, as injustas coacções e imprudências que foram praticadas contra a
comunidade judaica hispânica para forçá-los a abraçar a fé cristã levou à criação de um "problema
judaico", que muito perturbou a vida desse reino.
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Dimensões históricas e teológicas
A questão de quem é o responsável pela execução de Jesus possui ambos
componentes históricos e teológicos. As fontes primárias para informações
históricas e teológicas incluem a importância evangélica dos eventos que levaram a morte de Jesus.
A questão teológica é compreendida nas escrituras do Novo Testamento tais como asEpístolas
paulinas. As pesquisas históricas, entretanto, são auxiliadas ainda por outras
fontes da antiguidade que explicam o envolvimento político e cultural na vida
de Jesus. Embora os romanos supostamente tivessem o controle da Palestina na
época da Judéia, era a elite judaica que decidia quando as rebeliões
provinciais começavam, e temendo sua própria vida, Poncio Pilatos foi obrigado
a lavar as mãos diante da ânsia popular judaica por destruir o suposto herege
Jesus, que havia dito algo pecaminoso para o Judaísmo; que ele próprio era o
Messias, e portanto para a Aristocracia Religiosa Judaica isto era uma inaceitável
heresia, tal como se fosse mesmo verdade acabaria perdendo espaço e poder para
o suposto profeta. Resultado: Para que os interesses da elite da Judéia fossem
preservados em detrimento de um bode expiatório oriundo do povo comum, Jesus
foi assassinado e assim tanto o Império quanto o Judaísmo saíram ganhando à
curto prazo, porém à longo prazo, o cristianismo martircista iria endeusar o
profeta, destruir Roma e perseguir os judeus de modo "a se vingar" do
ocorrido.
Análises históricas sobre a morte de Jesus geralmente atribuem a
responsabilidade tanto a:
1. liderança Romana na Palestina
2. liderança dos Hebreus na
Palestina
Análises teológicas [Igreja Católica] de quem é responsável pela morte
de Jesus apontam:
1. Toda a humanidade através de
sua pecaminosidade;
2. Deus, por beneficiar as
pessoas em geral;
3. Deus, pelo benefício dos Eleitos em particular.
4. Diabo, foi a primeira profecia
registrada na Bíblia Gênesis 3:15.
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No Brasil, como em vários outros países, a apologia
ao nazismo é capitulada em lei como crime inafiançável.
O nazismo é frequentemente considerado por estudiosos como uma derivação
do fascismo. Mesmo incorporando elementos tanto da direita
política quanto da esquerda
política, o nazismo é considerado de extrema direita. Os nazistas foram um
dos vários grupos históricos que utilizaram o termo nacional-socialismo para
descrever a si mesmos, e na década de 1920, tornaram-se o maior grupo da
Alemanha.
Em resposta à instabilidade criada pela Grande
Depressão, os nazistas procuraram um terceiro jeito de gerenciar a economia do
seu país, sem que tenha ideais comunistas ou capitalistas. O governo nazista
efetivamente acabou em 7 de maio de 1945, no Dia V-E, quando os nazistas
incondicionalmente renderam-se às potências Aliadas, que tomaram a administração
da Alemanha até que o país formasse o seu próprio governo democrático.
O nome do Partido Nazista era "National Sozialistische
Deutsche Arbeiterpartei" (N.S.D.A.P.) ou em português,Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Apesar de o nome
"socialista" ser utilizado, entretanto, sob o nosso atual
entendimento de socialismo, o nazismo é radicalmente antissocialista ou
anticomunista. O termo "National Sozialistische", que em alemão dá
origem a "Nazismo" era utilizado como forma de se contrapor ao
termo comunismo, ou socialismo
internacional no sentido utilizado pelo marxismo. O nazismo pode ser considerado uma forma
extrema de fascismo, muitas vezes chamado de nazifascismo. Os
vários tipos de fascismos se identificam como antissocialistas.
Hitler dizia que o termo "socialista"
era uma palavra de origem alemã, correspondente a um modelo ideal de terras
semicoletivas, semiprivadas que existia entre os antigos povos germânicos do 1º
Reich, e afirmava queKarl
Marx, um judeu, havia "roubado" esta palavra para sua teoria
subversiva, o comunismo. Foi justamente para
diferenciar a sua proposta de novo modelo de sociedade do socialismo primitivo,
que Marx criou o termo comunismo (enquanto estágio pós-socialista). Hitler
defendia o retorno ao "socialismo" germânico do 1º Reich. Assim, na Alemanha, havia uma disputa retórica
e linguístico-formal entre nazistas e comunistas em torno do uso e do
significado do termo "socialismo" na língua alemã.
Quando questionado o porquê de usar a palavra socialismo como
parte do nome de seu partido, Adolf Hitler disse: "Por que eu iria forçar
essas criaturas a se submeterem a uma disciplina rígida, da qual não conseguem
escapar? Eles podem ter tantas terras ou usinas quanto querem, o importante é
que o estado, por intermédio do partido, decida quanto às ações e atitudes,
pouco importando, assim, que sejam proprietários ou operários. Compreendem,
agora, que tudo isso não significa mais nada? Nosso socialismo tem uma forma de
agir mais profunda. Não modifica a ordem das coisas, não faz senão mudar as
relações dos homens com o estado (...) Que significado têm a partir de agora as
expressões 'propriedade' e 'renda'? Por que teremos a necessidade de socializar
os bancos e as usinas? Nós socializamos os homens!"
O sistema totalitário com um partido único e com um único líder foi
definitivamente implantado no verão de 1934, quando Hitler, através de expurgos
sangrentos dentro do partido e das organizações militares do partido, as SA,
conseguiu o apoio total do exército e se nomeou, após a morte do presidente
Hindenburg, chefe do Estado, chanceler, líder do partido e da nação, ditador
único da Alemanha. O Nazismo consistia assim em um movimento que defendia a
superioridade da raça ariana e a doutrina do "espaço vital" nacional
necessário aos alemães. O racismo, no Nazismo alcança um patamar nunca
alcançado na história, torna-se uma Política de Estado para eliminar outros
povos considerados biologicamente inferiores. Isto porque Hitler julga que só a
raça ariana é "depositária do progresso da civilização" e, portanto,
como um povo de senhores, tem de conquistar e submeter as raças inferiores.
Derrota da
Alemanha na Primeira Guerra Mundial e consequências
Nas palavras de Karl Dietrich Bracher, o Nazismo: como
Hitler, foi o produto da Primeira Guerra Mundial, porém, recebeu sua forma e
sua força daqueles problemas básicos da história alemã moderna que
caracterizaram a difícil caminhada do movimento democrático.
Em 1917 a Alemanha havia derrotado a Rússia, que se retira da guerra em meio à Revolução
Bolchevique. Entretanto, o povo alemão também estava insatisfeito com a guerra que
já durava tempo demais e havia consumido vidas demais.
Em 1918 tem início na Alemanha uma série de rebeliões populares, de
trabalhadores e soldados, que, inspirados na Revolução
Russa de 1917, pretendiam derrubar o governo
e acabar com a guerra. Os movimentos mais fortes eram justamente os
socialistas, organizados pelo grupo chamado de Spartakista ou Liga Spartacus, liderados por Rosa Luxemburgo que havia convivido
com Lenin quando este morou na Alemanha. Quase
simultaneamente, estouravam rebeliões de camponeses famintos no sul da Alemanha
e na região da Bavária. Os comunistas quase tomaram o poder em janeiro de 1919.
Entretanto durante todo o período 1917-1919 a ameaça da insurreição era
constante e a elite temia que uma revolução popular pudesse acontecer a
qualquer momento.
Apesar da guerra no front ocidental estar tecnicamente
empatada, a entrada dos Estados Unidos a favor da Inglaterra e da França em
1917, começava a mudar a guerra contra a Alemanha. A elite alemã toma uma
decisão desesperada: aceita um acordo de paz desfavorável para não correr o
risco de ver uma revolução comunista na Alemanha.
Na década
de 1920 os nazistas se levantam como novo bastião contra os socialistas e
se utilizam do discurso anticomunista para conseguir doações dos banqueiros e
industriais alemães para suas campanhas eleitorais. O Partido Nazista tinha
assim dois grandes desafios político-ideológicos: explicar a derrota de um povo
teoricamente superior e ao mesmo tempo conseguir um encontrar um culpado que
não fossem os banqueiros alemães que agora financiavam as campanhas eleitorais
do partido Nazista. Hitler construiu a solução na obra "Minha Luta", que refinou posteriormente em outros
escritos do Partido Nazi. A solução era simples: Hitler argumentou que a
Alemanha havia sido derrotada por uma grande conspiração internacional de judeus.
Hitler criou uma maléfica e terrível conspiração de judeus de diferentes países
(banqueiros judeus na Inglaterra e na França, associados com judeus comunistas
na Rússia), que se uniram para derrotar a Alemanha. Hitler conseguiu com uma só
teoria, explicar a derrota na Primeira Guerra Mundial.
A maior parte dos judeus que tinha condições econômicas suficientes,
deixou a Alemanha quando Hitler tomou o poder em 1933-1934, logo são inciadas
as primeiras perseguições generalizadas de judeus. Entretanto, a maior parte
deles se sentiam mais alemães do que judeus e acreditavam que podiam convencer
o restante da Alemanha disso. E a perseguição começou aos poucos, em 1933-1934,
com a caça aos "judeus comunistas", acusados de provocar o incêndio
no Reichstag. Isto permitiu à Hitler
eliminar o principal partido de oposição (oPartido Comunista Alemão), prender e mandar matar os
líderes sindicais e impor sua ditadura. Na sequência a "depuração" da
sociedade alemã (como os nazistas denominavam este processo de limpeza étnica), continuou com a prisão dos
judeus nos campos de trabalho forçado.
Somando-se os judeus residentes na Alemanha, mais os que residiam nos
países que foram ocupados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial
(Polônia, Tchecoslováquia, Áustria), mais ciganos, homossexuais e um número
incontável de presos políticos, comunistas, anarquistas e sindicalistas em
geral, foram mortos entre 5 e 6 milhões de pessoas, apenas nos Campos de
Concentração.
O Programa
de 25 pontos do NSDAP
O "Programa de 25 pontos", oficialmente "Programa de 25
pontos do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães" (em alemão: Das 25-Punkte-Programm der
Nationalsozialistischen Deutschen Arbeiterpartei) é o nome dado ao programa
político do Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP), tal como foi
proclamado em 24 de fevereiro de 1920, em Munique, por Adolf Hitler. O programa foi aprovado por
uma audiência de 2.000 pessoas (segundo a descrição de Hitler em Mein Kampf) na [[[Hofbräuhaus am Platzl|Hofbräuhaus]], uma das
maiores cervejarias da cidade.
Em 8 de
agosto do mesmo ano, o DAP passou a se chamar Partido Nacional Socialista
dos Trabalhadores Alemães, mantendo o mesmo programa, cujo conteúdo é o
seguinte: "Nós pedimos a constituição de uma Grande Alemanha, que reúna
todos os alemães, baseados no direito à auto-determinação dos povos.
2. Pedimos terras e colônias para
nutrir o nosso povo e reabsorver a nossa população.
3. Só os cidadãos gozam de
direitos cívicos. Para ser cidadão, é necessário ser de sangue alemão. A
confissão religiosa pouco importa. Nenhum judeu, porém, pode ser cidadão.
4. Os não cidadãos só podem viver
na Alemanha como hóspedes, e terão de submeter-se à legislação sobre os
estrangeiros.
5. O direito de fixar a
orientação e as leis do Estado é reservado unicamente aos cidadãos. Por isso
pedimos que todas as funções públicas, seja qual for a sua natureza, não possam
ser exercidas senão por cidadãos. Nós combatemos a prática parlamentar, origem
da corrupção, de atribuição de lugares por
relações de Partido sem importar o caráter ou a capacidade.
6. Pedimos que o Estado se
comprometa a proporcionar meios de vida a todos os cidadãos. Se o país não
puder alimentar toda a população, os não cidadãos devem ser expulsos do Reich.
7. É necessário impedir novas
imigrações de não-alemães. Pedimos que todos os não-alemães estabelecidos no
Reich depois de 2 de
Agosto de 1914, sejam imediatamente
obrigados a deixar o Reich.
8. Todos os cidadãos têm os
mesmos direitos e os mesmos deveres.
9. O primeiro dever do cidadão é
trabalhar, física ou intelectualmente. A atividade do indivíduo não deve
prejudicar os interesses do coletivo, mas integrar-se dentro desta e para bem
de todos. É por isso que pedimos:
10. A supressão do rendimento dos
ociosos e dos que levam uma vida fácil, a supressão da escravidão dojuro.
11. Considerando os enormes
sacrifícios de vidas e de dinheiro que qualquer guerra exige do povo, o enriquecimento pessoal
com a guerra deve ser estigmatizado como um crime contra o povo. Pedimos por isso o confisco
de todos os lucros de guerra, sem exceção.
12. Pedimos a nacionalização de
todas as empresas que atualmente pertencem a trusts.
13. Pedimos uma participação
nos lucros das grandes empresas.
14. Pedimos um aumento substancial
das pensões de reforma.
15. Pedimos a criação e proteção
de uma classe média sã, a entrega imediata das grandes lojas à administração
comunal e o seu aluguer aos pequenos comerciantes a baixo preço. Deve ser dado
prioridade aos pequenos comerciantes e industriais nos fornecimentos ao Estado,
aos Länder ou aos municípios.
16. Pedimos uma reforma agrária
adaptada às nossas necessidades nacionais, a promulgação de uma lei que permite
a expropriação, sem indemnização, de terrenos para fins de utilidade pública –
a supressão de impostos sobre os terrenos e a extinção da especulação
fundiária.
17. Pedimos uma luta sem tréguas
contra todos os que, pelas suas atividades, prejudicam o interesse nacional.
Criminosos de direito comum, traficantes, agiotas, etc., devem ser punidos com
a pena de
morte, sem consideração de credo religioso ou raça.
18. Pedimos que o Direito romano seja substituído por um
direito público alemão, pois o primeiro é servidor de uma concepção
materialista do mundo.
19. A extensão da nossa
infra-estrutura escolar deve permitir a todos os Alemães bem dotados e
trabalhadores o acesso a uma educação
superior, e através dela os lugares de direção. Os programas de todos os
estabelecimentos de ensino devem ser adaptados às necessidades da vida prática.
O espírito nacional deve ser incutido na escola a partir da idade da razão. Pedimos que o
Estado suporte os encargos da instituição superior dos filhos excepcionalmente
dotados de pais pobres, qualquer que seja a sua profissão ou classe social
20. O Estado deve preocupar-se por
melhorar a saúde pública mediante a proteção da mãe e dos filhos, a introdução
de meios idôneos para desenvolver as aptidões físicas pela obrigação legal de
praticardesporto e ginástica, e mediante um apoio poderoso a todas as
associações que tenham por objetivo a educação física da juventude.
21. Pedimos a supressão do
exército de mercenários e a criação de um
exército nacional.
22. Pedimos a luta pela lei contra a mentira política consciente e a sua propagação por meio
da Imprensa. Para que se torne possível a criação de uma
imprensa alemã, pedimos que:
1. Todos os diretores e
colaboradores de jornais em língua alemã sejam cidadãos alemães.
2. A difusão dos jornais
não-alemães seja submetida a autorização expressa. Estes jornais não podem ser
impressos em língua alemã.
3. Seja proibida por lei qualquer
participação financeira ou de qualquer influência de não-alemães em jornais
alemães. Pedimos que qualquer infração estas medidas seja sancionada com o
encerramento das empresas de impressão culpadas, bem como pela expulsão
imediata para fora do Reich os não-alemães responsáveis. Os jornais que forem
contra o interesse público devem ser proibidos. Pedimos que se combata peã lei
um ensino literário e artístico gerador da desagregação da nossa vida nacional;
e o encerramento das organizações que contrariem as medidas anteriores.
23. Pedimos a liberdade no seio do
Estado para todas as confissões religiosas, na medida em que não ponham em
perigo a existência do Estado ou não ofendam o sentimento moral da raça
germânica. O Partido, como tal, defende o ponto de vista de um cristianismo
positivo, sem todavia se ligar a uma confissão precisa. Combate o espírito
judaico-materialista no interior e no exterior e está convencido de que a
restauração duradoura do nosso povo não pode conseguir-se senão partindo do
interior e com base no princípio: o interesse geral sobrepõe-se ao interesse
particular.
24. Para levar tudo isso a bom
termo, pedimos a criação de um poder central forte, a autoridade absoluta do
gabinete político sobre a totalidade do Reich e as suas organizações, a criação de
câmaras profissionais e de organismos municipais encarregados da realização dos
diferentes Länder, de leis e bases promulgadas pelo Reich.
Os dirigentes do Partido prometem envidar todos os seus esforços para a
realização dos pontos antes enumerados, sacrificando, se for preciso, a sua
própria vida.
A essência do Nazismo: totalitarismo e racismo
A essência do fascismo e do nazismo está no totalitarismo, especificamente na
noção de controle totalitário, ou seja, na ideia de que o Estado, e em última
instância o chefe-de-Estado (no caso da Alemanha o Führer), deveria controlar
tudo e todos. Para isso a homogeneização da sociedade é fundamental. As formas
de controle social em regimes totalitários geralmente envolvem o uso e
exacerbação do medo a um grau extremo. Todos
passam a vigiar a todos e todos se sentem vigiados e intimidados. Cada indivíduo
passa a ser "os olhos e ouvidos" doFührer no processo de construção de uma
sociedade totalitária.21 Neste processo de homogeneização
totalitária, os inúmeros festivais, atividades cívicas, com mobilização das
massas nas ruas foram determinantes.
Para controlar tudo e todos, o nazismo instigava e exacerbava ao extremo
o nacionalista, geralmente associado às
rivalidades com outros países suposta ou realmente ameaçadores. A ideia de um
inimigo externo extremamente poderoso é funcional unir a sociedade contra o
"inimigo comum". O medo de um inimigo externo é funcional
para aglutinar socialmente povos que até pouco tempo não se identificavam
enquanto uma só nação, como foram os casos de países unificados apenas no
século XIX (Alemanha e Itália). Como Freud havia demonstrado, a necessidade da
criação artificial da identidade em grupos sociais pode levar à homogeneização
forçada destes, e a existência de membros diferentes no grupo é
desestabilizadora, o que leva o grupo a tentar eliminá-lo.. Tão relevante é
esta explicação para entender o fenômeno do fascismo e do nazismo, que as obras de Freud estiveram entre as primeiras a serem
queimadas nas famosas queimas de livros organizadas pelo Partido Nazista em
1933 e 1934.
Entretanto, era necessário algo mais, além do medo de um inimigo
externo, para conseguir atingir o ultra-nacionalismo e o totalitarismo. Era funcional criar inimigos
internos, sorrateiros, subterrâneos, conspiratórios. Nofascismo, o papel de 'inimigo sorrateiro' é destinado
ao comunismo e aos comunistas como um todo. Já o nazismo acrescenta ao
rol de inimigos - em que já estava incluído o comunismo - algumas minorias
étnico-religiosas: os judeus, em um primeiro momento, e
depois os ciganos e os povos eslavos (já durante a Segunda
Guerra Mundial). A partir disto é que se torna central o segundo pilar do nazismo -
a ideologia da superioridade racial ariana.
O papel da ideologia da superioridade racial no Nazismo (parte 2)
Selo com a estampa de Hitler
Selo que engrandece o trabalhador nazista
Hitler e a obra Mein
Kampf
De acordo com o livro Mein Kampf ("Minha
Luta"); Hitler desenvolveu as suas teorias políticas pela observação
cuidadosa das políticas do Império
Austro-Húngaro. Ele nasceu como cidadão do Império e acreditava que a sua
diversidade étnica e linguística o enfraquecera. Também via a democraciacomo uma força desestabilizadora, porque
colocava o poder nas mãos das minorias étnicas, que tinham incentivo para
enfraquecer e desestabilizar mais o Império, diferentemente da ditadura, que
colocava o poder nas mãos de indivíduos restritos e intelectualmente
favoráveis.
O nazismo defende que uma nação é a máxima criação de uma raça.
Consequentemente, as grandes nações (literalmente, nações grandes) seriam a
criação de grandes raças. A teoria diz que as grandes nações alcançam tal nível
devido seu poderio militar e intelectual e que estes, por sua vez, se originam em
culturas racionais e civilizadas, que, por sua vez ainda, são criadas por raças
com boa saúde natural e traços agressivos, inteligentes e corajosos.
As nações mais fracas seriam então aquelas criadas por raças impuras,
isto é, que não apresentam a totalidade de indivíduos de origem única.
De acordo com os nazistas, um erro óbvio deste tipo é permitir ou
encorajar múltiplas línguas dentro de uma nação. Esta crença é o
motivo pelo qual os nazistas alemães estavam tão preocupados com a unificação
dos territóriosdos povos de língua alemã.
Nações incapazes de defender as suas fronteiras, diziam, seriam a criação de raças fracas
ou escravas. Defendiam eles que as raças escravas
eram menos dignas de existir do que as raças-mestras. Em particular, se uma
raça-mestra necessitar de um Espaço vital (Lebensraum) para
viver, teria ela o direito de tomar o território das raças fracas para si.
Trata-se de uma teoria originalmente concebida pelo geógrafo
alemão Friedrich
Ratzel, que propôs umaAntropogeografia, como um ramo da geografia
humana, como o espaço de vida dos grupamento humanos. Ao sistematizar os
conhecimentos políticos aplicados pela geografia, Ratzel contribuiu
decisivamente para o surgimento da geografia política, que no início do século
XX foi acrescida do termo geopolítica (este cunhado por Rudolf Kjellèn).
Friedrich Ratzel visitou a América
do Norte no início de 1873 e se impressionou com a doutrina do Destino Manifesto nos EUA. Ratzel
simpatizava com os resultados do "Destino Manifesto", mas ele nunca
usou o termo. Em vez disso, ele contou com a Tese da Fronteira de Frederick
Jackson Turner. Ratzel promoveu colônias ultramarinas para a Alemanha, na Ásia e
África, mas não uma expansão em terras eslavas. Depois alguns alemães
reinterpretaram Ratzel para defender o direito do raça alemã de expandir na
Europa, essa noção foi mais tarde incorporada na ideologia nazista. Harriet
Wanklyn argumenta que que os políticos distorceram a teoria de Ratzel para
objetivos políticos.
Raças sem pátria eram, portanto,
consideradas "raças parasíticas". Quanto mais ricos fossem os membros da
"raça parasítica" mais virulento seria o parasitismo. Uma raça-mestra
podia, portanto, de acordo com a doutrina nazista, endireitar-se facilmente
pela eliminação das "raças parasíticas" da sua pátria.
Foi esta a justificativa teórica para a opressão e eliminação dos judeus, ciganos, eslavos e homossexuais, um dever que muitos nazis consideravam
repugnante, tendo eles como prioridade a consolidação do estado ariano.
As religiões que reconhecessem e
ensinassem estas "verdades" eram as religiões "verdadeiras"
ou "mestras" porque criavam liderança por evitarem as "mentiras
reconfortantes". As que pregassem o amor e a tolerância, "em contradição com os fatos", eram chamadas religiões
"escravas" ou "falsas".
Os homens que aceitassem estas "verdades" eram chamados
"líderes naturais"; os que as rejeitassem eram chamados
"escravos naturais". Dizia-se dos escravos, especialmente dos
inteligentes, que embaraçavam os mestres pela promoção de falsas doutrinas
religiosas e políticas.
Apropriações filosóficos de Nietzsche pelo Nazismo
Se bem que a raça fosse um fator crucial na visão do mundo dos nazistas,
as raízes ideológicas do nazismo iam um pouco
mais fundo. Os nazistas procuraram legitimação em obras anteriores,
particularmente numa leitura, por muitos considerada discutível, da tradição
romântica do século
XIX, em
especial do pensamento de Friedrich
Nietzsche sobre o desenvolvimento do homem em direcção ao Übermensch.
No seu livro de 1939, Alemanha:Jekyll
& Hyde, Sebastian
Haffner chama ao Nazismo de "uma primeira (autónoma e nova)
forma de Niilismo radical, que nega
simultaneamente todos os valores, sejam eles valores capitalistas e
burgueses ou sejam eles proletários". É bem verdade que este
ponto de vista acaba por desconsiderar o projecto de crescimento industrial e
de manutenção da ordem social estabelecida, como se percebe na Alemanha sob
poder nazista, e um repúdio seletivo a elementos da "cultura burguesa
tipicamente inglesa", e não apenas burguesa (visto o repúdio aos judeus,
parte visível da burguesia na época).
O nazismo também defendia uma forte intervenção do Estado na economia
para manter o capitalismo e evitar uma crise mais profunda que permitisse a
ascensão dos comunistas como havia acontecido na Rússia em 1917 e quase
aconteceu na Alemanha em 1918. Desta forma, o nazismo pode ser considerado uma
ideologia contrária ao livre mercado e ao liberalismo econômico. É relevante ressaltar que
após a Primeira
Guerra Mundial, mas especialmente após a Crise de 1929 a maior parte dos novos
movimentos políticos assumiram um discurso antiliberal, tanto no plano político
como no econômico, e isto inclui desde grupos conservadores, passando por
grupos moderados e defensores da democracia e da intervenção do Estado na
Economia como keynesianos e social-democratas, até movimentosrevolucionários anticapitalistas socialistas ou comunistas.
Alguns economistas reconhecem que tanto a Alemanha de Hitler, como os
Estados Unidos e a Inglaterra, só se recuperaram economicamente da Crise de 1929 quando implementaram
políticas fortemente intervencionistas, associadas a uma acelerada
militarização da sociedade e da economia. Esta militarização da economia se
traduziu no direcionamento de vários setores da indústria para atender as
enormes encomendas militares, além do fim do desemprego pelo recrutamento de
soldados.
Socialismo e
nazismo
A generalidade da esquerda rejeita que o nazismo tenha sido de fato
socialista, apontando para a existência, ainda antes da tomada do poder por
Hitler, de uma resistência comunista e socialista ao nazismo, para o carácter
internacionalista do socialismo, totalmente oposto à teoria e prática nazista,
e a manutenção, pelos nazistas, de toda a estrutura capitalista da economia
alemã, limitada apenas pelas condicionantes de umaeconomia
de guerra e pela abordagem àquilo a que os nazistas chamavam a questão
judia. Porém esta questão é controversa, com alguns autores a referirem-se ao
nazismo como uma forma de socialismo, apontando para a designação do partido, para
alguma da retórica nazista e para a estatização da sociedade. Ludwig von Misesargumenta, por exemplo:
"O governo diz a estes supostos empreendedores o que e como produzir, a
quais preços e de quem comprar, a quais preços e a quem vender … A autoridade,
não os consumidores, direciona a produção … todos os cidadãos não são nada mais
que funcionários públicos. Isto é socialismo com a aparência externa de
capitalismo". O próprio Hitler chegou a afirmar, em um de seus discursos,
que o nacional-socialismo era socialista não na forma tradicional de
socialismo, mas sim interpretando o socialismo como "exaltação do
social".
O
Anticapitalismo Nazista
Os nazistas acreditam que o capitalismo causava danos às Nações pelo
contrôle das finanças internacionais, o domínio econômico das grandes empresas
e da influência do judeus. Cartazes de propaganda nazista nos bairros de classe
populares exaltavam o anticapitalismo. Em uma delas estava
escrito: Manter um sistema industrial podre não tem nada a ver com
nacionalismo. Eu posso amar a Alemanha e odiar o capitalismo.
Hitler expressava, tanto em público como em privado, um profundo
desprezo para o capitalismo, acusando-o de tomar reféns as Nações para
beneficiar os interesses de uma classe rentista de "parasitas
cosmopolitas". Ele era contra a economia
de mercado e a busca desenfreada do lucro, e queria uma economia que
respeitasse o interesse público. Ele não confiava no capitalismo por causa de
sua natureza egoísta, e ele preferiu umaeconomia
planificada sujeito aos interesses do povo. Hitler declarou em 1934, em
um quadro do partido que "o sistema econômico contemporâneo fora a criação
pelos judeus".
Hitler confidenciou um dia para Benito Mussolini que "o capitalismo
tem [tinha] passado o seu tempo". Hitler também acreditava que
a classe empresarial "não queria outra coisa que não sejam lucros e a
Patria não significava nada para eles". Hitler considerava
Napoleão como um modelo para o seu comportamento anti-conservador,
anti-capitalista e anti-burgues.
Em seu Mein
Kampf, Hitler mostra o seu compromisso com o mercantilismo, ele acreditava que os
recursos económicos ligados a um território tinham que ser requisitado pela
força. Ele acreditava na aplicação do conceito de espaço vital para trazer estes
territórios valioso para a economia alemã. Ele pensava que a única maneira de
manter a segurança econômica era ter controle direto sobre recursos, em vez de
depender de comércio internacional. Ele afirmou que a guerra era a única
maneira para ganhar esses recursos e o única modo de derrotar o sistema
econômico capitalista em declínio. Um número de nazistas tinham profundas
convicções socialistas e anti-capitalistas, em, particular, Ernst Röhm, o líder da Sturmabteilung (SA). Röhm alegou que os
nazistas chegaram ao poder constituíndo uma revolução nacional, mas ele
declarou enfaticamente que uma "segunda revolução socialista" era necessária para a ideologia nazista
fosse completada. Outra nazista de alta patente, o ministro da Propaganda Joseph Goebbels, afirmou categoricamente o
caráter socialista do nazismo, ao escrever em seu diário que se ele tinha que
escolher entre obolchevismo e o capitalismo,
"seria melhor para nós para ir para baixo com o bolchevismo do que viver
na escravidão eterna do capitalismo.
A política
econômica
A teoria
econômica nazista preocupou-se com os assuntos domésticos imediatos e, em
separado, com as concepções ideológicas da economia internacional.
A política econômica doméstica concentrou-se em três objetivos
principais:
eliminação do desemprego
eliminação da hiperinflação
Todos estes objetivos pretendiam contrariar aquilo que era visto como os
defeitos da República
de Weimar e para solidificar o apoio doméstico ao partido. Nisto, os
nazistas foram bastante bem sucedidos. Entre 1933 e1936 o PIB alemão cresceu a uma
taxa média anual de 9,5%, e a taxa de crescimento da indústria foi de 17,2%.
Alguns economistas defendem que a expansão da economia alemã nesse período não
foi resultado da ação do partido nazista, mas sim uma consequência das
políticas econômicas dos últimos anos da República de Weimar que começaram
então a ter efeito. Tal ponto de vista é contestado visto que pouquíssimo se
fez para a manutenção da economia, chegando Hugenberg a afirmar que a política
ao seu alcance era uma política que não pretende lutar contra a miséria, mas
aprender a conviver lado-a-lado com ela.
Vale ainda ressaltar que não existem dúvidas se a economia realmente
cresceu ou se só se recuperou dadepressão, visto que apesar de os salários na Alemanha nazista de 1939 serem um pouco
menores do que os salários na Alemanha de 1929, a inflação controlada
proporcionou um aumento incrível no valor da moeda, o que significa que um
marco de 1929 valia muito menos do que um marco de 1939.
Esta expansão empurrou a economia alemã para fora de uma profunda depressão e para o pleno emprego
em menos de quatro anos. O consumo público durante o mesmo período aumentou
18,7%, enquanto que o consumo privado aumentou 3,6% anualmente. No entanto, e
uma vez que a produção era mais consumidora do queprodutora (a
elaboração de projetos de trabalho, a expansão da máquina de guerra, a
iniciação do recrutamento para tirar homens em idade produtiva do mercado
de trabalho), as pressões inflacionárias reapareceram, se bem que não chegassem a
um nível comparável ao da República de Weimar. Estas pressões econômicas,
combinadas com a máquina de guerra azeitada durante a expansão (e as
concomitantes pressões para o seu uso), levou alguns comentadores à conclusão
de que bastavam essas razões para tornar uma guerra europeia inevitável. Dito
de outra forma, sem uma nova guerra europeia, que suportasse esta política
econômica consumista e inflacionária, o programa econômico doméstico nazista
era insustentável. Isto não significa que as considerações políticas
não tivessem tido maior peso no desencadear da Segunda Guerra Mundial.
Significa apenas que a economia foi e continua a ser um dos principais fatores
de motivação para que qualquersociedade vá para a guerra.
O partido nazista acreditava que uma cabala da banca internacional tinha estado por
trás da depressão global dos anos 1930. O controle desta cabala foi identificado com
os judeus, o que forneceu outra ligação à sua motivação ideológica para o holocausto. De uma maneira geral, a existência de grandes
organizações internacionais da banca e de banca mercantil era bem conhecida ao
tempo. Muitas dessas instituições bancárias eram capazes de exercer pressões
sobre os estados-nações através da extensão ou da retenção de créditos. Esta influência não se limita aos pequenos
estados que precederam a criação do Império
Alemão enquanto estado-nação na década de 1870, mas surge nas histórias de
todas as potências europeias desde 1500. Na realidade, algumas corporações trans-nacionais do período entre
1500 e 1800 (a Companhia Holandesa das Índias Orientais é um bom exemplo) foram
criadas especificamente para entrar em guerras no lugar dos governos e não o
inverso.
Usando mais nomenclatura moderna, ainda que fazê-lo possa ser algo
discutível, é possível dizer que o partido nazista estava contra o poder das
corporações trans-nacionais, que considerava excessivo em relação ao dos
estados-nação. Embora por motivos por vezes opostos, esta posição
anticorporativa é partilhada por muitas forças políticas desde a esquerda e
centro-esquerda, até a extrema-direita.
É importante fazer notar que a concepção nazista da economia internacional era
muito limitada. A principal motivação do partido era incorporar no Reich
recursos que anteriormente não faziam parte dele, pela força e não através
do comércio. Isto fez da teoria económica
internacional um fator de suporte da ideologia política em vez de uma trave mestra da plataforma
política, como acontece na maioria dos partidos
políticos modernos.
Do ponto de vista econômico, o nazismo e o fascismo estão relacionados. O nazismo pode ser
encarado como um subconjunto do fascismo - todos os nazistas são fascistas mas
nem todos os fascistas são nazistas. O nazismo partilha muitas características
econômicas com o fascismo, com o controle governamental da finança e do investimento (através da atribuição
de créditos), da indústria e da agricultura, ao mesmo tempo que o poder corporativo e
sistemas baseados no mercado para criar os preços se mantinham. Citando Benito Mussolini: "O fascismo devia ser
chamado corporativismo, porque é uma fusão do Estado
e do poder corporativo."
Em vez de ser o estado a requerer bens das empresas industriais e a
colocar nelas as matérias-primas necessárias à produção (como em sistemas socialistas/comunistas),
o estado pagava por esses bens. Isto permitia que o preço desempenhasse um
papel essencial no fornecimento de informação sobre a escassez dos materiais,
ou nas principais necessidades em tecnologia e mão-de-obra (incluindo a educação de
mão-de-obra qualificada) para a produção de bens. Além disso, o papel que
os sindicatos deviam desempenhar nas
relações de trabalho nas empresas era outro ponto de contacto entre fascismo e
nazismo. Tanto o partido nazista alemão como o partido
fascista italiano tiveram inícios ligados ao sindicalismo, e encaravam o controle
estatal como forma de eliminar o conflito nas relações laborais.
De acordo com Bertrand Russell, o nazismo provém de uma
tradição diferente quer do capitalismo liberal quer docomunismo. E por isso, para entender os valores do
nazismo, é necessário explorar esta ligação, sem trivializar o movimento tal
como ele era no seu auge, nos anos 1930, e o descartar como pouco mais que racismo.
Muitos historiadores dizem que o elemento anti-semítico, que também
existe nos movimentos-irmãos do nazismo, os fascismos de Itália e Espanha (mesmo que em formas e medidas
diferentes), foi adaptado por Hitler para obter popularidade para o seu
movimento. O preconceito anti-semita era muito comum no mundo ocidental. Por
isso, diz-se que a aceitação das massas dependia do anti-semitismo e da
exaltação do orgulho alemão, ferido com a derrota na Primeira
Guerra Mundial.
O historiador e escritor Joachim Fest vai além, mostrando que
o anti-semitismo é fruto não de doutrinas atuais, mas sim de tempos remotos. De
fato, traços anti-semíticos são observados desde o Império Romano.
Estas teorias foram utilizadas para justificar uma agenda política totalitária de ódio racial e de supressão da dissidência com o uso de todos os meios do estado.
Como outros regimes fascistas, o regime nazista punha ênfase noanticomunismo e no princípio
do líder (Führerprinzip). Este é um princípio-chave na
ideologia fascista, segundo o qual se considera o líder como a corporização do
movimento e da nação. Ao contrário de outras ideologias fascistas, o nazismo
era virulentamente racista. Algumas das manifestações do
racismo nazista foram:
Nacionalismo
étnico, incluindo a noção dos alemães como o Herrenvolk("raça-mestra")
e o Übermensch ("super-homem");
Uma crença na necessidade de purificar a "raça alemã" através
daeugenia, que culminou na eutanásia não-voluntária de pessoas diminuídas.
O anticlericalismo faz parte da ideologia
nazista, o que é mais um ponto de divergência com outros fascismos.
Talvez o efeito intelectual mais importante do nazismo tenha sido o
descrédito, durante pelo menos duasgerações, das tentativas de utilizar a sociobiologia para explicar ou
influenciar assuntos sociais.
Depois da guerra, muitos nazis de primeiro plano foram condenados por
crimes de guerra e contra a humanidade no Julgamento
de Nuremberg.
O símbolo nazista é a suástica orientada no sentido dos ponteiros
do relógio, sendo desenhada em um plano
5x5.
Estado deplorável de Judeus e outros contrários ao nazismo, no final da
guerra. Campo
de concentração de Buchenwald
As relações iniciais entre o nazismo e o cristianismo podem ser descritas como
complexas e controversas. Nas igrejas protestantes a revolução nazista foi no
início acolhida com "benévola simpatia".Tendo o nazismo procurado identificar-se
com o patriotismo alemão, algumas personalidades protestantes, como o Dr. Martin
Niemöller, votaram inicialmente a favor dos nacionais socialistas. Em julho
de 1933, os representantes das igrejas
protestantes alemães escreveram uma constituição para a criação de umaIgreja do Reich, criada a partir da fusão das
28 igrejas
luteranas e reformistas alemães, que englobavam em torno de 48 milhões de adeptos, e era
considerada a "igreja oficial" do regime.
Desde o início, foi diferente a atitude dos católicos, alarmados pelo
conteúdo racista dos livros "Minha Luta" de Adolf Hitler e
"O Mito do Século XX" de Alfred Rosenberg. Nesses livros, os
arianos surgem como os elementos superiores da humanidade, defendendo-se a
pureza racial ariana como a primeira necessidade dos alemães. Contrapunham os
católicos que a destruição de barreiras entre judeus e gentílicos pertence à
própria essência do Evangelho e que o racismo não tem cabimento na igreja
cristã. Quando Hitler aceitou uma Concordata com o Vaticano, houve alguns católicos que
ainda hesitaram. Os três inimigos mortais da Alemanha, tal como os nazistas
afirmavam na sua propaganda interna, eram porém claramente identificados:
marxismo, judaísmo, e cristianismo. A "incompatibilidade fundamental do
nacional-socialismo com a religião cristã era manifesta",passando todos os
cristãos, tanto protestantes como católicos, ao ataque sistemático ao nazismo.
Apesar disso, as relações do Partido Nazista com a Igreja
Católica tem sido apresentada por alguns autores[carece de fontes] como controversa.
Argumentam não saber se Hitler se considerava, ou não, cristão, e que a
hierarquia da Igreja, representada pelo Papa Pio XI, se teria mantido basicamente silenciosa. A
existência de um Ministério de Assuntos da Igreja, instituído em 1935 e liderado por Hanns
Kerrl, teria sido quase ignorada por ideólogos como Alfred Rosenberg e por outros decisores
políticos.
Hitler e os outros líderes nazistas procuraram utilizar o simbolismo e a emoção cristã para propaganda junto do
público alemão, esmagadoramente cristão. Enquanto que autores
não-cristãos puseram ênfase na utilização externa da doutrina cristã, sem dar importância ao que poderia
ter sido a mitologia interna do partido, os
cristãos, baseando-se nos livros dos chefes nazis, e nos folhetos de propaganda
que estes lançavam contra o cristianismo, tipificaram Hitler como ateu ou ocultista — ou mesmo um satanista.
Declarações públicas e oficiais produzidas por autoridades católicas
sobre o nazismo, existem pelo menos desde o ano de 1930, bem antes da chegada
de Hitler ao poder, quando o Ordinário de Mogúncia, em nome do seu bispo,
declarou: "O que acabamos de dizer (sobre o nazismo), responde às três
perguntas que nos foram postas: a) Pode um católico ser membro do partido
hitleriano? b) Está um sacerdote católico autorizado a consentir que os adeptos
desse partido tomem parte em cerimónias eclesiásticas, incluindo funerais? c)
Pode um católico fiel aos princípios do partido ser abrangido pelos
sacramentos? Devemos responder "Não" a tais perguntas" O
Papa Pio XI sabia do que se passava na Alemanha e escreveu vários documentos
condenando o nazismo, com destaque para a encíclica de condenação do Nazismo
- Mit brennender sorge ("Com viva preocupação").
Muitos padres e líderes católicos
opuseram-se com todo o vigor ao nazismo, dizendo que ele era incompatível com a
moral e a fé cristã. Tal como aconteceu com muitos opositores políticos, muitos
destes padres foram condenados aos campos
de concentração pela sua oposição. O próprio Dr. Martin
Niemöller, que a princípio lhes dera apoio, foi enviado para Dachau. O ano de
1938 ficou assinalado pela anexação da Áustria, imediatamente seguida pelo
assalto aos bens e à influência da Igreja; os cardeais Innitzer e Faulhaber, bem como o arcebispo Grober
e o bispo Sproll foram vítimas de violências organizadas pelas "kochende Volksseele".
No mesmo ano de 1938, o neo-paganismo romântico gerado pela acção dos
responsáveis e órgãos nazis, vai entrar abertamente em ruptura com as igrejas
cristãs, protestantes e católica.
Nazismo e
Paganismo
Foi por intermédio do nazismo que se deu no século XX a mais importante
manifestação do paganismo. Uma denuncia da componente pagã do nazismo surgiu
nos Estados
Unidos, em 1934, logo após a vitória eleitoral e a subida ao poder de Adolf
Hitler, como o livro "Nazismo: um assalto à civilização". Nesse
livro se chamava a atenção para algo que se considerava inquietante: no dia 30
de Julho de 1933 mais de cem mil nazistas tinham-se reunido em Eisenach para
declarar querer tornar "a origem germânica a realidade divina",
restaurando Odin,Baldur, Freia, e os outros deuses teutónicos nos altares da
Alemanha - Wotan deveria estar no lugar
de Deus, Siegfried no lugar de Cristo.
Durante o ano de 1936, os líderes nazis começam a abandonar a
"cristandade alemã" ou o que também se designava por "cristianismo
positivo". É então que Goebbels apresenta o Nazismo como se fosse uma
religião a ser respeitada - havia uma nova fé alemã a defender. Enquanto von
Schirach tentava imbuir na Juventude Hitleriana a admiração pelas antigas
tribos pagãs, o Movimento da Fé Germânica (Deutsche Glaubensbewegung,
DGB) fazia o grosso da propaganda. O DGB tinha como profeta Jakob
Wilhelm Hauer(1881-1962), professor de Teologia em Tübingen, que pregava a ideia
de uma fé ariana dos alemães. No livroDeutsche Gottschau, Hauer defendia
que a história da Alemanha era mais do que mera sequência de factos, havendo na
sua base uma Divindade que encarnava o espírito da raça ariana.
A Páscoa de 1936 já foi preparada na Alemanha como se um grande festival
pagão se tratasse. As livrarias encheram-se de literatura pagã, e a bandeira
azul com o disco solar dourado do "Movimento da Fé Germânica" (DGB)
chegou às mais recônditas zonas rurais. Uma grande manifestação foi organizada
em Burg Hunxe, na Renânia. Em 1937, o Papa Pio XI publica uma Carta Encíclica de condenação
do Nazismo - Mit brennender sorge ("Com viva
preocupação"), onde diz: Damos graças, veneráveis irmãos, a
vós, aos vossos sacerdotes e a todos os fieis que, defendendo os direitos da
Divina Majestade contra um provocador neopaganismo, apoiado, desgraçadamente
com frequência, por personalidades influentes, haveis cumprido e cumpris o
vosso dever de cristãos.
No Congresso de Nuremberg, em 1937, revivia entre os nazistas o
paganismo ancestral do povo ariano, surgindo um místico laicismo como um dos
tópicos centrais em discussão: para que a Alemanha voltasse à sua antiga fé,
não bastava a separação da Igreja e do Estado; as Igrejas cristãs teriam que
ser destruídas, e o Estado transformado numa nova Igreja; impunha-se uma nova
religião Nacional.
O ano de 1938 veio a revelar-se como
um dos pontos altos de manifestação dessa nova religião pagã. No festival nórdico do Solestício de Verão, Julius Streicher, director do Strümer e
amigo pessoal de Hitler, perante uma enorme multidão
de alemães reunidos em Hesselberg (montanha a qual o
Fuhrer declarou sagrada), ao lado de uma grande fogueira simbólica, disse:
"Se olharmos para as chamas deste fogo sagrado e nelas lançarmos os nossos pecados, poderemos baixar desta montanha com as nossas almas limpas. Não precisamos nem depadres nem de pastores".
Mais tarde, ao estudar o fenómeno totalitário, o filósofo Herbert Marcuse identifica na ideologia
do nazismo várias camadas sobrepostas, considerando precisamente o paganismo, a
par do misticismo, racismo ebiologismo, uma das componentes
essenciais da sua "camada mitológica". A perspectiva de Marcuse
foi partilhada pela "Escola
de Frankfurt", especialmente por Max Horkheimer e Erich Fromm. Segundo Paul Tillich, no paganismo do nazismo
estava o elemento essencial que explicava o seu anti-semitismo, no enfoque
colocado nos "laços de sangue arianos". Para Emmanuel Levinas, o Nazismo apresentava uma
forma de religiosidade pagã que se opunha a toda uma civilização
monoteísta.
Vítimas
religiosas
Corpos de
prisioneiros dos nazistas encontrados pelas tropas americanas em Weimar,Alemanha
Chama-se a atenção também para o facto de as Testemunhas
de Jeová terem sido vítimas por opção. "A guerra nazista contra os judeus
visava à sua aniquilação e os deixou com poucas opções para escapar",
explicou o Dr. Abraham J. Peck, Diretor Executivo do Museu do Holocausto
de Houston,Texas, EUA. "A perseguição nazista contra as
Testemunhas de Jeová visava a erradicação da religião. Por conseguinte, as Testemunhas de Jeová
recebiam dos nazistas a oferta de liberdade, caso renunciassem à sua fé. A maioria das Testemunhas preferiu sofrer e enfrentar a morte junto
com as outras vítimas do nazismo a apoiar a ideologia nazista de ódio e violência." Como
judeu polonês, o Dr. Ben Abraham, agora Vice-presidente daAssociação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo, passou cinco anos e meio em
campos de concentração onde conheceu pessoalmente várias Testemunhas de Jeová.
Ele disse: "A diferença entre as Testemunhas e todos os outros
prisioneiros é que, se renunciassem à sua fé e se comprometessem a denunciar os
outros que praticavam a mesma crença, seriam soltas na hora. Mas preferiam
permanecer presas a renunciar à fé."
O termo "nazismo" é frequentemente - mas incorretamente -
usado como sinônimo de "fascismo". Ao passo que o nazismo incorporou
elementos estilísticos do fascismo, as semelhanças principais entre os dois
foram a ditadura, o irredentismo territorial e a teoria
econômica básica. Por exemplo, Benito Mussolini, o fundador do fascismo, não
adaptou o anti-semitismo até se ter aliado a Hitler, enquanto que o nazismo foi
explicitamente racista desde o início. O ditador espanhol Francisco Franco, frequentemente chamado
fascista, poderá talvez ser descrito como um monárquico católico reacionário
que adotou pouco do fascismo para além do estilo.
Para o fim do século XX, surgiram movimentos neonazistas em vários países, incluindo os Estados Unidos e várias nações
europeias. O neonazismo inclui qualquer grupo ou organização
que exibe uma ligação ideológica com o nazismo. É frequentemente associado à
subcultura juvenil skinhead, apesar de nem todos membros
desta cultura estarem ligados à ideologia nazista. Alguns partidos políticos da
orla do espectro como, nos EUA, oPartido Verde Nacional Socialista Libertário (LNSGP, ou Libertarian
National Socialist Green Party), adotaram ideias nazistas.
Motivos da ascensão do nacional-socialismo
Estes fatores podem ter tido a ver com:
A falta de orientação em muitas pessoas depois da queda da monarquia em muitos países europeus;
A influência das comunidades de língua alemã;
As dificuldades das classes trabalhadores e a crise econômica.
O termo "nazista" na cultura popular
As atrocidades cometidas pelo regime nazista e a sua ideologia extremista tornaram o nazismo tão digno de nota na
linguagem popular como na história. O termo "nazista" (no português
do Brasil) ou "nazi" (no português europeu), é frequentemente
utilizado para descrever grupos de pessoas que tentam impor soluções impopulares
ou extremistas à população em geral, ou que cometem crimes e outros tipos de violações sobre
terceiros sem mostrar remorso. Israel é um alvo comum e extremamente controverso
do termo "nazista", quando aplicado ao modo que os judeus tratam
os palestinianos.
Alguns dos usos do termo que se vêem na cultura popular são extremamente
ofensivos. Frases como "nazista dosoftware livre" ou "feminazi" são dois exemplos de
usos particularmente objetáveis. Mesmo muitos dos que mais fortemente se opõem
ao movimento do Software Livre não gostam do que encaram como a trivialização
dos nazistas.
O termo, usado tão frequentemente que inspirou a "lei de Godwin" que diz que "com o
prolongamento de uma discussão online, a probabilidade de surgir uma comparação
envolvendo os nazistas ou Hitler aproxima-se de um". Talvez esteja a
acontecer o mesmo que com outras palavras ofensivas e a comunidade esteja a
reclamar o termo.
Antissemitismo
mancha imagem do reformador Martinho Lutero
Nos
preparativos para os 500 anos da Reforma, a Igreja Evangélica da Alemanha se vê
confrontada com as declarações contra os judeus feitas pelo reformador Martinho
Lutero. E opta por não esconder esse lado sombrio.
Tolerância é o tema
central da Igreja Evangélica da Alemanha (EKD, na sigla em alemão) ao longo
deste ano e um dos principais temas a serem abordados pela igreja até 2017,
quando se celebram os 500 anos da Reforma Protestante.
Mas, apesar dessa
ênfase, o iniciador da Reforma, o alemão Martinho Lutero, demonstrou forte
oposição à religião judaica, especialmente alguns anos antes de sua morte, em
1546.
Naquela época, Lutero
chegou a pedir que ateassem fogo às sinagogas e escolas judaicas, além de
afirmar que os judeus deveriam ter as casas destruídas, assim como os bens e
livros religiosos apreendidos.
A teóloga Margot
Kässmann, ex-presidente do Conselho da EKD, foi a mais recente especialista a
apontar a contradição entre as raízes históricas e o posicionamento atual da
Igreja Evangélica, cujo marco inicial são as 95 teses que – diz a lenda –
Lutero afixou na parede da Igreja do Castelo de Wittenberg em 1517. Nos
escritos, ele propunha uma reforma no catolicismo romano.
Kässmann escreveu um
artigo no jornal alemão Frankfurter
Allgemeine Zeitung, no qual disse que, com idade mais avançada, Lutero foi
"um exemplo assustador do cristianismo antijudaico". A teóloga ainda
enfatizou que a comemoração do aniversário da Reforma deve citar as suas
conquistas sem ignorar esse lado sombrio.
Decepcionado com os
judeus
Kässmann
apontou contradição em artigo para um jornal
O reformista não foi
sempre contra a religião judaica. De acordo com o historiador holandês Herman
Johan Selderhuis, Lutero esperava que os judeus se convertessem ao cristianismo
– o que não aconteceu. Para Selderhuis, a decepção foi um dos motivos para que
Lutero começasse a hostilizar os judeus.
Mas ele não era o
único a pregar o antijudaísmo. Também outros teólogos reformadores, bem como
representantes da Igreja Católica e humanistas famosos, como Erasmo de Roterdã,
ofendiam a religião judaica. Em entrevista à DW, Selderhuis afirma que Erasmo
de Roterdã elogiava a França porque lá havia poucos judeus.
A convocação de
Lutero para incendiar as sinagogas não surtiu efeito no século 16. Em 1938, no
entanto, os nazistas adotaram a parte dos escritos de Lutero que era hostil aos
judeus. Postas em perspectiva, as palavras do reformista ajudavam a justificar
o que ficou conhecido como "Noite dos Cristais" (ou Reichskristallnacht)
– quando inúmeras sinagogas foram incendiadas.
O historiador
adverte, porém, que Lutero não pode ser visto como um dos responsáveis pelo
assassinato de milhões de judeus durante o Holocausto. "É claro que, na
década de 30, foi muito fácil usar o que Lutero disse e escreveu como
propaganda antissemita", comenta Selderhuis, que é protestante. Ele
explica que é importante distinguir entre o antijudaismo de fundo religioso de
Lutero e a ideologia racista antissemita. "O antissemitismo é sobre ser
contra o judeu como pessoa, contra a sua origem e a sua existência como
judeu."
As declarações de
Lutero voltavam-se contra a fé dos judeus. "Ele é contra a religião
judaica e a recusa dos judeus de se aproximar de Cristo", aponta
Selderhuis. De acordo com ele, nas palavras de Lutero não há nada que mencione
a ideia de eliminar um povo inteiro.
Também Kässmann
salienta que Lutero não poderia prever que suas palavras seriam usadas pelos
nazistas, séculos depois.
"Sobre
os judeus e suas mentiras": capa do livro de Lutero (1543)
Polêmica ainda viva
Até hoje, as
declarações de Lutero sobre os judeus provocam reações diversas. O artigo de
Kässmann, embaixadora das celebrações dos 500 anos da Reforma Protestante
marcadas para 2017, foi muito comentado no site do jornal Frankfurter
Allgemeine Zeitung.
Alguns minimizam a
polêmica ou defendem Lutero, situando as colocações do reformador no contexto
social do século 16. Outros dizem não compreender como a EKD pode ter um
inimigo dos judeus como pilar. Um leitor escreveu que uma pessoa como Lutero
não serve como fundador de uma igreja cristã que propaga o amor ao próximo.
Também Kässmann vê
duas linhas nas críticas ao seu artigo. "De um lado, há aqueles que
defendem que o caráter evangelista, o protestantismo de Lutero deve ser posto
em primeiro plano", explica.
Mas outros se mostram
decepcionados com a faceta sombria de Lutero. Ele seria não apenas um inimigo
dos judeus, mas também dos turcos. Os xingamentos de Lutero contra a Igreja
Católica dificultariam os avanços no ecumenismo. Os seguidores dessa posição
defendem que a Igreja Evangélica se distancie de Lutero e dê o menor destaque
possível às suas ideias sobre os judeus.
Para a ex-presidente
do Conselho da EKD, o mais difícil é encontrar uma maneira de deixar claro que
não se trata de celebrar um jubileu exclusivamente alemão e de Lutero, mas de
um jubileu internacional e ecumênico da Reforma.
A teóloga ainda enfatiza
que é sempre melhor reconhecer os erros do passado. E que, hoje, a Igreja
Evangélica prega que um ataque aos judeus é também um ataque aos
protestantes.
DW.DE