O Nome do
Salvador
26/08/2013
21:00
O NOME DO SALVADOR
Por Tsadok
Ben Derech
I - O NOME
DO SALVADOR
Atualmente,
muitos cristãos chamam o Mashiach (Messias) de JESUS. Tal nome decorreu de
um longo processo de transliteração (e não tradução), objetivando-se adaptar o
nome do Salvador às línguas de outros países. Contudo, o Mashiach é judeu e
possui um nome em hebraico: YESHUA (lê-se como “Ieshúa”, sendo que o
“sh” possui o som da letra “x” - xis).
Em hebraico, YESHUA significa
“YHWH é a salvação”, “YHWH salva” ou simplesmente “salvação”.
O nome do
Salvador não foi escolhido pelos pais do Mashiach (Messias), mas sim pelo
próprio YHWH, que enviou um anjo para anunciá-lo a Yosef (José):
“Yosef
[José], filho de David, não tenha medo de receber Miryam [Maria] em sua casa
como mulher, pois o que foi gerado nela procede da Ruach HaKodesh [espírito de
santidade ou Espírito Santo]. Ela dará à luz um filho, e você lhe chamará YESHUA,
porque ele salvará seu povo dos pecados dele.” (Matityahu/Mateus 1:20-21).
Ora, se
Yeshua significa “YHWH é a salvação”, façamos uma releitura do versículo para
entendermos qual foi a mensagem transmitida pelo anjo:
“Ela dará à
luz um filho, e você lhe chamará YESHUA [YHWH é a salvação], porque ele YUSHÍA
[salvará] seu povo dos pecados dele.” (Matityahu/Mateus 1:21).
Verifique o
jogo de palavras típico da literatura hebraica: o nome do Messias será YESHUA porque
ele YUSHÍA (salvará). Diferentemente da cultura ocidental, em que os
pais atribuem aos filhos nomes desprovidos de significado, na cultura semita o
nome revela o próprio caráter da pessoa. Daí, o Mashiach recebeu um
nome especial que retrata seu caráter e sua própria missão: salvar o povo do
ETERNO de seus pecados.
Cumpre
destacar que o anjo nunca poderia ter falado “JESUS”, visto que a letra “j”
(jota) não existe em hebraico e nem em aramaico, línguas faladas por Yeshua e
por seus pais. Também não existe “j” (jota) em grego ou em latim. Somente veio
a ser criada a letra “j” por volta de 500 anos atrás. Ou seja, antes do século
XVI, nenhum cristão chamava o Salvador de “Jesus”, uma vez que não se
pronunciava o som da letra jota.
Não estamos,
com isso, querendo desmerecer o nome “JESUS”. Não! Muitas pessoas no mundo
inteiro podem ser alcançadas por meio do nome de “Jesus” e obter a salvação,
como de fato se tem visto há tempos. Respeitamos aqueles que adotam o nome
“Jesus”, que já se tornou consagrado nos últimos séculos, porém, preferimos
utilizar o nome verdadeiro em hebraico: YESHUA.
Mais
importante do que o nome (YESHUA ou JESUS) é a existência de um relacionamento
pessoal, sincero e verdadeiro com o Salvador, obedecendo aos mandamentos da
Torá. Afinal, ensinou o Mashiach:
“Se vocês me
amam, guardarão meus mandamentos.” (Yochanan/João 14:15).
Existem
pessoas que usam o nome JESUS e obedecem aos mandamentos, enquanto existem
pessoas que usam o verdadeiro nome (YESHUA) e são desobedientes. Logo, a
salvação não está ligada a conhecer o nome verdadeiro, mas sim à obediência aos
mandamentos da Torá. É importante dizer isto porque muitos grupos de judeus
messiânicos fanáticos têm divulgado a seguinte heresia: “quem pronuncia o nome
YESHUA é salvo; quem chama o Salvador de JESUS está condenado”. Ora, a salvação
não vem por meio da pronúncia do nome em hebraico, mas sim pelo “novo
nascimento”, conforme ensinou o Mashiach em Yochanan guímel (João, capítulo 3).
Por
conseguinte, respeitamos o nome JESUS, mas preferimos usar o verdadeiro nome
dado por um anjo de YHWH: YESHUA.
II - YESHUA,
YESHU, YAHUSHUA, YAOHUSHUA, YEHOSHUA OU YAHSHUA?
QUAL O
VERDADEIRO NOME?
Atualmente,
têm surgido muito grupos que afirmam que YESHUA não é o nome do Mashiach, e daí
cada facção afirma que descobriu o “verdadeiro” nome, existindo uma gama de
nomes supostamente verídicos:
a)
Yehoshua;
b)
Yahshua;
c)
Yahushua;
d)
Yahusha;
e)
Yaohushua;
f)
Yeshu;
g)
etc.
Para nós,
não basta inventar o nome do Salvador, visto que a imaginação humana pode criar
dezenas de milhares de nomes. Faz-se mister provar qual é o verdadeiro nome. Os
fanáticos que engendram miríade de nomes falam, divagam e expõem teorias
conspiratórias, porém, nada provam.
Iremos, aqui
e agora, provar e comprovar o verdadeiro nome do Mashiach à luz de elementos
objetivos e científicos, e não de fábulas humanas.
A melhor
forma de se descobrir o nome do Salvador é compulsar os manuscritos semitas,
escritos em hebraico e em aramaico, da B’rit Chadashá (Aliança Renovada/“Novo
Testamento”). Optamos por utilizar os textos em hebraico e em aramaico porque
estas eram as línguas faladas por Yeshua e por seus discípulos, como afirmam as
próprias Escrituras.
Em relação
ao hebraico, citam-se as seguintes passagens:
“Obtida a
permissão, Sha’ul [Paulo], em pé na escada, fez com a mão sinal ao povo. Fez-se
grande silêncio, e ele falou em língua hebraica, dizendo:” (Ma’assei
Sh’lichim/Atos 21:40).
“Quando
ouviram que [Sha’ul/Paulo] lhes falava em língua hebraica, guardaram ainda
maior silêncio. E continuou:” (Ma’assei Sh’1ichim/Atos 22:2).
Quando
Yeshua se revelou a Sha’ul (Paulo) na estrada de Dammesek (Damasco),
dirigiu-lhe a palavra em hebraico:
“E, caindo
todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Sha’ul
[Saulo], Sha’ul [Saulo], por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares
contra os aguilhões.” (Ma’assei Sh’lichim/Atos 26:14).
Logo, não há
dúvidas de que Yeshua e seus discípulos, bem como Sha’ul (Paulo), falavam a
língua hebraica. Por outro lado, há registros nos evangelhos de que Yeshua
também se comunicava em aramaico:
“E, tomando
a mão da menina, disse-lhe: Talita kumi; que, traduzido [do aramaico], é:
Menina, a ti te digo, levanta-te.” (Yochanan Marcus/Marcos 5:41).
“Yeshua
gritou: Eli, Eli! L’mana sh’vaktani? [aramaico] (Meu Elohim, Meu
Elohim! Por que me abandonaste?)” (Matityahu 27:46).
Pelos textos
bíblicos referidos, não há dúvidas acerca de que o hebraico e o aramaico eram
línguas faladas por Yeshua e pelos discípulos, fato que é confirmado pelos
especialistas. O preclaro historiador David Flusser desmistifica a ideia de que
Yeshua era fluente apenas em aramaico, como se pensou por algum tempo,
ressaltando que o hebraico também era língua de seu domínio:
“As línguas
faladas entre os judeus desse período eram hebraico, aramaico e grego – em
menor escala.
(...)
O evangelho
de Marcos contém algumas palavras em aramaico, e foi exatamente isso que
confundiu os teólogos. Hoje, com o descobrimento do pergaminho de Ben Sira
(Eclesiástico), na coletânea do Mar Morto, e das cartas de Bar Kochba – que
ilumina mais profundamente os estudos das línguas nos dias dos sábios judeus –,
é aceitável que a maioria das pessoas nos dias de Jesus fosse fluente em hebraico.
O Pentateuco foi traduzido para o aramaico para o benefício da classe
mais baixa da população de Israel. As parábolas da literatura rabínica, por
outro lado, foram todas escritas e ensinadas em hebraico em todos os períodos
da história judaica. Assim, não há base para assumir que Jesus não falasse
hebraico; e, quando somos informados em At 21:40 que Paulo falava hebraico,
devemos valorizar mais este tipo de informação.” (FLUSSER, David. 1989. Jewish
Sources in Early Christianity).
Feito este
breve parêntese, acerca da importância do hebraico e do aramaico, como línguas
nativas dos discípulos de Yeshua, faz-se curial compulsar o que dizem os Manuscritos
nestes idiomas acerca do nome do Mashiach.
Fato
incontroverso é que o nome YESHUA consta nos seguintes Manuscritos da
B’rit Chadashá (“Novo Testamento”):
1) Siríaco
Antigo (Curetônio), do século II D.C;
2) Peshitta,
com textos dos séculos III e IV D.C;
3) Siríaco
Antigo (Sinaítico), do século IV D.C;
4) Peshitto
(ocidental), do século V D.C;
5) Peshitto
(Crawford), do século V D.C;
6) Munster,
texto de Matityahu/Mateus, do século XVI D.C.
A título
exemplificativo, no Manuscrito do Khabouris Codex (Peshitta/Aramaico) consta a
passagem de Matityahu/Mateus 1:21, figurando claramente o nome YESHUA:
תּאִלַד
דֵּין בּרָא ותֵקרֵא שׁמֵה יֵשׁוּע הוּ גֵּיר
נַחֵיוהי
לעַמֵה מֵן חטָהַיהוּן
Vê-se que
destacamos o nome do Mashiach: YESHUA. Assim, temos absoluta certeza de
que este é o nome verdadeiro, caindo por terra todas as teorias conspiratórias
sobre o nome do Mashiach que não provam o que alegam. Insta repetir: o que
valem são as Escrituras e estas não deixam dúvidas de que YESHUA é o nome
do Mashiach!!! Citamos acima apenas um versículo do Khabouris Codex
contendo o nome do Salvador, porém, temos cópia integral de toda a B’rit
Chadashá (“Novo Testamento”) em aramaico, registrando-se sempre o nome YESHUA,
razão pela qual colocamos tal documento à disposição de todos que querem a
verdade.
Cumpre
registrar que no Manuscrito Duttilet (século XVI D.C) aparecem na mesma
Escritura dois nomes distintos para o Mashiach (Messias), quais sejam, YESHUA e YESHU.
E por que
razão dois nomes diferentes (Yeshua e Yeshu) são registrados no mesmo
Manuscrito?
A razão é
simples: o nome Yeshua assim se escreve em hebraico – ישוע . Em aramaico, a
grafia é a mesma, porém, a letra áyin (ע)
não se pronuncia quando está no final da palavra. Daí, o nome de Yeshua em
aramaico se pronuncia como Yeshu. Tendo em vista que muitos discípulos de
Yeshua falavam hebraico e aramaico enquanto outro segmento tinha por língua tão
somente o aramaico, passou a usar-se tanto o nome YESHUA quanto sua
variante fonética YESHU. Consequentemente, no mesmo Manuscrito admitiu-se
escrever o nome do Messias das duas formas diferentes.
Em razão da
pronúncia aramaica do nome do Salvador, também foi usado o nome YESHU no livro
de Matityahu (Mateus) do Manuscrito Shem Tov (século XIV D.C).
Então,
verifica-se com absoluta certeza que antes do século XIV D.C os Manuscritos
apontam o nome YESHUA, sendo que YESHU surge apenas depois, não como
um novo nome, mas como uma variante fonética do mesmo nome, agora pronunciado
na língua aramaica. Em suma, Yeshu é a pronúncia de YESHUA em aramaico.
Por fim, há
o Manuscrito Munster de Ivrim (Hebreus), datado do século XVI D.C, figurando o
nome יהושע, conhecido em português como
“Josué”. O citado nome em hebraico pode ser pronunciado como Yehoshua, conforme
vocalização massorética, ou como Yahushua, seguindo a vocalização mais coerente
com a pronúncia do trigrama (יהו /Yahu).
Contudo, estes nomes (Yehoshua ou Yahushua) só aparecem em um Manuscrito do
século XVI D.C e apenas no livro de Ivrim (Hebreus), ou seja, não servem como
prova para afastar a presunção de que YESHUA é o correto nome do Mashiach
(Messias). E porque apareceu este novo nome (Yehoshua ou Yahushua)?
Existe uma
explicação. No texto grego, foi usado o nome Iesous tanto para יהושע (Yehoshua/“Josué”)
quanto para ישוע (Yeshua/“Jesus”),
ou seja, um único nome grego foi dado para duas pessoas distintas. Por tal
razão, o nome do Mashiach ficou sendo idêntico ao nome de Yehoshua (“Josué”), o
que é um equívoco. Assim, tendo em vista que o Manuscrito Munster de
Ivrim (Hebreus) foi adequado ao texto grego, como o próprio Sebastian Munster
admitiu, conclui-se que foi usado o nome “Yehoshua” (e não “Yeshua”) para se
harmonizar com os escritos em grego do “Novo Testamento”.
Ante todo o
exposto, podemos resumir a explanação tecida da seguinte forma:
1) até o
século XVI D.C, todas as Escrituras da B’rit Chadashá (Aliança Renovada/“Novo
Testamento”) indicam o nome YESHUA;
2) YESHUA é
o nome consignado nas Escrituras do Siríaco Antigo (Curetônio), Peshitta,
Siríaco Antigo (Sinaítico), Peshitto (ocidental), Peshitto (Crawford) e Munster
(texto de Matityahu/Mateus);
3) no
Manuscrito Duttilet (século XVI D.C) aparecem na mesma Escritura o nome YESHUA
e YESHU, sendo este último apenas uma variação fonética do primeiro, conforme a
pronúncia aramaica;
4) apenas no
século XVI D.C surge um novo nome יהושע (Yehoshua
ou Yahushua), que aparece única e exclusivamente no texto do livro de Hebreus
(Ivrim), razão pela qual este documento isoladamente e de época tardia não pode
ser usado para anular todos os demais Manuscritos antigos que trazem o nome
YESHUA.
5)
conclusão: YESHUA é o nome do Mashiach!!!
Por fim,
imperioso registrar que o nome Yeshua (ישוע)
é uma síncope[1] do nome Yahushua (ou Yehoshua/יהושע),
sendo que ambos possuem o mesmo significado: “YHWH é a salvação” ou “YHWH
salva”.
III - NÃO SE
DEVE BLASFEMAR CONTRA O NOME DE JESUS
Foi
esclarecido que o Messias nunca poderia ter sido chamado de “Jesus”, visto que
a letra “j” (jota) não existe em hebraico, aramaico, grego e latim, tampouco
sua pronúncia. Surgiu o nome “Jesus” apenas nos últimos quinhentos anos.
Particularmente,
usamos o nome YESHUA por ser o nome verdadeiro. Todavia, respeitamos aqueles
que preferem utilizar o consagrado e popular nome JESUS. Afinal de contas, nem
todas as pessoas conhecem hebraico e, por tal razão, se valem do nome JESUS,
que já é reconhecido universalmente.
Existem
grupos fanáticos que ensinam: “caso você fale JESUS, irá para o inferno! Só é
salvo quem usa o nome YESHUA”. Ousamos discordar de tal colocação, visto que
não é a pronúncia hebraica que salva o ser humano.
Existem
muitas pessoas nos quatro cantos da terra que “nasceram de novo” e pronunciam o
nome JESUS (ou suas adaptações para os mais diversos idiomas). São discípulos
tementes que moram em paupérrimos bairros da África, alimentando-se de terra e
mato; em inóspitas regiões da China, em que a Bíblia é um livro proibido; em
países totalitários em que falar de “Jesus” pode levar à prisão ou até mesmo à
morte; etc. Será que estes discípulos, realmente “nascidos de novo”, serão
condenados apenas pelo desconhecimento da língua hebraica?
É claro que
não! Infelizmente, alguns lunáticos propagam o falso ensino de que quem ora
para Jesus (e não para Yeshua) está orando para um “deus pagão”. Estes ignóbeis
julgam-se superiores pelo simples fato de falarem YESHUA. Invocam o nome
correto, mas não dão o fruto do “amor, alegria, paz, paciência, afabilidade,
bondade, fé, humildade e autocontrole” (Galutyah/Gálatas 5:22). Bom lembrar que
a árvore que não der fruto será cortada e lançada ao fogo (Matityahu 3:10).
Se o ETERNO
está usando o nome JESUS para alcançar milhares de pessoas, já que nem todos
conhecem hebraico, aqueles que ofendem o nome de JESUS estão litigando contra o
próprio YHWH e irão suportar as consequências de seus atos. Assim, por mais que
usemos YESHUA, o verdadeiro nome, devemos respeitar todos aqueles que proclamam
o nome JESUS por ignorância. Por outro lado, para aqueles que conhecem a
verdade, faz-se curial usar o nome verdadeiro, e não o fictício.
Discordamos
ainda daqueles que afirmam que o nome JESUS é pagão, o que é um erro.
Demonstrar-se-á,
a seguir, que o nome JESUS não tem origem no paganismo, mas deriva de
sucessivos processos de transliteração do nome YESHUA.
IV - ORIGEM
DO NOME “JESUS”
Inicialmente,
importa registrar que algumas pessoas alegam equivocadamente que ninguém
deveria usar o nome JESUS, pois “nome próprio não se traduz”. Será verdade?
Histórica e
linguisticamente, sempre houve a tentativa de adaptação de nomes de
personalidades para as línguas de outros povos.
O
historiador Yosef Ben Matityahu ficou conhecido em latim como Flavius Josephus
e, em Língua Portuguesa, como Flávio Josefo. O filósofo e matemático Platon
teve seu nome aportuguesado para Platão. Célebre conquistador, Aléxandros ho
Trítos, alcunhado de Mégas Aléxandros, é conhecido no Brasil como Alexandre, o
Grande. Por sua vez, o reformador Jean Calvin teve o seu nome adaptado para
João Calvino. Mohammed é o verdadeiro nome de Maomé.
Demos apenas
estes poucos exemplos, pois teríamos muitos, para demonstrar que a mudança do
nome de pessoas ilustres é corrente na história. Assim, não é de se surpreender
que Yeshua terminou por ser chamado de Jesus, não existindo
nenhuma trama maligna para a alteração do nome. Vejamos como isto ocorreu.
O nome
YESHUA não apareceu primeiramente na B’rit Chadashá (“Novo Testamento”), como
muitos pensam, mas já existia no Tanach (Primeiras Escrituras). Registra-se o
nome YESHUA nos seguintes livros (tal nome foi adaptado no Português para
JESUA):
1) Divrei
HaYamim Álef/I Crônicas 7:30 e 24:11;
2) Divrei
HaYamim Beit/II Crônicas 31:15;
3)
Nechemyah/Neemias 3:19; 7:7,11, 39 e 43; 8:7; 9: 5; 10:9; 11:26; 12:1,7,8, e 26
4) Ezra/Esdras
2: 2, 6,36,40; 3:2, 4:3; 5:2; 8:33 e 10:18.
Nos
versículos citados, escritos em hebraico, foi usado o nome ישוע (Yeshua).
Quando houve a tradução de tais textos do hebraico para o grego, na versão
Septuaginta (século II A.C), ocorreu a adaptação do nome ישוע (Yeshua)
para ιησους (Iesous). Exemplifica-se:
Texto de
Ezra/Esdras 2:2 em HEBRAICO:
אֲשֶׁר־בָּאוּ
עִם־זְרֻבָּבֶל יֵשׁוּעַ נְחֶמְיָה
שְׂרָיָה
רְעֵלָיָה מָרְדֳּכַי
בִּלְשָׁן
מִסְפָּר בִּגְוַי רְחוּם בַּעֲנָה
מִסְפַּר
אַנְשֵׁי עַם יִשְׂרָאֵל׃
Texto de
Ezra/Esdras 2:2 em GREGO (Septuaginta):
οι ηλθον
μετα ζοροβαβελ ιησους νεεμιας σαραιας ρεελιας μαρδοχαιος βαλασαν
μασφαρ βαγουι ρεουμ βαανα ανδρων αριθμος λαου ισραηλ
Vê-se acima
que o nome YESHUA foi adaptado para IESOUS, conforme destacamos.
Há uma
explicação do porquê de o nome Yeshua ter se transformado em Iesous. Na língua
grega, não existe uma letra equivalente ao ש (shin),
fazendo com que os tradutores se valessem da letra grega σ (sigma),
alterando-se também o final da palavra “UA” para “OUS”, já que esta última é
bastante comum para os nomes gregos.
Eis a
alteração efetuada:
NOME
HEBRAICO
YESHUA
|
NOME GREGO
IESOUS
|
YE (som:
Iê)
|
IE (som:
Iê)
|
SH (som:
“x”)
|
S (som:
“s”, pois não existe o som de “x” em grego)
|
UA (som: “ua”)
|
OUS (som:
“ous”)
|
Como se
percebe na tabela acima, os sábios da Septuaginta adaptaram o nome YESHUA para
a língua grega, o que é comum.
Aqueles que
gostam de “teorias da conspiração” alegam erroneamente que, após a vinda de
Yeshua, os romanos e os gregos, de má-fé, alteraram seu nome para Iesous,
tudo com o objetivo de denegrir o nome do Mashiach. Porém, esta teoria é
absurda, visto que no século II antes do nascimento do Salvador os
sábios judeus tradutores da Septuaginta já tinham adaptado o nome Yeshua para Iesous,
quando se referiam a homônimos do Mashiach. Ora, se o nome “Iesous” era usado
comumente antes da vinda do Messias, então, cai por terra a falsa teoria que
este nome surgiu com o objetivo de macular a imagem do Salvador. Em verdade, os
gregos continuaram a usar o nome Iesous porque este já era usual no mundo
helenístico em período anterior ao ministério do Mashiach. Ademais, o nome
Yeshua (Iesous em grego) era comum na Palestina, inexistindo qualquer dolo ou
má-fé na utilização do nome Iesous.
Pois bem,
vimos que não existe nada de maligno no nome grego Iesous. Então,
avancemos para sabermos como apareceu o nome “Jesus”.
No século V,
Jerônimo concluiu a tradução da Bíblia do grego para o latim, surgindo, então,
a versão conhecida como Vulgata Latina. Neste texto, o nome grego Iesous foi
adaptado para Iesus, observando-se a norma vernacular. Exemplifica-se:
TEXTO DE
MATEUS 2:1 em GREGO:
Αφου δε
εγεννηθη ο Ιησους εν Βηθλεεμ της Ιουδαιας επι των ημερων Ηρωδου του
βασιλεως, ιδου, μαγοι απο ανατολων ηλθον εις Ιεροσολυμα, λεγοντες
TEXTO DE
MATEUS 2:1 em LATIM (Vulgata):
Cum ergo
natus esset Iesus in Bethlehem Iuda in diebus Herodis regis, ecce
Magi ab oriente venerunt Ierosolymam
Certifica-se
pelos textos acima que o nome Iesous (grego) sofreu adaptação para Iesus (latim).
Eis o processo:
NOME GREGO
IESOUS
|
NOME
LATINO
IESUS
|
IE (som:
Iê)
|
IE (som:
Iê)
|
SOUS (som:
“sous”)
|
SUS (som:
“sus”)
|
Como se
percebe, a única variação foi substituir o “sous” por “sus”. Os amantes da “teoria
da conspiração” afirmam que não se poderia colocar o sufixo “sus” no nome do
Messias, já que “sus” significa “cavalo” em hebraico, e “porco” em grego. Daí,
alegam os incautos que Yeshua foi transformado no “deus cavalo” ou “deus
porco”. Este raciocínio está manifestamente equivocado! Em latim, “sus” não
significa “cavalo” nem “porco”, razão pela qual não se pode transplantar o som
de uma língua para determinar o significado de uma palavra de outro idioma!!!
Exemplifiquemos.
Em hebraico, o nome YESHUA significa “YHWH é a salvação”. A língua portuguesa
albergou a palavra africana “Exu”, que é o nome de um orixá. Então, algum
lunático poderá dizer que o nome YESHUA é pagão, visto que nele se emite o som
“Exu”. Tal conclusão seria claramente ignóbil, já que não se pode misturar o
significado de um nome africano (“Exu”) com um nome hebraico (“Yeshua”), que
possui semântica totalmente diversa.
Da mesma
forma, dizer que Iesus (latim) contém o prefixo “sus”, que denota “cavalo”
(em hebraico), e daí se concluir que o Messias se chama “deus cavalo” retrata
desvario, beirando a insanidade. Não é possível misturar radicais do latim com
a língua hebraica.
Já se
explicou como o nome YESHUA (hebraico) foi adaptado para IESOUS (grego) e
posteriormente para IESUS (latim). Deste último derivou o nome JESUS, conforme
tabela abaixo:
NOME
LATINO
IESUS
|
NOME EM
PORTUGUÊS
JESUS
|
IE (som:
Iê)
|
JE (som:
Iê)
|
SUS (som:
“sus”)
|
SUS (som:
“sus”)
|
Do latim
para o português, como se vê, apenas ocorreu a substituição do “i” pelo “j”,
passando-se de “ie” para “je” e mantendo-se a terminação “sus”. Importante
lembrar que várias palavras de origem latina, quando migraram para o português,
tiveram o “i” substituído pelo “j”, ou seja, trata-se de uma adaptação que
segue as normas gramaticais, não havendo qualquer tipo de plano macabro para
criar-se o nome JESUS.
Em suma,
“JESUS” decorre de processos de adaptação do nome de uma língua para outra,
observando-se os padrões gramaticais oficiais. Consoante já exposto acima,
ainda que JESUS não seja o nome verdadeiro do Mashiach (Messias), o ETERNO tem
usado este nome para alcançar milhares de pessoas, que verdadeiramente
“nasceram de novo”, inferindo-se daí que não se pode blasfemar contra o nome de
Jesus. O autor deste livro usa o nome em hebraico YESHUA, haja vista este ser o
verdadeiro, porém, respeita aqueles que não conhecem a língua do Messias e o
chamam pelo nome de Jesus.
Particularmente,
pensamos que toda pessoa que conhece o nome YESHUA deveria usá-lo, por uma
razão simples: trata-se do nome verdadeiro!
V - O OUTRO
YESHUA
Em
Curintayah Beit/2ª Coríntios 11:3-4, Sha’ul (Paulo) fala que alguns falsos
mestres estariam pregando um “outro Yeshua”, diferente do verdadeiro, isto é,
há lobos que transformam a personalidade do Salvador em outra pessoa:
“Mas temo
que, assim como a serpente enganou a Havá [Eva] com a sua astúcia, assim também
sejam de alguma sorte corrompidos os seus entendimentos e se apartem da
simplicidade e da pureza que há no Mashiach [Messias].
Porque, se
alguém vem e vos prega outro Yeshua que nós não temos pregado, ou se recebeis
outro espírito que não recebestes, ou outras boas novas [evangelho] que não
abraçastes...”.
Se a
alteração da personalidade do Mashiach já ocorria no primeiro século, depois de
dois mil anos surgiram dezenas e dezenas de “Jesus” que são totalmente
diferentes do verdadeiro Yeshua. Citam-se apenas alguns exemplos:
1) o “Jesus
católico” não é o verdadeiro Mashiach, uma vez que não tem poder para salvar o
homem, dependendo de Maria, que é vista pelo Catolicismo Romano como
corredentora. Ou seja, a salvação precisa contar com o aval de Maria. Esta
crença é totalmente incompatível com as Escrituras e reflete um “outro Jesus”,
que difere do verdadeiro Messias. Ademais, toda a idolatria católica contraria
o Judaísmo de Yeshua, que abomina ídolos;
2) o “Jesus
da prosperidade” também é um falso Messias, já que a missão principal de Yeshua
não é dar dinheiro, bom casamento, emprego e ensinar que os homens acumulem
riquezas na terra, como apregoa tal doutrina;
3) o “Jesus
cristão e evangélico” representa, com frequência, uma distorção do verdadeiro
Yeshua. Por quê? Porque na visão de quase todos os evangélicos, salvo raras
exceções, Jesus ensinou a abolição da Torá (“Lei”), revogou o shabat (sábado) e
estabeleceu o domingo, aboliu as festas bíblicas e constituiu uma Igreja na
terra em substituição a Israel. Este tipo de “Jesus evangélico” é um engano,
porquanto Yeshua, o judeu, defendeu a Torá (Mt 5:17-19), guardava o
shabat/sábado (Lc 4:16), participava das festas bíblicas (Lc 2:41-42; Jo 2:13,
7:1-10 e 14 e 10:22-23) e veio para cumprir a promessa da “Nova Aliança” (ou
“Aliança Renovada”) que é estabelecida entre o ETERNO e Israel (Casas de
Yehudá/Judá e Yisra’el/Israel), e não entre o ETERNO e a “Igreja” (Jr 31:30-33
ou 31-34, nas versões cristãs; Ez 37:18-28). Apesar de tudo isto, existem
cristãos sinceros e honestos que chegam a cumprir grande parte dos mandamentos
da Torá, inclusive os mais importantes, o que denota que realmente “nasceram de
novo”, ainda que possuam certos erros;
4) o “Yeshua
do Judaísmo Messiânico” pode ser, em alguns casos, um “outro Yeshua”, diferente
do verdadeiro Mashiach. Alguns judeus messiânicos vivem no engano, porque: a)
seguem mais as tradições e a Lei Oral do que a Torá escrita; b) possuem hábitos
extremamente legalistas e que não são determinados pela Torá; c) idolatram
objetos como o talit, mezuzá, tefilin etc; d) não externam amor ao próximo; e)
acham-se superiores pelo fato de serem judeus, julgando os não-judeus e os
considerando inferiores; f) creem que serão salvos por suas próprias forças
(autojustificação); g) promovem a “judeulatria”, isto é, a idolatria ao
judaísmo; i) creem que Yeshua é um ser criado (espécie de “subdeus” ou
“semideus”) e não o próprio ETERNO que se manifestou em carne. Todo judeu
messiânico que se enquadra em alguma das hipóteses citadas está deturpando a
personalidade do genuíno Yeshua.
A lista
acima, citando vários tipos de “Jesus” e “Yeshua”, é apenas exemplificativa,
existindo ainda outros falsos Messias criados pela imaginação humana sob a
influência de HaSatan (Satanás).
Hodiernamente,
existem muitos “outros Yeshua/Jesus”, porque a apostasia está instalada no
mundo, conforme havia predito Sha’ul (Paulo) em Tessalonissayah Beit/2ª Tessalonicenses,
capítulo 2. Assim, faz-se mister buscar o autêntico Yeshua, afastando-se de
todos os conceitos enganosos semeados por HaSatan. Erros teológicos e de
conduta todos temos, porém, existem pontos fundamentais sobre Yeshua que não
podem ser olvidados, sob pena de transformá-lo em um personagem fictício,
diverso do Messias descrito nas Escrituras.
Oramos para
que você seja um fiel discípulo do verdadeiro Mashiach, e não siga o “outro
Yeshua/Jesus”. Amen!
[1] Síncope é o desaparecimento de
fonema(s) no interior de vocábulo (exemplo: mor, que vem de maior).
Assim, o nome Yahushua deu origem ao nome Yeshua.
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