O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA (PARTE2)
DISCRIMINAÇÃO: RACISMO NO BRASIL
O preconceito racial no Brasil é o que
alguns autores chamam de preconceito “de marca”, ou seja, que recai sobre o
fenótipo do indivíduo (tipo de cabelo, traços e cor da pele). Ele não recai
diretamente sobre a ancestralidade, pois no Brasil as classificações raciais se
baseiam mais na aparência física da pessoa do que na ancestralidade. É um
racismo que aparece como expressão de foro íntimo, mais apropriado ao recesso
do lar. A escravidão foi abolida, houve a universalização das leis, mas o
padrão tradicional de acomodação racial não foi alterado, mas apenas camuflado.
Apesar da tão falada “miscigenação brasileira”, um sistema enraizado de
hierarquização social com base em critérios como classe social, educação
formal, origem familiar e na raça continuaram. Se após a Segunda Guerra Mundial
o darwinismo racial foi perdendo força e o conceito biológico de raça foi se
desmontando, o “preconceito de cor” fazia as vezes da raça.
Os anos 70 representaram a chegada de todo um movimento de
contestação dos valores vigentes no Brasil, por meio de política oficial e,
sobretudo, alternativa, na literatura e música. Nessa época surgiu o Movimento
Negro Unificado (MN) que, ao lado de outras organizações paralelas, passaram a
discutir as formas tradicionais de poder. A existência de movimentos negros no
Brasil, porém, é mais antiga: data de 1931 a criação da Frente Negra Brasileira
e do seu jornal, e periódicos dedicados ao tema já circulavam no Brasil.
O racismo no Brasil está nas diferenças
no acesso à educação e ao lazer, na distribuição desigual de rendas, marcas da
discriminação que fugiam à alçada oficial, mas que eram evidentes no cotidiano.
A desconstrução do mito da democracia racial circunscreveu o tema racial a uma
questão de classe e abandonou a cultural. O tema racial parecia subsumido à
luta entre classes e seu problema não seria resolvido por meio do enfrentamento
de suas especificidades. Os estudos mais recentes, todavia, demonstraram que o
preconceito de cor não estava exclusivamente atrelado a uma questão econômica e
social, mas que continuava como um divisor da sociedade.
O racismo brasileiro é de foro íntimo, presente na
intimidade, mas camuflado quando toma a esfera pública. Ele se reflete nas
relações pessoais mais íntimas, num modelo antigo de hierarquização social e de
oportunidades desiguais entre os cidadãos. Reflete-se em práticas reiteradas,
como o "elevador social", reservado ao moradores do prédio e o
"elevador de serviços", reservado aos serviçais, majoritariamente
negros. Na situação econômica se aflora, assim como na relação com a justiça,
sendo que os réus negros têm 80% de chance a mais de serem incriminados que os
brancos. O Brasil vive uma dicotomia, ao exaltar a miscigenação racial e
cultural mas de, ao mesmo tempo, perceber-se um país extremamente desigual.
Indicadores socioeconômicos
Catadores de lixo no Recife. Mais de 70% dos brasileiros que vivem na miséria
são negros ou pardos.
Um relatório da UFRJ divulgado
em 2011 aponta que tem crescido a parcela
de negros e pardos no total de desempregados. De acordo com o relatório, em
2006, 54,1% do total de desocupados eram negros e pardos (23,9% de homens e
30,8% de mulheres). Pouco mais de 10 anos antes, ou seja, em 1995, os negros e
pardos correspondiam a 48,6% desse total (25,3% de homens e 23,3% de mulheres).
Em relação aos que estão empregados, as diferenças entre as
raças também são claramente perceptíveis: em 2006, o rendimento médio mensal
real dos homens brancos equivalia a R$ 1.164,00, valor 56,3% superior à
remuneração obtida pelas mulheres brancas (R$ 744,71), 98,5% superior à
conseguida pelos homens negros e pardos (R$ 586,26) e 200% à obtida pelas
mulheres negras e pardas. Um levantamento do MDS divulgado
em 2011 estima que, na
parcela extremamente pobre da população, 50,5% são mulheres e 70,8%
declararam ser pretas ou pardas.
O Censo 2010 apurou
que, dos 16 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com até R$ 70
mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos. Diferenças
sociais baseada na origem étnica
Os indicadores sociais revelam que no Brasil os
trabalhadores brancos recebem o dobro dos trabalhadores negros e pardos.
Histórico da desigualdade
No período colonial: A desigualdade social entre brancos e
negros e mulatos no Brasil remonta aos tempos coloniais. Embora nos primeiros
dois séculos de colonização a maioria da população de origem africana no Brasil
fosse escrava, no século XVIII houve um incrível crescimento das alforrias e negros e mulatos livres chegaram
a formar a maioria da população em algumas capitanias. Porém, as leis e
decretos vindos da Coroa Portuguesa e as práticas sociais impediram enormemente
o progresso econômico dessa população. Os libertos de ascendência africana eram
discriminados por leis que, frequentemente, deixavam de distingui-los dos
escravos. Essas leis eram mais evidentes com relação a porte de armas e no uso
de certas vestimentas. Pessoas de origem africana eram proibidas de ocupar
cargos públicos, uma vez que era necessário comprovar a "pureza de
sangue" para se candidatar.
O negro e o mulato livres tinham três possibilidades de
ganhar a vida. A primeira era obter a independência financeira a qualquer custo
tirando proveito de qualquer oportunidade comercial que surgisse. A segunda era
deixar-se absorver no sistema escravocrata como feitor e trabalhador
assalariado. A última era desistir de enfrentar os desafios e as desvantagens
de ser um indivíduo de cor e entregar-se à vagabundagem. Muitos ex-escravos
tinham imensa dificuldade em se integrar ao mundo dos livres. No cativeiro,
tudo que se exigia de um escravo era sua força física. A instituição
escravocrata minava a sua iniciativa, a capacidade de tomar decisões, a
oportunidade de demonstrar liderança e a capacidade de autocontrole. Apenas os
indivíduos mais determinados e resolutos conseguiam ultrapassar essas barreiras
psicológicas. Portanto, os negros e mulatos nascidos livres tinham mais
oportunidades que aqueles nascidos escravos e alforriados depois. E, por fim,
os mulatos de pele mais clara, mesmo os nascidos no cativeiro, tinham mais
chances de ser assimilados no "mundo branco" do que os negros de pele
mais escura, mesmo os nascidos livres. Assim, enfrentar a sociedade livre
mostrou-se uma tarefa complicada para a crescente população de negros e mulatos
livres no período colonial. Socialmente marginalizados, desprovidos de recursos
financeiros, muitos viviam em situação mais precária do que os escravos. A
Coroa Portuguesa e as autoridades municipais brasileiras nada fizeram para
resgatar essa população da marginalidade. Não havia nenhuma política de
recuperação social ou ajuda financeira. As únicas organizações do Brasil
colonial que tinham alguma preocupação com os indivíduos de origem africana
foram as irmandades leigas. A Santa Casa de
Misericórdia, única fonte institucionalizada de assistência social
de todo o império marítimo português, costumava oferecer dotes para mulheres
negras e mulatas em idade de se casar, cuidava dos doentes de graça e ajudava
pessoas a aprender algum ofício. Em consequência, as irmandades do Brasil
colonial ajudavam, até certo ponto, a aliviar os problemas decorrentes da total
ausência do Estado e da Igreja na recuperação social dos negros e mulatos
livres na sociedade colonial brasileira.
No Brasil independente: O Estado brasileiro independente não
mudou a sua política em relação à população negra e mulata. A medida que mais e
mais pessoas de origem africana iam se libertando da escravidão, passavam a
engrossar a população de marginalizados na entrada de vilas e cidades.
Comparação entre negros e imigrantes
No final do século XIX, um grande número de imigrantes,
sobretudo europeus, foram para o Brasil. A maioria desses imigrantes rumou para
o estado de São Paulo, onde foram engajados como trabalhadores em plantações de
café. Neste momento, estava havendo a transição do trabalho escravo para o
trabalho assalariado. Muitos imigrantes trabalharam lado a lado de negros e
mulatos, exercendo as mesmas funções, ou seja, imigrantes europeus e
afrodescendentes estavam, inicialmente, no mesmo nível social. Porém, com o passar
do anos os imigrantes e sobretudo seus filhos tenderam a alcançar uma incrível
ascensão social, enquanto a maioria dos negros e mulatos continuaram pobres.
Vários autores já tentaram explicar o porquê desse
fenômeno. Florestan Fernandes explicava
que os libertos não estavam preparados para competir com imigrantes, porque a
desumanização e a violência da escravidão tornavam os primeiros anômicos, sem
laços familiares e comunitários fortes, sem disciplina e tendentes a enxergar a
liberdade como ausência de trabalho. A literatura atual dá mais ênfase ao
racismo dos fazendeiros brasileiros, que preferiam contratar imigrantes aos
trabalhadores nacionais de origem africana.
O sociólogo Karl Monsma foi mais além em sua pesquisa, ao
analisar dados censitários do município de São Carlos, em São Paulo. Embora a
pesquisa tenha se limitado a esse estado, ela pode ser aplicada em outras
partes do país. Em 1907, em muitos aspectos a situação de negros e imigrantes
era muito semelhante. A principal ocupação dos imigrantes no município era o
colonato, assim como era a principal ocupação de negros e mulatos. Isso
mostra que os afrodescendentes não foram inteiramente excluídos das fazendas.
Naquela altura, os imigrantes ainda não tinham grande acesso à terra: apenas
13% dos italianos e 10,1% dos espanhóis eram proprietários, número inferior ao
de proprietários mulatos (16%) e pretos (13,5%). A tese de Florestan Fernandes,
hoje muito criticada, de que negros e mulatos, após a liberdade, passaram a
viver em anomia, também não é comprovada. Em São Carlos, a porcentagem de
famílias chefiadas por mulheres foi maior entre os brasileiros brancos (15,8%)
do que entre pretos (14,2%) e mulatos (12,8%). As taxas de casamentos de pretos
e mulatos era maior do que aquela entre brasileiros brancos o que, num contexto
católico tradicional, afasta a tese de uma desorganização familiar.
Quanto à taxa de alfabetização, ela era evidentemente maior
entre brasileiros brancos do sexo masculino (61,7%), portugueses (45,6%),
espanhóis (45,5%) e italianos (43,8%) do que entre mulatos (30,5%) e pretos
(14,7%).
O autor do trabalho chega às seguintes conclusões que tentam
explicar porque imigrantes e seus descendentes progrediram enormemente no
Brasil, enquanto negros e mulatos, na maioria dos casos, continuaram pobres.
A grande presença de imigrantes europeus pobres barateou a
mão-de-obra nas fazendas, o que prejudicou trabalhadores negros e outros
brasileiros.
Em cada nacionalidade imigrante havia uma elite escolarizada
com a qual os compatriotas podiam contar para lutar contra os abusos dos
fazendeiros e da polícia. A elite imigrante também empregava os compatriotas
nas fazendas, oficinas e lojas e ajudava os pobres e analfabetos a lidar com a
burocracia do Estado. Entre os negros praticamente não havia uma elite, tendo
que contar apenas com a ajuda da elite branca local, o que coibia a organização
coletiva dos negros. A falta de uma elite negra deixava os negros
desorganizados e incapazes de contrapor às representações negativas a eles
atribuídas pelos brancos.
Os poucos mulatos bem-sucedidos estavam se
"embranquecendo" por meio do casamento com pessoas brancas e não se
identificavam com os negros pobres. Com o passar de uma ou duas gerações, seus
descendentes se tornavam brancos, engrossando a população de brancos
bem-sucedidos.
As famílias dos imigrantes eram, em média, maiores que as
dos negros. As famílias maiores eram preferidas dos fazendeiros e podiam ganhar
mais como empreiteiros ou colonos.
A proporção de brasileiros brancos e imigrantes
alfabetizados era muito maior que a de negros. Isso impedia que os negros
pudessem buscar empregos melhores no comércio e no serviço público,
limitando-se ao trabalho braçal. O racismo enfrentado nas escolas fazia com que
a evasão escolar fosse alta entre os negros, impedindo a sua formação
acadêmica.
Os negros eram rejeitados pela elite brasileira. Por outro
lado, os imigrantes e descendentes se integravam mais facilmente com as elites
locais, favorecendo sua ascensão social.
Com a ascensão social, os imigrantes e descendentes passaram
a controlar um número crescente de postos de trabalho e favoreciam os seus
semelhantes, internalizando o racismo, excluindo o negro de posições de poder e
estigmatizando-o como moralmente inferior.
Salário por origem étnica: Uma pesquisa realizada em 1998,
pelo sociólogo mineiro Simon Schwartzman, mostra que a desigualdade salarial no
Brasil também possui um viés étnico e racial. A pesquisa mostrava que os
brasileiros que ganhavam mais eram de cor ou raça amarela e branca, enquanto
pretos, pardos e indígenas ganhavam menos. A renda mensal de um brasileiro branco
era de R$848,41, maior do que entre indígenas (R$515,07), pardos (R$440,14) e
pretos (R$400,84).
Por origem ancestral, os descendentes de imigrantes ocupavam
o topo da pirâmide social brasileira. Os entrevistados que apontaram ter
ancestralidade judia, árabe ou japonesa eram os mais bem sucedidos.
Descendentes de judeus ganhavam R$2.047.24 mensais, de japoneses ganhavam
R$1.719.14 e de árabes R$1.759.26.86
No grupo intermediário estavam os descendentes de italianos
(R$1.135.66), de espanhóis (R$1.134.55), de portugueses (R$1.071.97) e de
alemães (R$976.59). Brancos que disseram ter só origem "brasileira"
ganhavam menos, R$778.09.86
Pardos que disseram ter ancestralidade africana ganhavam
R$496.14, os de ancestralidade "brasileira", R$431.64. Pretos de
ancestralidade africana recebiam R$515.3 e, o grupo mais pobre de todos, pretos
de ancestralidade "brasileira", ganhavam R$384.81. Nota-se que pretos
e pardos que associaram uma ancestralidade africana ganhavam mais que aqueles
que só se disseram de ancestralidade "brasileira". Isso sugere que
uma identificação com uma ancestralidade africana está relacionada a uma
posição social melhor e, provavelmente, a um maior grau de escolaridade do
indivíduo.
Representatividade na mídia
A atriz Camila Pitanga já foi protagonista de
algumas telenovelas.
Os afrodescendentes têm pouca visibilidade na mídia
brasileira. Na televisão brasileira
ainda impera o modelo hegemônico branco, refletindo um anseio por uma
euro-norte-americanização do retrato social brasileiro. Apesar
da resistência cultural e política de grupos negros, a televisão brasileira
ainda não foi capaz de representar os valores, experiências e importância desse
grupo formador da população brasileira. A telenovela, importante produto da indústria
cultural brasileira, já representou várias classes sociais, mas os centros de
suas tramas sempre rodam em torno de uma classe média branca e suas relações
com os ricos. A "classe média da Zona Sul" é retratada nas novelas
brasileiras de forma destacada e glamourizada, e os personagens negros são
retratados a partir da visão dos brancos. Os personagens negros aparecem como "empregados
fiéis e anjos da guarda dos protagonistas e personagens mais relevantes do
horário nobre". Mesmo a classe média negra, quando retratada nas novelas,
aparece de forma tão normal e assimilada, sem ligação com a cultura
afro-brasileira, que poderia ser interpretada por atores brancos.
O Brasil produz telenovelas desde a década de 1960, porém só em 1996 é
que uma atriz negra, Taís Araújo, se tornou protagonista,
em Xica da Silva.
Sobre os títulos de ter sido a primeira atriz negra a se destacar em diversas
áreas da televisão, Taís Araújo declarou que dispensaria esses títulos pois
"mostram o preconceito e o atraso existentes no meu país". Indagada
sobre o porquê de haver tão poucos negros na televisão brasileira, a atriz
declarou: "Porque vivemos num país recheado de preconceito. Existem muitos
atores negros no mercado, bons profissionais e muito bem preparados para
enfrentar qualquer personagem".Reflexo
nítido disso aconteceu em 1970, na adaptação do
livro americano Uncle Tom's Cabin para
a televisão feita pela Rede
Globo. Quem foi escalado para fazer o papel do Tio Tomás, que no
livro era um personagem negro, foi o ator branco Sérgio Cardoso. Para parecer negro, Cardoso
teve que pintar-se de preto durante toda a novela. Numa outra adaptação do
livro de Jorge Amado, na novela Porto dos Milagres,
de 2001, praticamente todos os atores eram brancos, embora no livro original a
história se passasse na Bahia e o próprio
autor descrevia que os personagens fossem em sua maioria negros. No Brasil, os
personagens negros são frequentemente estereotipados, normalmente em papéis
submissos, de empregada doméstica,
motorista, serviçal, guarda-costas ou favelado. As negras normalmente são retratadas como
mulheres com grande apetite sexual e exarcebada sensualidade. Os homens negros,
por sua vez, estereotipados como malandros e criminosos.
Embora desde a década de 1970 os movimentos negros no
Brasil lutem por uma maior representação de afrodescendentes na mídia, a
televisão brasileira ainda segue o padrão do "branqueamento" e,
apesar dos avanços, em muitas novelas os personagens negros são simplesmente
ignorados. Com exceção de produções com temática escravagista, das 98
telenovelas produzidas pela Rede Globo na década de 1980 e de 1990, em 28 delas simplesmente não havia
sequer um personagem negro. Em apenas 28% delas mais de 10% dos atores eram
negros, em um país onde pelo menos 50% da população é formada por descendentes
de africanos. A telenovela, ao não refletir a real composição étnica da
população brasileira, concilia-se com a negação da diversidade racial do
Brasil. Atores morenos ou mestiços também não são destacados. Telenovelas com
uma temática que dê destaque à cultura ou às experiências específicas dos
afro-brasileiros raramente são retratadas no horário nobre, ficando restritas a
algumas minisséries.
No meio publicitário brasileiro a situação não é diferente.
Há negros em apenas 3% dos comerciais de televisão. Na década de 1980, movimentos negros e
publicitários renomados se reuniram para analisar a falta de negros na
publicidade brasileira. Chegou-se à conclusão que o negro era ignorado pois a
propaganda pretendia retratar um modelo de família da classe média brasileira,
onde a presença negra seria escassa. Ademais, o negro não seria consumidor, os
clientes não estariam aceitando a inclusão do negro em seu produto e, por fim,
a publicidade seria um reflexo de uma sociedade preconceituosa. O cineasta
mineiro Joel Zito Araújo,
que fez um amplo trabalho sobre a representação do negro na mídia brasileira,
afirmou: "na lógica dessa maioria, preto é igual a pobre, que é igual a
consumo de subsistência". Como muitos brasileiros ainda vivem sob a égide
do mito da democracia racial,
muitos publicitários e produtores simplesmente acreditam que a questão racial
não é importante, o que ilimina a preocupação em retratar a diversidade racial
do Brasil.
Porém, nos últimos anos, a publicidade brasileira têm
percebido que muitos negros vêm ascendendo socialmente, transformando-se em
potenciais consumidores. Dos brasileiros que ganham mais de vinte salários
mínimos, 28% são negros. Somado a isso, há anos há pressão de grupos e de
políticos negros para que haja uma maior representação dessa parcela da
população. Assim, de forma paulatina a visibilidade do negro na publicidade vem
aumentando. Porém, em muitos casos, os publicitários escalam para as suas
propagandas um único negro, rodeado de brancos, seguindo a linha do politicamente
correto.
A "branquidade normativa", ou seja, os brancos
tidos como o padrão a ser seguido, não é algo exclusivo dos meios de
comunicação do Brasil, sendo também uma constante em diversos países da América Latina. Nesses países, negros,
índios e mestiços, sobretudo, são desvalorizados. Na mídia latino-americana,
ter um fenótipo branco
e, preferencialmente, o nórdico, é associado com valores positivos,
como inteligência, habilidade, educação, beleza, honradez e amabilidade. São
países que vivem uma dualidade pois, apesar de haver uma promoção oficial da
miscigenação e um orgulho em um contexto internacional, o padrão branco é
aquele tido como normal, e os outros grupos são excluídos ou estereotipados.
Taís Araújo foi
a primeira protagonista negra de uma novela brasileira.
Negros nos livros didáticos
Nos livros didáticos brasileiros, há uma invisibilidade dos
negros e uma disparidade em relação à representação de brancos. Em uma
pesquisa, nos textos não verbais analisados, em apenas 11% há representação de
negros, embora mais de 40% da população brasileira se defina como preta ou
parda. A
representação dos negros nos livros escolares acontece com uma ênfase no lado
pejorativo e degradante dessas pessoas. Em mais de 72% das representações nos
livros, o negro está exposto sob uma perspectiva negativa e em somente 30% de
forma positiva. No meio escolar brasileiro, a representação dos negros no livro
didático está normalmente associada com o que há de pior, com a delinquência,
as drogas, a escravidão, a miséria, o lixo. Frequentemente fazem referências à
cor do personagem de forma negativa. A maioria dos professores entrevistados
dizem não perceber essa representação negativa do negro ou não dá a devida
importância ao tema, muitas vezes delegando o preconceito ao próprio aluno
negro. Para a maioria dos professores, o racismo existente na sociedade não
adentra o meio escolar. A ótica dos alunos, por outro lado, se mostrou mais
aguçada quanto à percepção dessa discriminação. A maioria dos estudantes
relataram que percebem que nos livros didáticos há uma maior representação do
grupo branco do que do negro, apenas 11,11% disseram que tanto brancos quanto
negros são representados de forma igual. Porém uma minoria entende isso como
uma manifestação de racismo. Os alunos, ao terem contato com o livro, associam
os personagens ali contidos com os colegas de classe. Como a maioria dos negros
são retratados de forma pejorativa no livro didático, os colegas negros passam
a ser estigmatizados e ridicularizados, gerando sérios reflexos na sua
formação.
A educadora Andreia Lisboa de Sousa, ao analisar a
representação do negro na literatura infanto-juvenil, chegou à conclusão de que
a representação negativa e degradante do negro leva a uma extrema baixa
autoestima dos alunos negros: "Os instrumentos legitimadores como família,
escola e mídias tendem a desqualificar os atributos do segmento étnico-racial
negro", afirmou ela.
Municípios brasileiros com maior população afrodescendente
Segundo dados do recenseamento de 2000, feito pelo IBGE,93 dos dez municípios brasileiros com
maior população preta, cinco estavam em Tocantins e três no Piauí. Mato Grosso e Bahia tiveram
um município representado cada.
1) Riacho Frio (PI)
– 61,71%
2) Pugmil (TO) –
41,35%
3) Silvanópolis (TO) – 41,25%
4) Pedrão (BA) –
39,42%
5) São Valério da
Natividade (TO) – 36,17%
6) Vera Mendes (PI)
– 35,92%
7) Nossa
Senhora do Livramento (MT) – 35,67%
8) São Félix do
Tocantins (TO) – 35,41%
9) Santa Rosa do
Tocantins (TO) – 33,35%
Ku Klux Klan
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ku Klux Klan
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Existência
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1º Klan
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2º Klan
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3º Klan
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1945-Presente
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Membros
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1º Klan
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550.000
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2º Klan
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3º Klan
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8.000
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Características
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Origem
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Ideologia política
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Posição política
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Ku Klux Klan (também conhecida como KKK) é o nome de várias organizações racistas dos Estados Unidos que apoiam a supremacia branca e o protestantismo (padrão conhecido também como WASP) em detrimento de outras religiões. A KKK, em seu período mais forte, foi localizada principalmente naregião sul dos Estados Unidos, em estados como Texas e Mississipi.
História
Publicação do jornal The Good Citizenem julho de 1926.
A primeira Ku Klux Klan na verdade foi fundada pelo general
Nathan Bedford Forrest da cidade de Pulaski,Tennessee, em 1865 após
o final da Guerra civil americana. Seu objetivo era
impedir a integração social dos negros recém-libertados,
como por exemplo, adquirirterras, ter direitos
concedidos aos outros cidadãos, comovotar.
O nome, cujo registro mais antigo é de 1867,
parece derivar da palavra grega kuklos,
que significa "círculo", "anel",
e da palavra inglesa clan
(clã) escrita com k.
Devido aos métodos violentos da KKK, há a hipótese de o nome ter-se inspirado
no som feito quando se coloca um rifle pronto
para atirar.
Capa do filme "O Nascimento
de uma Nação".
O segundo grupo que utilizou o mesmo nome foi fundado
em 1915 (alguns dizem que foi em função
do lançamento do filme O Nascimento
de uma Nação, naquele mesmo ano) em Atlanta por William J. Simmons.
Este grupo foi criado como uma organização fraternal e lutou pelo
domínio dos brancos protestantes sobre os negros, católicos, judeus e asiáticos, assim como outros imigrantes. Este grupo ficou famoso peloslinchamentos e outras atividades
violentas contra seus "inimigos". Chegou a ter 4 milhões de membros (outros dizem serem
5 milhões) na década de 19202 , incluindo muitos políticos. A popularidade do grupo caiu
durante a Grande Depressão e
durante a Segunda Guerra
Mundial[necessário
esclarecer].
Decadência: A perda de respeitabilidade da Ku Klux Klan[porquê?],
unida a divisões internas, levou à degradação de seu público, apesar de a organização continuar a realizar
expedições punitivas, desempenhando por exemplo o papel de supervisora de uma
agremiação de patrões contra os sindicalistas, cuja cota estava em alta
depois da crise de1929.
Marcha de integrantes da KKK emWashington, DC em 1928
Na década de 1930, o nazismo exerceu uma certa atração
sobre a Ku Klux Klan. Não passou disso, porém. A aproximação com os alemães foi
bruscamente encerrada na Segunda Guerra
Mundial, depois do ataque japonês à base estadunidense de Pearl Harbor, quando muitos membros se
alistaram no exército para
lutar contra o "perigo amarelo". Só faltava o tiro de misericórdia ao
império invisível. Em 1944, o serviço de
contribuições diretas cobrou uma dívida da Klan, pendente desde 1920.
Incapaz de honrar o compromisso, a organização morreu pela segunda vez.
Apesar de diversas tentativas de ressurreição (num âmbito
mais local que nacional), a Ku Klux Klan não obteve mais o sucesso de antes
da guerra. Finalmente, oStetson
Kennedy contribuiu para desmistificar a organização, liberando
todos os seus segredos no livro"Eu fiz parte da Ku Klux Klan". Alguns
klanistas ainda insistiram e suscitaram, temporariamente, uma retomada de
interesse entre os WASP (sigla em inglês para protestantes brancos anglo-saxões) frustrados, que não compunham
mais a maioria da população estadunidense.
Na década de 1950, a promulgação da lei contra
a segregação nas escolas públicas despertou novamente algumas
paixões, e cruzes se acenderam. Seguiram-se
batalhas, casas dinamitadas e novos crimes (29 mortos de 1956 a 1963,
entre eles 11 brancos, durante
protestos raciais). Os klanistas tentaram se reciclar no anticomunismo, combatendo os índios ou atenuando seu
anticatolicismo fanático.
As quimeras de Garvey
tinham quebrado a solidariedade dos negros num tempo das mais pesadas ameaças; num
tempo em que a Ku Klux Klan depois de 50 anos de
pausa retomava a sua atividade, e quem sabe se não preparava ainda comoções
mais terríveis do que aquelas a que tinha recorrido meioséculo antes.
Os métodos da Ku Klux Klan não se haviam modificado de
maneira sensível; agora, como antes, se balanceava (processo pelo qual se fazia
deslizar uma vítima manietada por uma estreita barra de aço, dolorosamente,
para cima e para baixo, a toda velocidade para criar atrito), espancava,
extorquia, boicotava, exilava, linchava e assassinava.
Mas nada surtiu grande efeito e o declínio da Klan já tinha
começado desde o fim da década de 1960, época em que só contava com algumas
dezenas de milhares de membros. Depois,
podia-se tentar distinguir os "Imperial Klans of America" dos
"Knights of the Ku Klux Klan", ou ainda dos "Knights of the
White Camelia", alguns dos vários nomes das tentativas de ressurgimento.
Mas os klanistas não eram mais uma organização de massa. Apesar das
proclamações tonitruantes e de provocações episódicas, as "Klans" não
reuniam mais do que alguns milhares de membros, comparáveis assim com outros
grupelhos neonazistas com
os quais às vezes mantinham relações. A organização não parece estar perto de
renascer uma segunda vez.
Cruz sendo queimada, atividade
introduzida por William J. Simmons, o fundador da segunda Klan em 1915.
Klan e daquilo que pudessem os noviços do século vinte idear em horrores, mercantilismo secreto, ameaças e
compromissos de maior responsabilidade. Os infernos passaram a chamar-se cavernas e as reuniões passaram a
realizar-se em grandes locais muitas vezes sob o céu aberto.
Não raro milhares de autos vinham reforçar, guardas a cavalo e a pé cercavam
o local e estavam presentes os utensílios com que se entusiasma qualquer bom
estadunidense: a bandeira das estrelas, a Bíblia aberta e o punhal desembainha do a fazer pano de fundo,
uma cruz em fogo,
na noite, projetava uma luz estranhamente
tranquilizadora sobre as filas dos agora uniformizados homens dos capuzes brancos.
De início a Klan só admitia como membros aquelas pessoas
oriundas de pais brancos estadunidenses, nascidas nos Estados Unidos; além disso, os pais não
podiam comungar na religião católica nem
pertencer à raça judaica. Mais tarde deixou-se caducar
a exigência de que os pais já deviam ser de nacionalidade estadunidense
pois este ponto prejudicara em muito a solícita procura de membros para a Klan
e a afluência de meios de contribuição de sócios. O candidato a aceitação era
submetido a interrogatórios e em seguida instruído de que a Klan exigia de
todos os seus membros obediência cega. Seguia-se o juramento, batismo, ordenação e apostasia, com a leitura dos parágrafos da
fé da Klan em que muito se tratava da raça branca e da religião cristã.
Os crimes que a nova Ku-Klux-Klan até a sua recente
proibição cometeu, sobretudo nos estados do Sul dos
Estados Unidos, são tão variados e numerosos, tão cuidadosamente
velados e tão intimamente amalgamados com as singularidades da vida pública
naqueles estados, que nunca seria possível abrangê-los a todos. A simples
crônica ou mesmo pequena revista, como nós aqui tentamos oferecer, nunca seria
capaz de exprimir como o que aconteceu foi caprichoso e horrível. O mundo teve
conhecimento aqui e ali de um registro especialmente alusivo nos jornais, mas depressa ele caiu no esquecimento da
consciência mundial, ainda que esta fatalidade passe à posteridade, pois que
não houve nenhum dos grandes escritores estadunidenses que alguma vez deixasse
passar em branco atuação tão vergonhosa.
Atualmente, a Ku Klux Klan conta apenas com um efetivo de Três
mil homens em todos os antigos "estados
confederados", apesar do baixo número de associados, muitos não
associados apoiam a organização.
Pan-africanismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O pan-africanismo é uma ideologia que propõe a união de todos
os povos de África como forma
de potenciar a voz do continente no contexto internacional. Relativamente
popular entre as elites africanas ao longo das lutas pela independência da segunda metade
do século XX, em parte responsável pelo
surgimento da Organização
de Unidade Africana, o pan-africanismo tem sido mais defendido fora
de África, entre os descendentes dosescravos africanos que foram levados
para as Américas até
ao século XIX e
dos emigrantes mais recentes.
Eles propunham a unidade política de toda a África e o
reagrupamento das diferentes etnias, divididas pelas imposições dos
colonizadores. Valorizavam a realização de cultos aos ancestrais e defendiam a
ampliação do uso das línguas e dialetos africanos, proibidos ou limitados pelos
europeus.
Pan-africanismo é um movimento político, filosófico e social
que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente
africano no âmbito de um único Estado soberano, para todos os africanos,
tanto na África como em diáspora.
A teoria pan-africanista foi desenvolvida principalmente
pelos africanos na diáspora americana descendentes de africanos escravizados e
pessoas nascidas na África a partir de meados do século XX como William
Edward Burghardt Du Bois, e Marcus Mosiah
Garvey, entre outros, e posteriormente levados para a arena política
por africanos como Kwame Nkrumah.
No Brasil foi divulgada amplamente por Abdias Nascimento.
Normalmente se consideram Henry Sylvester Williams e o Dr.
William Edward Burghardt Du Bois como os pais da Pan-Africanismo. No entanto,
este movimento social, com várias vertentes, que têm uma história que remonta
ao início do século XIX. O Pan-Africanismo tem influenciado a África a ponto de
alterar radicalmente a sua paisagem política e ser decisiva para a
independência dos países africanos. Ainda assim, o movimento tem conseguido
dois dos seus principais objetivos, a unidade espiritual e política da África,
sob o pretexto de um Estado único, e pela capacidade de criar condições de
prosperidade para todos os africanos.
Origens do termo
Pan-Africanismo ou Pan-africanismo, vem do grego, pan (toda)
e africanismo (referindo-se a elementos africanos). A origem do termo é
inserido na corrente filosófica política historicista do século XIX sobre o
destino dos povos. E a necessidade de a unidade de grandes conjuntos culturais
ou “nações naturais” a partir do expansionismo imperialista ocidental. É
discutido se a autoria da expressão pertence a William Edward Burghardt Du Bois
ou Henry Sylvester Williams.
Definição: Em meados do século XX o Pan-africanismo foi
explicado como a doutrina política defendida pela irmandade africana,
libertação do continente africano de seus colonizadores e ao estabelecimento de
um Estado que buscasse a unificação de todo o continente sob um governo
africano. Alguns teóricos como George Padmore acrescentaram a partir da Segunda Guerra
Mundial, que o governo panafricano deveria ser gerido segundo as
premissas dosocialismo cientifico. Outros teóricos
postularam o caminho do rastafarianismo político, que defende
um governo imperial.
Originalmente, o pan-africanismo centrava-se mais sobre a
questão racial que no geográfico. Ainda hoje há muitos que defendam o caminho
radicalista, visto os problemas de integração do norte da África, que conta com
uma historia diferenciada árabe, em uma unidade cultural coerente com a África
Subsaariana. Os objetivos do panafricanismo atual, ainda que sejam semelhantes
aos originais, mudaram.
História
Imagem de 1890 mostrando o
contraste entre norte-americanos ricos e a pobreza de ex-escravos negros.
No início do século XIX, a escravatura ainda estava em vigor no
sul dos Estados Unidos,
mas não no norte, graças um decreto de 1787,
que estabelecia o limite legal no Rio Ohio. Uma minoria de negros no norte
tinha atingido uma posição socioeconômica próspera e alguns dos representantes
desta classe começaram a desenvolver um sentimento de fraternidade racial que resultou no
movimento "de volta para a África". Entre eles Paul Cuffe, um negro
nascido livre, de pai africano e mãe ameríndia, que promoveu em 1815 uma tímida
experiência de repatriamento para a África, antecessora da Sociedade Americana
de Colonização fundadora da Libéria, mas os custos da empreitada
dissuadiram-no.
No substrato intelectual que propiciou os movimentos
abolicionistas, surgiram desde o início duas tendências na América do Norte:
por um lado, os que acreditavam que a escravatura iria acabar, de uma forma ou
de outra, e que era necessário encontrar uma casa para ex-escravos na África, a
sua terra de origem. Os britânicos tinham estabelecido uma colônia na Serra Leoa entre 1787 e 1808, que se
destinava às pessoas libertas dos barcos escravistas que capturavam.
O outro ponto de vista era dos que afirmavam que os
descendentes dos escravos deviam permanecer na América e que inclusive tinham
que ser capazes de uma subsistência independente. Mas, entre os mais acirrados
abolicionista, não se acreditava que a raça negra e a raça branca podiam viver
no mesmo espaço e prosperar sem um perpétuo conflito. Foi levado em
consideração e pensado pelas próprias pessoas negras que, de uma forma ou de
outra, seriam exploradas pelo sistema do homem branco, enquanto não tivessem a
sua própria pátria. O elevado custo de envio de tantas pessoas para a África,
fez com que a a segunda opção prevalecesse.
Cor da pele humana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Distribuição da cor da pele de grupos étnicos indígenos,
antes das colonizações, no
mundo, baseado na escala
cromática de Von Luschan (dados de R. Biasutti, 1940;
disputados).
A cor da pele humana varia entre quase preto
(devido à alta concentração do pigmento escuro melanina) para quase sem cor (aparentando
ser rosado devido avasos sanguíneos sob
a pele). A cor da pele é determinada
primariamente pela quantidade e tipo de melanina, o pigmento que dá à pele sua
cor. A variação da cor da pele ocorre em sua maior parte devido à genética. Em geral, pessoas com ancestrais
provenientes de regiões tropicais e maiores altitudes (fatores
que aumentam exposição aos raios ultravioleta) possuem pele de cores mais
escuras do que pessoas cujos ancestrais provém de regiões subtropicais. Porém, vários grupos étnicos
de cor da pele clara conseguiram sobrevier em regiões tropicais via adaptação
social, e vice-versa para grupos étnicos de cor da pele escura em regiões
subtropicais.
Classificação de Fitzgerald para a definição de cores de
pele, usando a escala de Von Luschan:
Tipo
|
Descrição da pele
|
Reação solar
|
Cor dos olhos e cabelos
|
|
I
|
Queima com frequência, raramente bronzeia.
|
A presença de sardas é frequente; cabelos ruivos, castanhos
ou loiros e olhos claros: azuis, verdes, cinzas e etc.
|
1-5
|
|
II
|
clara; europeu de pele clara4
|
Queima com frequência, às vezes bronzeia.
|
Cabelos claros ou escuros, e olhos azuis, verdes,
castanhos, cinzas e âmbares.
|
6-10
|
III
|
clara média; europeu de pele escura, ou ainda,caucasiano médio"4
|
Às vezes queima, bronzeia com frequência.
|
Geralmente, cabelos castanhos e olhos azuis, verdes,
castanhos, âmbares e, raramente, pretos.
|
11-15
|
IV
|
escura média; pessoas típicas do "Mediterrâneo"
(sul da Europa e norte da África), ou ainda, pele cor de oliva"4
|
Raramente queima, bronzeia com frequência.
|
Geralmente, cabelos castanhos escuros, pretos e olhos
azuis, verdes, castanhos ou, ainda, pretos.
|
16-20
|
V
|
Pele natural marrom-negra.
|
Cabelos pretos e olhos castanhos ou pretos.
|
21-28
|
|
VI
|
muito escura ou "negra"
|
Pele natural negra.
|
Cabelos e olhos pretos, com poucas variações.
|
29-36
|
Há discussões a respeito de detalhes na classificação, tais
como
a separação entre mestiços de diferentes combinações;
diferenciação entre os termos preto e negro;
diferenciação entre os termos pardo e moreno.
Estudos sobre a cor da pele
Os gregos antigos já especulavam sobre a natureza da cor da
pele. Segundo Teodectes,
a cor escura da pele era causada pela maior incidência de radiação
solar. Estrabão, porém, contra-argumenta que as crianças negras já nascem
com a pele escura, e dá a seguinte explicação:
A respeito das crianças no útero, elas se parecem com seus
pais (na cor), de acordo com uma disposição seminal e constituição, pelo mesmo
princípio que doenças hereditárias e outras semelhanças são explicadas
Diáspora africana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Presidente Luiz Inácio
Lula da Silva Abre a 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora,
realizada de 11 a 15 de julhode 2006, Salvador, Bahia, Brasil.
O Commons possui
multimídias sobreDiáspora africana
Diáspora africana — também chamada de Diáspora Negra —
é o nome que se dá ao fenômeno sociocultural e histórico que ocorreu em países
além África devido à imigração forçada, por fins escravagistas mercantis que
perduraram da Idade Moderna ao
final do século XIX, de
africanos (em especial africanos de pele escura chamados pela cultura ocidental de negros ou
afrodescendentes).
Contraste ao fomentado por interesses exploratórios,
dominativos pelo arrefecimento do poder alheio ou etnocêntricos — internos ou externos —
que se manifestam nas guerras de tribo e na anomia reais e estereotipadas do continente
africano em si, naAmérica e no
território geral de influência passada ou contemporânea do Ocidente onde houve
das colônias mercantilistas à base de escravos ao segregacionismo de
oportunidades racista científico ocorreu
um inverso.
Destituídos do que lhes conferia identidade quando
escravizados, muitos negros da época da escravatura — privados que fossem das
condições objetivas de prosperar na própria sociedade, do respeito como seres
humanos e da chance de constituir família — se uniram por meio desse desatino,
no perseguido ritualístico festivo e cerimonial na surdina das senzalas ou no
sentimento libertário de revolta que acontecia no sul do que deu origem
aos Estados Unidos,
criando o que se pode equivaler a uma cultura afrolocal não necessariamente
sectária mas — pouco raro via critério que foge às convenções comuns de
institucionalidade — instituída.
O termo foi cunhado por historiadores, movimentos civis e
descendência de ex-escravos recentes. Tanto quanto a existência prática do
fenômeno propriamente dito era logo evidenciada graças aos períodos da luta da
esquerda norte-americana pelo direito das minorias demográficas e sociais, da
queda do apartheid político na África do Sul, das ações afirmativas de caráter
compensatório e de novas tendências que iam do "Black is Beautiful" a
até o consegrar de atletas, personalidades da mídia e artistas de pele morena
ou preta no grande público.
Definições; Negros
A União Africana definiu a diáspora
africana como "[consistindo] de pessoas de origem africana vivendo fora do
continente, independentemente da sua cidadania e nacionalidade e que estão dispostos
a contribuir para o desenvolvimento do continente e a construção da União
Africana. "Seu ato constitutivo, declara que ela deve convidar e
incentivar a plena participação da diáspora Africana como uma parte importante
do nosso continente, no edifício da União Africana."
Entre 1500 e 1900, aproximadamente quatro milhões de
africanos escravizados foram transportados para as plantações de ilhas no Oceano Índico, cerca de oito milhões foram
enviados para países da zona do Mediterrâneo, e cerca de 11 milhões
sobreviveram à Middle
Passagem para o Novo Mundo. Seus descendentes são
encontrados ao redor do globo. Devido a casamentos mistos e assimilação
genética, somente que seja descendente da diáspora africana não é inteiramente
auto-evidente.
Populações da diáspora africana fora da África
sub-equatorial incluem:
Afro-americanos, Afro-caribenhos, Afro-latino-americanos e Negro
canadense - Descendentes de escravos da África Ocidental trazidos
para o Estados Unidos,
o Caribe, e América Latina durante o comércio
de escravos do Atlântico.
Zanj -
Descendentes dos escravos Zanj cujos
antepassados foram trazidos para o Oriente Médio e outras partes da Ásia
durante a tráfico
de escravos árabes. Siddis -
Descendentes dos escravos Zanj cujos
antepassados foram trazidos para o subcontinente
indiano (Paquistão e Índia). Também referido como o Makrani no
Paquistão.
Estimativa da população e distribuição
Continente / Pais
|
População
|
Afrodescendentes
|
3 população
|
39.148.115
|
73,2%
|
28.671.508
|
|
8.924.553
|
97,5% (90% negro)
|
8.701.439
|
|
9.507.133
|
91,5% (81% negro)
|
???
|
|
11.423.925
|
35,00% ( 35% negro)
|
3.998.374
|
|
2.804.332
|
97,4% (77% negro)
|
2.731.419
|
|
1.047.366
|
58,00%
|
607.472
|
|
3.958.128
|
8,00%
|
316.650*
|
|
307.451
|
85,00%
|
261.333
|
|
281.968
|
90,00%
|
253.771
|
|
225.369
|
85,00%
|
191.564
|
|
172.884
|
82,5%
|
142.629
|
|
118.432
|
85,00%
|
100.667
|
|
108.210
|
79,70%
|
86.243
|
|
90.343
|
95,00%
|
81.309
|
|
78.000
|
94,90%
|
63.000
|
|
66.536
|
61,20%
|
40.720
|
|
39.619
|
98,00%
|
38.827
|
|
47.862
|
60,00%
|
28.717
|
|
24.004
|
83,00%
|
19.923
|
|
26.000
|
34,00%
|
18.000
|
|
190.856.462
|
2,1%
|
4.017.583
|
|
62.752.136
|
3,0%
|
3.000.000
|
|
60.609.153
|
1,9% (inc. parcial)
|
2.015.400
|
|
60.448.163
|
2,3%
|
1.600.000
|
|
40.397.842
|
1,3%
|
505.400
|
|
16.491.461
|
1,8%
|
300.000
|
|
10.605.870
|
2,0%
|
201.200
|
|
141.594.000
|
0,12%
|
400.000
|
|
38.082.000
|
0,0%
|
4.500
|
|
4.339.000
|
1,1%
|
???
|
|
425.664.476
|
23,9%
|
101.532.873
|
|
301.270
|
31,00%
|
93.394
|
|
13.002.206
|
2,00%
|
260.044
|
|
7.066.403
|
< 0,01%
|
0*
|
|
7.639.327
|
2,00%
|
152.787
|
|
5.785.846
|
9,00%
|
520.726
|
|
4.195.914
|
3,00%
|
125.877
|
|
3.292.693
|
14,00%
|
460.977
|
|
45.013.674
|
21,00%
|
9.452.872
|
|
26.414.815
|
10,00%
|
2.641.481
|
|
770.794
|
36,00%
|
277.486
|
|
475.996
|
47,00%
|
223.718
|
|
199.509
|
66,00%
|
131.676
|
|
190.908.598
|
6,9%
|
13.252.000
|
|
13.927.650
|
3,00%
|
417.830
|
|
29.180.899
|
3,00%
|
875.427
|
|
9.247.816
|
1,1%
|
108.000
|
|
3.477.778
|
4,00%
|
139.111
|
|
6.831.306
|
< 0,1%
|
0*
|
|
16.454.143
|
< 0,1%
|
0*
|
|
40.677.348
|
< 0,1%
|
0*
|
|
440.244.038
|
11,8%
|
39.264.514
|
|
298.444.215
|
12,90%
|
38.499.304
|
|
33.098.932
|
2,7%
|
783.795
|
|
108.700.891
|
< 1,00%
|
103.000
|
|
21.000.000
|
0,9% (inc. parcial)
|
248.605
|
|
770.300.000
|
99%
|
767.000.000
|
|
Fora da África
|
5.821.000.000
|
2.,9%
|
168.879.165
|
Total
|
6.581.000.000
|
14,2%
|
936.384.565
|
Diáspora africana população[editar]
País
|
População
|
Posição
|
|||
85.783.143
|
1
|
||||
38.499.304
|
2
|
||||
9.452.872
|
3
|
||||
8.701.439
|
4
|
||||
7.985.991
|
5
|
||||
3.220.000
|
6
|
||||
3.000.000
|
7
|
||||
2.731.419
|
8
|
||||
2.641.481 – 6.999.926
|
9
|
||||
2.080.000
|
10
|
||||
1.126.894
|
11
|
||||
875.427
|
12
|
||||
783.795
|
13
|
||||
680.000
|
14
|
||||
610.000
|
15
|
||||
520.786
|
16
|
||||
Diáspora africana
|
|||||
Américas
|
Argentina · Belize · Bolívia · Brasil · Canadá · Caribe · Colômbia · Chile · Cuba · Costa Rica · Equador · Estados Unidos (imigração) · Guiana ·Jamaica · América Latina · México · Peru · Porto
Rico · Trindade
e Tobago · Uruguai
|
||||
Ásia
|
|||||
Alemanha · Irlanda · Itália · Polónia · Portugal · Rússia · Eslováquia · Reino Unido · (Afro-britânicos-comunidade caribenha)
|
|||||
Oriente Médio
|
|||||
Oceania
|
|||||
África
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Para outros significados, veja África
(desambiguação).
África
|
|
|
|
- Países
|
|
- Dependências
|
6
|
|
|
- Total
|
30 221 532 km²
|
- Maior país
|
|
- Menor país
|
|
Extremos de elevação
|
|
- Ponto mais alto
|
Kilimanjaro (5895
m)
|
- Ponto mais baixo
|
Lago Assal, Djibouti (155 m abaixo do nível do
mar)
|
|
|
- Total
|
|
- Densidade
|
30,51 hab./km²
|
A África é o terceiro continente mais extenso
(atrás da Ásia e da América) com cerca de 30 milhões de quilômetros
quadrados, cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do
planeta. É o segundo continente mais
populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de um
bilhão de pessoas (estimativa para 2005), representando cerca de um sétimo da
população mundial, e 54 países independentes.
Apresenta grande diversidade étnica, cultural, social e
política. Dos trinta países mais pobres do mundo (com mais problemas de subnutrição, analfabetismo, baixa expectativa de vida),
pelo menos 21 são africanos. Apesar disso existem alguns países com um
padrão de vida razoável, mas não existe nenhum país realmente desenvolvido na
África. A Líbia, Maurícia e Seichelestêm uma boa qualidade de vida. Ainda há outros países
africanos com qualidade de vida e índices de desenvolvimento razoáveis, como a
maior economia africana, a África do Sul e outros países
como Marrocos, Argélia, Tunísia, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
A África costuma ser regionalizada de
duas formas, a primeira forma, que valoriza a localização dos países e os
dividem em cinco grupos, que são a África setentrional,
a África Ocidental,
a África central,
a África Oriental e
a África meridional.
A segunda regionalização desse continente, que vem sendo muito utilizada, usa
critérios étnicos e culturais (religião e etnias predominantes em cada região),
é dividida em dois grandes grupos, a África Branca ou setentrional formado
pelos oito países da África do norte, mais a Mauritânia e o Saara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana formada
pelos outros 44 países do continente.
Etimologia
Africa era
o nome de vários povos que se fixaram perto de Cartago no Norte de África. O seu nome
é geralmente relacionado com os fenícios como afar, que significa
"poeira", embora uma teoria de 1981, tenha
afirmado que o nome também deriva de uma palavra de berbere, ifri,
palavra que significa "caverna", em referência à gruta onde residiam.
No tempo dos romanos, Cartago passou a ser a capital da
Província de África, que incluiu também a parte costeira da moderna Líbia. Os romanos utilizaram o sufixo
"-ca" denotando "país ou território". Mais tarde, o
reino muçulmano de Ifriqiya,
actualmente Tunísia, também
preservou o nome.
Outras etimologias têm sido apontadas como originárias para
a antiga denominação "África":
No século I, o historiador judeu Flávio Josefo (Ant. 1.15) afirmou ter
sido nomeado para Epher,
neto de Abraão, segundo o Génesis (25:4), cujos descendentes,
segundo ele, tinha invadido a Líbia.
aprica, palavra latina que significa
"ensolarados", mencionada por Isidoro de Sevilha (século
VI), em Etymologiae XIV.5.2
aphrike, palavra grega que significa "sem frio".
Esta foi proposta pelo historiador Leo
Áfricanus (1488-1554), que sugeriu a palavra
grega phrike(φρίκη, significando "frio e horror"), combinado com
o prefixo privativo "-um", indicando assim um terreno livre de frio e
de horror.
Massey,
em 1881, afirmou que o nome deriva do
egípcio af-rui-ka, que significa "para virar em direção a abertura
do Ka." O Ka é o dobro energético de cada
pessoa e de "abertura do Ka" remete para o útero ou berço. África
seria, para os egípcios, "o berço."
História
Pré-história, Antiguidade e Idade Média
As quatro colossais estátuas de Ramsés II na entrada do templo
de Abu Simbel, símbolos da civilização
do Antigo Egito.
O fato de estar presente o homem no continente africano teve seus
primórdios quando se iniciou a era quaternáriaou terminou a era terciária. A maioria dos restos de
hominídeos fósseis que os arqueólogos encontraram —australopitecos, atlantropos, homens
de Neandertal e
de Cro-Magnon —
em lugares diferenciados da África é a demonstração de que essa parte do mundo
é importante no processo evolutivo da
espécie humana e indica, até, a afirmação de ser possível que o homem tenha
suas origens nesse continente. A história da arte que vai entre opaleolítico e o neolítico tem suas semelhanças
comparáveis à de outras áreas dos continentes europeu e asiático, com diferença de locais onde as
regiões mais se desenvolveram. A maioria das zonas do interior do continente, meio
posto em isolamento, em contraposição ao litoral, tiveram permanência em épocas
estagiadas do período paleolítico, apesar de se começar a processar a
neolitização do território em 10000
a.C., com uma diversidade de graus acelerados.
O Norte da África é a região mais antiga
do mundo. O fato de a civilização egípcia florescer
e se inter-relacionar com as demais áreas culturais do mundo mediterrâneo teve
vínculo estreito nessa região, há milhares de séculos, com que se desenvolveu
geralmente a civilização
ocidental. As colônias que pertenciam à Fenícia, Cartago, o processo de romanizar o
continente, os vândalos que se
fixaram e o Império Bizantino que
influenciou tem deixado na totalidade da parte da África banhada pelo Mar Mediterrâneo uma
parte principal da cultura que posteriormente quem assimilou e modificou foram
os árabes, o que foi encontrado pela civilização
no continente africano a importância de um campo em que se expandiu e
consolidou a cultura muçulmana no
Norte da África. As áreas de expansão do Islã foram o Sudão, o Saara e
o litoral leste, favorecendo o acompanhamento das rotas de comérciodo interior da
África (escravos, ouro, penas de avestruz) e o estabelecimento de encraves
marítimos (especiarias,seda)
no Oceano Índico.
Naquela época, era conhecida pela África negra uma quantidade de impérios e estados que floresceram. Estes impérios e estados
nasceram de tal forma que os grandes clãs e tribos se
submeteram ao poder de um só soberano que era adepto do feudalismo e da guerra. Entre esses impérios de maior importância
figuram o de Aksum,
na Etiópia, que teve sua chegada ao apogeu no século XIII; o de Gana, que se desenvolveu do século V ao século XI e os estados muçulmanos que o
sucederam foram o de Mali (do século XIII ao século XV) e o de Songhai (do século XV ao século XVI); o reino Abomey de Benin (século XVII); e a confederação zulu do
sudeste africano (século XIX). Idades
Moderna e Contemporânea
Durante o século XV teve início o fato de que os
exploradores vindos da Europa tivessem
conquistado o litoral do Oeste da África.
O que estimulou essa exploração foi o objetivo de buscar novos caminhos para as
Índias, depois de os turcos fecharem o comércio no leste do Mar Mediterrâneo.
Os colonizadores de Portugal, da Espanha, da França, da Inglaterra e dos Países Baixos participaram da
competição para dominar o novo caminho mediante o fato de estabelecerem
feitorias no litoral e portos de embarque para comercializar os
escravos. Naquela época, foram realizadas as primeirasviagens científicas que
adentraram o interior do continente: Charles-Jacques Poncet na Abissínia, em 1700; James Bruce em 1770,
procurando o local onde nasce o Nilo; Friedrich Konrad Hornermann viajando
no deserto da Líbia sobre
a garupa de um camelo, em 1798; Henry Morton
Stanley e David Livingstone na bacia do Congo, em 1879.
Pessoas assistindo a um dos jogos daCopa do Mundo
FIFA de 2010, na África do Sul.
A partir do século XIX, as potências europeias se
interessaram por governar e ganhar dinheiro. Esse interesses econômicos e políticos deram estímulo ao fato de
penetrarem e colonizarem o interior da África. O fato de desejar a criação de
impérios que fizessem a extensão de litoral a litoral teve como rivais o Reino Unido (que conseguiu a ocupação
de uma faixa de norte a sul, do Egito à África do Sul, além de outras zonas que
colonizou no golfo da Guiné),
a França (que se estabeleceu no noroeste
da África, em parte do equadorafricano e em Madagascar) e, em quantidade pequena, Portugal (Angola, Moçambique, Guiné e uma diversidade de ilhas
estratégicas), Alemanha (Togo, Tanganica e Camarão), Bélgica (Congo Belga), Itália(Líbia, Etiópia e Somália) e Espanha (parte do Marrocos, Saara Ocidental e encraves na Guiné). A partilha da África teve
consumação formal na Conferência de
Berlim de 1884-1885, na qual foi firmado que a efetivação
ocupacional se principiasse como forma de legitimar a posse das colônias. Foi
acarretado pelo regime colonialista que
fossem destruídas ou modificadas as estruturas sociais,econômicas, políticas e religiosas da maioria do território
da África negra. As
colônias que proclamaram suaindependência, processo emancipatório que
se iniciou após a Segunda Guerra
Mundial e que se concluiu de maneira principal de 1960 até
1975, cuja gravidade de problemas de integrar os países ameaçou a hegemonia política das nações
africanas. Esses problemas resultaram das fronteirasarbitrárias como legado do
sistema colonialista, além da pobreza (o rápido crescimento da população africana é
mais elevado do fato de se produzir alimentos). Como dependem econômica e
politicamente das antigas metrópoles, a má administração, as tribos e as
ideologias que entraram em conflito, o que agravou tudo isso foi o fato de
as cidades
aumentarem sua população. Estas são as principais barreiras que
impedem que os novos países se desenvolvam. Os governos desses países,
majoritariamente de caráter militar ou presidencialista, tem tendência à adoção de
políticas socializantes que tem por objetivo libertar os países das potências
estrangeiras. O fato de os países cooperarem coletivamente para a solução
desses problemas deu origem a uma diversidade de organizações supranacionais
que se baseiam na ideia do pan-africanismo, ou unificar a totalidade
dos povos africanos em torno dos interesses comuns; a mais relevante é a Organização
da Unidade Africana (OUA).
Mapa climático da África de acordo com
a Classificação
climática de Köppen-Geiger, antes do Sudão do Sul.
A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e liga-se à Ásia na sua
extremidade nordeste peloistmo de Suez.
No entanto, a África ocupa uma única placa tectônica, ao contrário da Europa que
partilha com a Ásia a placa Euro-asiática.
Do seu ponto mais a norte, Ras ben Sakka, em Marrocos, à latitude 37°21' N, até ao ponto
mais a sul, o cabo das Agulhas na África do Sul, à latitude 34°51'15'' S, há
uma distância de aproximadamente 8 000 km. Do ponto mais ocidental de
África, o Cabo Verde,
no Senegal, à longitude 17°33'22'' W,
até Ras Hafun naSomália, à longitude 51°27'52'' E, são
cerca de 7 400 km.
Para além do mar Mediterrâneo, a norte, a África é banhada
pelo oceano Atlântico na
sua costa ocidental e pelo oceano Índico do lado oriental. O
comprimento da linha de costa é de 26 000 km. A área territorial da
África é de pouco mais de 30 milhões de quilômetros
quadrados, já que é o terceiro continente mais extenso do mundo. A
África é atravessada por três grandes paralelos terrestres de leste para
oeste: Linha do Equador, Trópico de Câncer e Trópico de
Capricórnio, além do Meridiano de
Greenwich, no sentido norte-sul. A África tem cinco diferentes fusos
horários.
Os principais acidentes geográficos litorâneos são o golfo da Guiné no Atlântico Sul; e o estreito de
Gibraltar, do Oceano Atlântico até o mar Mediterrâneo. Na parte
oriental do continente está localizada a península da Somália, que os geógrafos
também a chamam de Chifre da África no Brasil ou "Corno de África" em Portugal,
e o golfo de Aden,
cujo acidente geográfico que forma golfo, propriamente dito, são as águas do
oceano Índico. O golfo de Aden tem limites com a península Arábica,
que é pertencente à Ásia. Na parte meridional, está localizado o cabo da Boa
Esperança. Na África não existem muitas ilhas adjacentes.
No Atlântico, estão localizadas as Ilhas Canárias, inclusive os arquipélagos
de São Tomé e Príncipe e
de Cabo Verde. No Oceano Índico é encontrada
uma ilha de maior extensão, Madagáscar, e outras pequenas que são os
arquipélagos denominados Comores, Maurícioe Seychelles. Distinguem-se na África
os climas equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo.
O clima equatorial, quente e úmido o ano
todo, abrange parte da região centro-oeste
do continente; o clima tropical quente
com invernos secos domina
quase inteiramente as terras africanas, do centro ao sul, inclusive a ilha
de Madagascar; o clima desértico, por sua vez,
compreende uma grande extensão da África, acompanhando os desertos do Saara e de Calaari; finalmente, o clima mediterrâneo manifesta-se
em pequenos trechos do extremo norte e do extremo sul do continente,
apresentando-se quente com invernos úmidos.
A pluviosidade na
África é a principal responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens
africanas. As chuvas ocorrem com abundância na região equatorial, mas são
insignificantes nas proximidades do Trópico de Câncer,
onde se localiza o Deserto do Saara, e do Trópico de
Capricórnio, região pela qual se estende o Calaari. Localizados no
interior do território africano, os desertos ocupam grande parte do
continente. Relevo
Monte Kilimanjaro,
na Tanzânia, o ponto mais alto do continente
africano, com 5 895 metros de altura.
O relevo da
África é, em sua maioria, formada por planaltos. É apresentada pelo continente
uma altitude média de mais de 750 metros. As formas de relevo que ocupam
todas as regiões centro e oeste são planaltos
que se erodiram com intensidade. As rochas muito
antigas constituem os planaltos. E os planaltos, propriamente ditos, tem
limites com grandes escarpamentos.
São contornadas pelos planaltos as depressões que
os rios atravessam, nas quais também são encontrados
lagos e bacias hidrográficas de
maior extensão, das quais podemos citar os rios Nilo, Congo, Chade, Níger,Zambeze, Limpopo, Cubango e Orange. Ao longo do litoral, estão situadas as planícies costeiras, por vezes com
muita vastidão, como as planícies do Níger e do Congo.
No leste da África são encontradas um de seus aspectos
físicos que mais se destacam: uma falha geológica que se estende no
sentido norte-sul, o Grande Vale do Rift,
em que são sucedidas montanhas, algumas
que no passado geológico eram meros vulcões e depressões de maior
extensão. É nessa região que estão
localizados os maiores lagos do
continente, cujas altas montanhas circundam-nos,
de mencionar o Kilimanjaro(5895
m), o monte Quênia (5199
m) e o Ruwenzori (5109 m).
Podem ser destacados ainda dois grandes conjuntos formados
pela elevação de terras, um na parte setentrional e outro na parte meridional
do continente:
a Cadeia do Atlas,
pela qual é ocupada a região setentrional (Marrocos, Argélia e Tunísia). Sua formação é muito recente e
são apresentadas pela Cordilheira do Atlas as montanhas cujos picos chegam
a atingir 4000 m de altitude;
a Cadeia
do Cabo, na África do Sul tem passado geológico
muito antigo e seu ponto mais alto são os montes Drakensberg, com altitude superior a 3400 m
de altitude.
Dando por completo uma visão do relevo da
África, é possível a observação do fato de existir antigos maciços montanhosos em pontos diferenciados do
continente: o da Etiópia, que se formou
desde erupções de vulcão, o de Fouta Djalon e o de Hoggar, além de muitos outros.
O clima equatorial, quente e úmido o ano
todo, abrange parte da região centro-oeste
do continente; o clima tropical quente
com invernos secos domina
quase inteiramente as terras africanas, do centro ao sul, inclusive a ilha
de Madagascar; o clima desértico, por sua vez,
compreende uma grande extensão da África, acompanhando os desertos do Saara e de Calaari; finalmente, o clima mediterrâneo manifesta-se
em pequenos trechos do extremo norte e do extremo sul do continente,
apresentando-se quente com invernos úmidos. A pluviosidade na África é a principal
responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens africanas. As chuvas ocorrem
com abundância na região equatorial, mas são insignificantes nas proximidades
do Trópico de Câncer,
onde se localiza o Deserto do Saara, e do Trópico de
Capricórnio, região pela qual se estende o Calaari. Localizados no
interior do território africano,
os desertos ocupam grande parte do continente.
Hidrografia
A África possui rios muito
extensos e volumosos, por estarem localizados em regiões tropicais e equatoriais. A maior importância cabe
ao rio Nilo, o segundo mais extenso do mundo
(após o Solimões-Amazonas), cujo comprimento é superior a
6500 km. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, percorre o nordeste africano e deságua no mar Mediterrâneo.
Forma, com seus afluentes, uma bacia
de quase três milhões de quilômetros quadrados. O vale do Nilo, abaixo da confluência entre o
Nilo Branco e o Nilo Azul, apresenta um solo extremamente fértil, no qual se
pratica intensamente a agricultura. As
grandes civilizações egípcia e deMeroé, na Antiguidade, existiram em parte em função
do seu ciclo anual de cheias.
Além do Nilo, outros rios importantes para a África são
o Congo, o Níger e o Zambeze. Menos extensos, mas igualmente
relevantes, são o Senegal, o Orange, o Limpopo e o Zaire.
No que se refere aos lagos,
a África possui alguns extensos e profundos, a maioria situada no leste do
continente, como o Vitória, o Rodolfo e o Tanganica; este último, com quase 1500
metros de profundidade,
evidencia com mais ênfase a grande falha geológica na qual se alojaram os Grandes Lagos
Africanos. O maior situado na região centro-oeste é
o Chade.
Flora e fauna
Nas áreas de clima equatorial as chuvas são
abundantes o ano inteiro; graças à pluviosidade, a vegetação dominante é
a floresta equatorial.
Ao norte e ao sul dessa faixa, onde o verão é menos úmido, aparecem as
savanas, que constituem o tipo de vegetação mais abundante no continente.
Circundam essa região zonas em que as temperaturas são mais amenas, a
pluviosidade menor e as estações secas bem pronunciadas, como
o Sahel. Ao longo do litoral do mar Mediterrâneo e
da África do Sul,
sobressai a chamada vegetação mediterrânea, formada por arbustos e gramíneas. No sul do continente, é
importante a província
florística do Cabo. Como parte significativa de sua vegetação está preservada, a África
conserva ainda numerosos espécies de sua fauna:
a floresta equatorial constitui
abrigo, principalmente, para aves e macacos; as savanas e estepesreúnem antílopes, zebras, girafas, leões, leopardos, elefantes, avestruzes e animais de grande porte
em geral. Regiões
Agrupar os países da África em conjuntos
homogêneos não constitui tarefa simples. Entretanto, por razões didáticas,
vamos dividir o continente em cinco regiões principais: Norte da África, África Ocidental,
África Centro-ocidental, África Centro-oriental e África Meridional.
Norte da África
Inclusão por critérios geográficos
O Norte da África, também chamado de África
Setentrional e de África do Norte, é a mais extensa região do continente,
comportando três subdivisões: os países do Maghreb, os países do Saara e o vale do Nilo.
A palavra maghreb, de
origem árabe, significa
"onde o Sol se põe", ou seja, o ocidente. Os países do Maghreb são Marrocos, a Argélia, a Tunísia, a Mauritânia e a Líbia. Na paisagem, os traços físicos mais marcantes
são a Cadeia do Atlas,
junto ao Mar Mediterrâneo,
e o grande Deserto do Saara em
que se distinguem dois trechos: um dominado por dunas arenosas,
conhecido por Erg, e outro bastante pedregoso, denominado Hamadas.
O clima da região é do tipo mediterrânico na
vertente norte do Atlas e
do tipo desértico ao
sul dessa cadeia. A população distribui-se de modo irregular:
é densa nas áreas mais úmidas e,
naturalmente, escassa nas áreas desérticas, onde predominam os árabes e os berberes, que geralmente professam o islamismo. Em virtude de condições naturais
desfavoráveis, a agropecuária é
pouco desenvolvida, embora empregue grande parte da população ativa desses
países. Destaca-se a agricultura mediterrânea,
em que se cultivam vinhas, oliveiras, cítricos e tâmaras. Pratica-se a pecuária extensiva nas áreas semiáridas e a pecuária nômade
no deserto. Ricos em minérios, de que são grandes exportadores, os países do Maghreb conseguiram implantar vários
centros industriais de destaque, como Argel, Túnis, Orã, Casablanca, Rabat, Fez e Marrakesh, que são algumas das maiores e
mais belas cidades da África.
A Argélia é rica
em petróleo e gás natural, sendo também membro da OPEP. Marrocos e Tunísia são grandes exportadores
de fosfatos, matéria-prima para a indústria de fertilizantes.
O Deserto do Saara na Líbia.
O vasto Deserto do Saara se estende por
diversos países, mas é o traço físico que nos
permite agrupar Mauritânia, Mali, Níger, Chade e Líbia na mesma sub-região. A aridez do solo e
a predominância do clima desértico não favorecem as atividades
econômicas; a agricultura só
é possível junto aos oásis e em curtos
trechos do litoral. Entretanto, o subsolo apresenta significativas
reservas de petróleo, gás natural, ferro eurânio.
Apesar de Egito e Sudão também se encontrarem em meio
ao Deserto do Saara,
a presença do Nilo permite que os agrupemos em outra sub-região. Formado
pelos rios Nilo Branco e Nilo Azul, o Nilo
atravessa todo o território desses países, proporcionando melhores condições
de vida para suas populações.
O vale por onde corre
apresenta um solo extremamente fértil, no qual se pratica intensamente a agricultura. Em consequência desse fato,
Egito e Sudão contam com uma população numericamente superior à dos
outros países em que o deserto se faz presente.
O Cairo é, por exemplo, a mais
populosa cidade africana e uma das maiores do
mundo, com mais de 11 milhões de habitantes.
Pouco significativa no Sudão, a indústria é no Egito mais desenvolvida
e diversificada, notadamente a siderúrgica, a elétrica e
a têxtil, bem
como as deproduto químicos e alimentícios. Também em solo egípcio
e sudanês encontram-se reservas de petróleo e gás natural, além de ferro, fosfato e potássio.
África Ocidental
África Ocidental (sub-região da ONU)
Maghreb, uma região
separada.
Essa região situa-se
entre o deserto do Saara e
o golfo da Guiné e
abrange 17 países independentes, alguns de
reduzida área territorial.
Os terrenos são antigos e, por essa razão, bastante erodidos, verificando-se a presença de formações
rochosas cristalinas. Devido à sua posição geográfica, a região
apresenta clima equatorial,
com áreas de savanas ao norte e densas florestas ao sul, onde os índices
de pluviosidade são mais elevados.
Em virtude dessas características, a África Ocidental possui densidade
demográfica maior que a da região do Saara. Concentra-se na Nigéria 60% de sua população, composta por negros do grupo sudanês.
Todos os países são economicamente subdesenvolvidos, constituindo a agricultura sua atividade
predominante. A lavoura de
subsistência alterna-se com o cultivo de produtos tropicais
destinado à exportação - café, cacau, amendoim, banana e borracha.
A industrialização local,
em expansão, depende em grande parte do capital estrangeiro.
Os países mais desenvolvidos no setor são: Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.
África Central
Essa região agrupa quatro países: República Centro-Africana,Congo, República
Democrática do Congo e Angola. Situa-se na porção equatorial do continente, limitada
pelo Atlântico a oeste e
por altas escarpas montanhosas e grandes falha mentos a
leste, verificando-se, no restante território, a alternância de planaltos e planícies cortados por rios caudalosos.
O clima é quente e úmido nos países mais
ao norte, verificando-se aí a presença de florestas
equatoriais. Mais para sul da região predominam o clima tropical e a formação vegetal
das savanas. Trata-se de uma região de baixa densidade
demográfica, cuja população compõe-se basicamente de
negros, pertencentes em sua maioria ao grupo banto. As principais concentrações humanas ocorrem
no Zaire e em Angola. A agricultura assemelha-se à da África Ocidental.
A exploração mineral é muito importante para o Zaire e Angola, onde se
encontram jazidas de cobre, cobalto, manganês e ferro.
O extrativismo
vegetal, notadamente de madeira, reforça a economia da região.
Como em quase todo o continente, as indústrias são escassas, mas as
descobertas de lençóis petrolíferos na
faixa litorânea e o grande potencial
hidrelétrico desses países oferecem-Ihes perspectivas de
progresso.
África Oriental
Federação
da Rodésia e Niassalândia(extinta)
Outros países por vezes considerados nesta
região
Compreendida entre a Bacia do rio Congo e as águas do mar Vermelho e do oceano Índico, esta região agrupa dez
países: Eritreia, Etiópia, Djibuti, Somália, Quênia, Tanzânia, Uganda, Ruanda, Burundi eSeychelles. A paisagem é bastante diversificada,
verificando-se, em meio a poucas planícies e planaltoselevados, a presença de maciços montanhosos, grandes falha mentos,
muitos vulcões e lagos.
Predomina oclima tropical,
com temperaturas atenuadas pela altitude. A vegetação também oferece um quadro
variado:florestas equatoriais, savanas, estepes e formações típicas de áreas desérticas.
A sua composição étnica revela-se
também não homogênea: na península da Somália, conhecida como "Chifre da África"
ou "Corno de África" por causa do formato peculiar, a população predominante é de negros do grupo banto, ao passo que em outras áreas encontra-se
expressivo número de camitas, árabes,indianos e europeus. O contingente que habita a zona
rural é mais numeroso do que o urbano; dentre as cidades, destacam-se Nairóbi, Mogadíscio e Adis-Abeba. A economia regional baseia-se na agricultura, que, organizada principalmente
segundo o sistema deplantation, dedica-se
aos produtos de exportação, como o café e o algodão. Os escassos recursos minerais
consistem em pequenas jazidas de ouro, platina, cobre, estanho e tungstênio. Também nessa região a industrialização não
atingiu um satisfatório grau de desenvolvimento
econômico. A África Centro-oriental é uma das
regiões mais pobres e conflitadas do continente e
tem vivido crises de seca e fome (Somália
e Etiópia) e sangrentos conflitos étnicos, como entre hutus e tutsis em Ruanda e Burundi.20
África Meridional
Esta região, atravessada
pelo Trópico de
Capricórnio, é composta de doze Estados independentes. Em seu relevo
predominam planaltos circundados pelas baixas altitudes da faixa litorânea. Em
correspondência com o clima, que varia do tropical úmido ao desértico (na região do Calaari), passando pelo mediterrâneo,
encontra-se uma vegetação também diversificada, em que se verifica a presença
de savanas, estepes e até mesmo florestas (junto à costa do oceano Índico). As reservas minerais constituem seu principal
sustentáculo econômico. Destaca-se a mineração na África do Sul (ouro, diamantes, crômio e manganês) e na Zâmbia (cobre e cobalto). Como atividade geradoras de renda
pode-se citar ainda a agricultura,
representada por produtos de clima mediterrâneo (vinhas, oliveiras efrutas)
e de clima tropical (cana-de-açúcar, café, fumo e algodão), além da criação extensiva
de gado bovino. Na África do Sul, o país mais
industrializado do continente, as indústrias concentram-se nas regiões
metropolitanas de Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durban. Este país teve a segregação racial oficializada
pelo apartheid. Através desse regime, 15,5% da
população, formada por brancos, dominava o
país até 1994. As desigualdades sociais entre brancos e não-brancos são muito grandes.
A Namíbia, país
independente desde 1990, esteve subordinada à África do Sul
durante 70 anos. Originalmente colonizada por alemães, passou para o controle
sul-africano após a Primeira Guerra
Mundial. O primeiro governante eleito da Namíbia independente
foi Sam Nujoma, líder do movimento guerrilheiro
por 30 anos.
África é o terceiro continente em extensão territorial, e o segundo continente mais populoso (atrás da
Ásia) com cerca de um bilhão de pessoas (estimativa para 2005), representando
cerca de um sétimo da população do mundo,
cifra que lhe confere uma densidade
demográfica de cerca de 30 habitantes por quilômetro.
Essa pequena ocupação demográfica encontra explicações nos
seguintes fatores: grande parte do continente é ocupada por áreas desfavoráveis
a concentrações humanas: desertos,florestas densas e emaranhadas e formações vegetais típicas de solos pobres;
os índices de
mortalidade são muito altos; embora tenham diminuído nos
últimos 50 anos, ainda se mantêm superiores aos de outros continentes;
a África é um continente que recebeu correntes migratórias; ao contrário, perdeu
inúmeros habitantes na época do tráfico de escravos.
A população africana caracteriza-se
também pela distribuição irregular. O vale do Nilo, por exemplo, possui densidade de
500 hab./km2, enquanto os desertos e
as florestas são praticamente
despovoados. Outros pontos de alta densidade são o golfo da Guiné, as áreas férteis em torno
do Lago Vitória e
alguns trechos no extremo norte e no extremo sul do continente. As regiões
das savanas, de maneira geral, são áreas de
densidades demográficas médias. Poucos países africanos apresentam
população urbana numericamente superior à rural;
entre os que se enquadram nesse caso estão Argélia, Líbia e Tunísia.
A quase totalidade dos países africanos exibe
características típicas do subdesenvolvimento: elevadas taxas de natalidade e
de mortalidade,
bem expectativa de vida muito baixa. Resulta desses fatores a preponderância de
jovens na população, que, além de apresentarem menor produtividade, requisitam
grandes investimentos em educação e nível de emprego.
Em correspondência com os diferentes ramos étnico-culturais, encontram-se na África
três religiões principais: o Islã, que se manifesta sobretudo
na África Branca,
mas é também professado por numerosos povos negros; o cristianismo, religião levada por missionários e
professada em pontos esparsos do continente; e as religiões
tradicionais africanas centradas no animismo, seguido em toda a África Negra. Esta última corrente
religiosa, na verdade, abrange grande número de seitas politeístas, que possuem em comum a crença
na força e na influência dos elementos
da natureza sobre o destino dos homens.
Da mesma forma que as religiões, existem inúmeras línguas no continente: várias línguas
de origem africana e os idiomas introduzidos pelos colonizadores, utilizados
até hoje. Os principais são: árabe, inglês, francês, português, espanhol e africâner,
língua oriunda do neerlandês,
falada pelos descendentes de neerlandeses, alemães e franceses da África do Sul e da Namíbia.
Cinco dos países de África foram parte do Império Português e
usam a língua portuguesa como oficial (ver PALOP).26 Em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe ainda
são falados crioulos de
base portuguesa.
Urbanização: Lista das maiores áreas metropolitanas da África
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1
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11 001 000
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2
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10 578 000
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||||||||||
3
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8 754 000
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4
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7 151 447
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||||||||||
5
|
6 346 000
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||||||||||
6
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5 172 000
|
||||||||||
7
|
4 772 000
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||||||||||
8
|
4 387 000
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||||||||||
9
|
4 364 541
|
||||||||||
10
|
4 125 000
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Composição étnica
Mapa etnolinguístico do continente africano (1996) (em inglês).
A maior parte da população africana é constituída por
diferentes povos negros, mas há
expressiva quantidade de brancos, que vivem
principalmente na porção setentrional do continente, ao norte do Deserto do Saara, por isso mesmo denominada
"África Branca".
São principalmente árabes e berberes, mas incluem também os tuaregues; aparecem ainda, embora em menor
quantidade, judeus e descendentes de europeus.
A sul do Saara estende-se a chamada "África Negra", povoada por grande
variedade de grupos negroidesque se
diferenciam entre si por diferenças culturais, como as religiões que professam e a grande
diversidade de línguas que falam.
Os grupos mais importantes são: bantos: são
numericamente superiores aos demais grupos. Habitam a metade sul do continente
e têm como atividades principais a criação de gado e
a caça. Constituíram o segundo maior contingente de africanos trazidos ao Brasil. nilóticos: são encontrados na região do
Alto Nilo e caracterizam-se pela estatura
elevada.
pigmeus: de pequena
estatura, vivem principalmente na Floresta do Congo e em seus arredores,
onde sua subsistência na caça e na coleta de raízes.
bosquímanos ou khoisan: habitam a região do Deserto de Kalahari, sendo atualmente
pouco numerosos; distinguem-se como grandes
caçadores de antílopes e avestruzes.
Além dos negros, encontramos na
África os malgaxes, povo de origem malaia que habita a ilha de Madagáscar, os indianos trazidos pelos colonizadores
ingleses e portugueses para a África Oriental, além de um pequeno número
de imigrantes chineses e
de origem europeia.
Problemas socioeconômicos
Existe no mundo uma diversidade de regiões que a fome atinge.
A fome é a causa de morte para milhares de pessoas anualmente. Os principais
focos são o Haiti, a Indochina, a Índia, Bangladesh e a Região
Nordeste do Brasil. Mas não há outro lugar onde ocorre a
disseminação do problema a não ser na África. Apesar disso, a fome atinge com
dureza trinta países, em primeiro lugar, principalmente aqueles que se
localizam nas áreas adjacentes do deserto do Saara. Por esse motivo, com
alguma frequência a associação da fome está relacionada com o clima árido e as
precipitações irregulares. O clima adverso, porém, apenas faz a amplitude
da miséria da maioria dos cidadãos
africanos, que vivem numa posição inferior à linha da pobreza e às péssimas
condições de que podem sobreviver. Outros fazem a contribuição para a
composição desse quadro dramático.
Para o profundo entendimento de tudo aquilo que causou a
fome na África é importante é a volta no tempo à época em que foi colonizada,
quando os europeus introduziram o sistema de plantation para realizar a produção de
gêneros que se destinam à exportação, tornando reduzida a área de
cultivos de subsistência (milho, sorgo, mandioca, etc.). A maioria dos países
africanos exportadores, por valores flutuantes, matérias-primas para os países
ricos e que fazem a importação, a preços caríssimos, alimentos para suas populações que
passam fome.
Com a agricultura
extensiva, o homem derruba as matas e em seus limites ocorre o
avanço do deserto. A produção necessária para exportar não permite que seja
praticado o sistema de descansar a terra, que se esgota com rapidez e mesmo
assim o fato de utilizar fertilizantes é de difícil
recuperação. Geralmente, dessa forma, houve a diminuição da produtividade
agrícola em muitos países africanos. O fato de introduzir a pecuária extensiva,
em consequência da pecuária nômade, que se pratica de maneira tradicional no
continente, também é causadora de danos às paisagens africanas, pois ocorre a
morte dos rebanhos com as pastagens que se reduziram, sendo que a fome os
atinge, igualmente à população.
Outro problema é o descompasso existente entre o
enorme crescimento
populacional e o reduzido crescimento, ou mesmo estagnação, da
agropecuária. Apesar das elevadas taxas de mortalidade
infantil e geral, da ineficácia dos serviços de saúde e das inúmeras doenças, a população africana cresce em
níveis muito altos. A todos esses problemas é preciso acrescentar outro, ainda
mais marcante: as guerras. A colonização da
África impôs divisões políticas que nunca coincidiram com as
divisões tribais e, atualmente, guerras entre tribos agravam ainda mais a fome
e a mortalidade no continente.
Quando o problema torna-se agudo demais, é comum
organizarem-se campanhas nos países mais ricos. Essas campanhas, no entanto,
conseguem apenas atenuar o problema, pois atacam as suas consequências e não as
suas causas. Além disso, nem todos os recursos provenientes dessas campanhas
chegam a seu destino, pois a rede de transportes e demais serviços de infraestrutura extremamente
precários fazem com que parte dos alimentos enviados não alcance as populações
mais isoladas.
Racismo
"For use by white persons" (em português:
"Para uso de pessoas brancas") – placa da era do apartheid, na África do Sul.
Em nenhuma outra parte do mundo a questão racial assumiu
questões tão graves como na África do Sul. Embora os negros, mestiços e indianos constituam 86% da população, eram os brancos que detinham todo o poder político,
e somente eles gozavam de direitos civis.
A origem desse sistema, denominado apartheid, data de 1911, quando os africânderes (descendentes de
agricultores holandeses que
emigraram para a África do Sul) e os britânicos estabeleceram uma série de leis
para consolidar seu domínio sobre os negros. Em 1948, a política de segregação
racial foi oficializada, criando direitos e zonas residenciais para brancos,
negros, asiáticos e mestiços.
Na década de 1950, foi fundado o Congresso
Nacional Africano (CNA), entidade negra contrária àsegregação racial na
África do Sul.29 Em 1960, o CNA foi declarado ilegal
e seu líder Nelson Mandela,
condenado à prisão perpétua.30 De 1958 a 1976, a política
do apartheid se fortaleceu com a criação dosbantustões, apesar dos protestos da maioria
negra.
Diante de tal situação, cresceram o descontentamento e a
revolta na maioria subjugada pelos brancos; os choques tornaram-se frequentes e
violentos; e as manifestações de protesto eram decorrência natural desse quadro
injusto. A comunidade
internacional usou algumas formas de pressão contra o governo sul-africano, especialmente no
âmbito diplomático e econômico, no sentido de fazê-lo abolir a
instituição do apartheid.
Governo e política
Colonização europeia e guerras
Mapa de África Colonial em 1913.
A atual divisão política da
África somente se configurou nas décadas de 60 e 70. Durante séculos, o continente foi
explorado pelas potências europeias - Reino Unido, França, Portugal,Espanha, Bélgica, Itália e Alemanha -, que o dividiram em zonas
de influência adequadas aos seus interesses. Ao conseguirem a independência, os países africanos tiveram de se moldar
às fronteiras definidas pelos
colonizadores. Estas, por um lado, separavam de modo artificial grupos humanos
pertencentes às mesmas tribos, falantes dos mesmos dialetos e praticantes dos
mesmos costumes e submetia-os, por outro
lado, à influência de valores europeus.
Em muitos desses novos países, após a independência, houve
inevitáveis revoltas separatistas e golpes de Estado que terminaram por
instaurar ditaduras. Seguindo diretrizes capitalistas ou socialistas, os governos assim constituídos
distinguiam-se sempre pela perseguição política, que chegava a culminar
em torturas e massacres dos
opositores.
Em grande parte dos casos, a independência política não foi
total, pois geralmente os novos países mantiveram laços econômicos com as
ex-metrópoles e, durante a Guerra Fria, alguns ligaram-se às grandes
potências (Estados Unidos e
extinta União Soviética)
em busca de assistência militar e econômica.
De tudo isso resulta a existência de muitos focos de conflito no continente. Em alguns
casos trata-se de lutas de caráter político: grupos que pretendem conquistar o
poder se confrontam com os que detêm o domínio da região. Em outros, o motivo principal é o
separatismo, originado pela artificialidade das fronteiras coloniais herdadas.
A África detém grandes reservas minerais, destacando-se o ouro e
os diamantes da África do Sul, do Zaire e
de Gana, que respondem pela maior parte da
produção mundial. É igualmente rica em fontes energéticas como petróleo e gás natural, explorados principalmente
na Nigéria, no Gabão, na Líbia, na Argélia e no Egito.
O subsolo africano
fornece também em abundância os seguintes minerais: antimônio (África do Sul), fosfatos(Marrocos, grande produtor mundial), manganês (Gabão e África do
Sul), cobre (Zâmbia e Zaire), urânio(África do Sul e Gabão).
Apesar da diversidade de minerais encontrada em seu subsolo,
a África revela-se um continente pobre, o que é explicado pelo fato de a
exploração das riquezas minerais estar a cargo de companhias europeias ounorte-americanas. Estas, ao se instalarem,
implantam na região uma infraestrutura - equipamentos, técnica se meios de transporte -
visando exclusivamente à extração e exportação das riquezas em estado bruto para os países industrializados, de modo que a maior
parte dos lucros provenientes desse setor acaba se encaminhando para fora do
continente.
A caça, a pesca e
a coleta de produtos
naturais ainda constituem importantes fontes de renda para a
grande parcela da população africana. No extrativismo
animal, figuram em primeiro plano o comércio de couro e
de peles em Burkina Faso, Botsuana e Djibuti, e o de marfim na África do Sul, Congo, Moçambique e Gabão. O extrativismo
vegetal fornece como principais produtos: madeiras, resinas e especiarias, nos países cobertos
parcialmente pela floresta equatorial; óleo
de palmeira, no Benim e na Costa do Marfim; tâmaras, nos países desérticos.
Agropecuária
A agricultura do
continente africano apresenta-se sob duas formas: a de subsistência e
a comercial. A primeira é rudimentar,
itinerante e extensiva - planta-se em grandes extensões de terra, que são cultivadas anos seguidos,
até ocorrer o esgotamento do solo. Em seguida, busca-se
outra área, em que se repete o mesmo processo. Trata-se de um sistema pouco
produtivo, cujas colheitas abastecem, em geral, apenas os próprios
agricultores. Como principais produtos de cultivo citam-se inhame, mandioca, milho, sorgo, batata e arroz.
A forma comercial de agricultura está representada pela plantation, sistema introduzido pelos europeus no, período colonial; baseia-se na monocultura de gêneros tropicais em grandes extensões de
terra, com produção voltada para o mercado externo. Muitas vezes as
propriedades encontram-se sob o comando de grandes empresas agroindustriais, que encaminham os artigos
agrícolas para o processamento industrial. Enquadram-se nesse caso o algodão e a borracha, bem como o cacau,
o café e o amendoim.
Devido às condições naturais pouco propícias à criação
de gado bovino, a África tem na pecuária
uma atividade econômica de
limitado alcance, em geral praticada de forma nômade ou extensiva. O maior
destaque é para a criação de ovelhas na África do Sul e na Etiópia, além de pequenos rebanhos
conduzidos por nômades nas regiões de estepes. Nos países situados ao norte do Saara,
criam-se camelos e dromedários, animais de grande porte
utilizados como meio de transporte. Nessa
região, os rebanhos caprino e ovino também são significativos. Indústria e
transportes
A incipiente industrialização do
continente, por sua vez, está restrita a alguns pontos do território. Iniciou-se tardiamente, após o
processo de descolonização, motivo pelo qual as indústrias africanas levam
grande desvantagem em relação ao setor industrial altamente desenvolvido de
países do Primeiro Mundo,
ou mesmo de Terceiro Mundo,
mas industrializados, como o Brasil. Esse
distanciamento agrava-se dia a dia com o permanente aprimoramento industrial e
tecnológico dos países desenvolvidos.
Toda a sua estrutura econômica é extremamente frágil e
dependente, fato que se torna mais evidente no setor industrial: a escassez
de capitais,
a falta de mão de obra técnica
especializada e a insuficiência dos meios de transporte, aliados ao baixo poder
aquisitivo da população, compõem um
quadro nada propício ao desenvolvimento. Mesmo a grande variedade de matérias-primas, sobretudo minerais, que poderia ser utilizada para
promover a indústria africana,
é destinada basicamente ao mercado externo.
Gautrain, uma linha de
trem que ligaJoanesburgo à Pretória e ao Aeroporto
Internacional Oliver Tambo, na África do Sul.
Atuando nesse panorama, as modestas indústrias africanas
dedicam-se, em geral, ao beneficiamento de matérias-primas, como madeiras, óleos comestíveis, açúcar e algodão, ou ao beneficiamento de minérios para exportação.
Atraídas pelo baixo preço da mão-de-obra, da energia elétrica e
das matérias-primas,
muitas indústrias de
origem europeia e norte-americana instalaram-se no
continente, onde produzem a custo reduzidos artigos cuja exportação lhes possibilita altas
margens de lucro.
As indústrias têxteis e alimentares,
voltadas para o mercado interno, encontram-se em todos os países do continente,
enquanto na África do Sul,
no Egito e na República
Democrática do Congo estão instaladas as principais indústrias
de base (siderúrgicas, metalúrgicas, usinas hidrelétricas etc.).
Essa circunstância justifica o fato de a África do Sul e o Egito serem os
países mais industrializados do continente. O sistema de transportes, bastante precário, constitui
um entrave ao desenvolvimento industrial. Implantado pelos colonizadores, tinha como principal
finalidade possibilitar o escoamento de matérias-primas e gêneros agrícolas para os portos marítimos,
de onde os produtos seguiam para as metrópoles. Por isso, hoje a África
ressente-se da falta de uma rede rodoviária e ferroviária que interligue eficazmente
suasregiões.
A cultura da África
reflete a sua antiga história e é tão
diversificada como foi o seu ambiente natural ao longo dos milénios. A África é o território terrestre habitado há mais
tempo, e supõe-se que foi neste continente que a espécie humana surgiu; os mais antigos fósseis de hominídeos encontrados na África (Tanzânia e Quênia) têm cerca de cinco milhões de anos.
O Egito foi provavelmente o
primeiro Estado a constituir-se na África, há
cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo
neste continente, ao longo dos séculos (por exemplo, Axum,
o Grande Zimbabwe).
Para além disso, a África foi, desde aantiguidade, procurada por povos doutros
continentes, que buscavam as suas riquezas.
O continente africano cobre uma área de cerca de 30 milhões
de quilômetros quadrados, um quinto da área terrestre da Terra,
e possui mais de 50 países. Suas características geográficas são diversas e
variam detropical úmido ou floresta tropical, com chuvas de 250 a 380
centímetros a desertos. O monte Kilimanjaro(5895 metros de altitude)
permanece coberto de neve durante todo o
ano enquanto o Saara é
o maior e mais quente deserto da Terra. A África possui uma vegetação diversa, variando de savana, arbustos de deserto e uma variedade de
vegetação crescente nas montanhas bem
como nas florestas tropicais e tropófilas.
Como a natureza, os atuais 800 milhões de habitantes da África
evoluíram um ambiente cultural cheio de contrastes e que possui várias
dimensões. As pessoas através do continente possuem diferenças marcantes sob
qualquer comparação: falam um vasto número de diferentes línguas, praticam diferentes religiões, vivem em uma variedade de tipos
de habitações e se
envolvem em um amplo leque de atividades econômicas.
Isabel do Brasil
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Isabel (desambiguação).
Dona Isabel
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Período
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Predecessor
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Sucessor
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Cônjuge
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Descendência
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Nome completo
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Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela
Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon
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Pai
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Mãe
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Nascimento
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Morte
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Enterro
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Assinatura
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Dona Isabel
Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e
Bourbon (Rio de Janeiro, 29 de julho de 1846 — Eu, França, 14 de novembro de 1921),
mais conhecida no Brasil como
a princesa Isabel, foi a última princesa
imperial e regente do Império do Brasil por
três ocasiões, na qualidade de herdeira de seu pai, o imperador Dom Pedro II,
e da imperatriz Dona Teresa
Cristina de Bourbon-Duas Sicílias. Foi a terceira chefe de Estado e chefe de governo brasileira após sua
avó D.
Leopoldina e sua trisavó Dona Maria I.
Foi cognominada a Redentora pois, quando regente do Império brasileiro, assinou
a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no
Brasil.
Após seu casamento com Gastão de
Orléans, conde d'Eu (neto do último rei da França, Luís Filipe I),
em 1864, ocorreu uma junção matrimonial entre
a Casa de Bragança e
a de Orléans,
originando o nomeOrléans e Bragança, que foi passado, exclusivamente, aos
descendentes de Gastão de Orléans e Dª. Isabel. Também, por a mesma ter sido a
herdeira do trono imperial brasileiro, os seus descendentes - os Orléans e Bragança -
são os atuais herdeiros da extinta coroa imperial do Brasil.
A princesa Isabel foi também a primeira
senadora do Brasil, cargo a que
tinha direito como herdeira do trono a partir dos 25 anos de idade, segundo
a constituição
imperial brasileira de 1824 - a primeira carta constitucional do Brasil.
Com a morte de seu pai, em 1891,
tornou-se a chefe
da Casa Imperial do Brasil e a primeira na linha
sucessória ao extinto trono imperial brasileiro, sendo considerada, de jure, Sua Majestade Imperial, Dona
Isabel I, Imperatriz Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil, conforme a
constituição de 1824 - a primeira constituição do Brasil.
Biografia:Nascimento e infância
Princesas Isabel e Leopoldina.
Dona Isabel I nasceu no Palácio de São
Cristóvão, e foi a primeira filha do Imperador D. Pedro II. Batizada
na Capela
Imperial no dia 15 de novembro de 1846pelo bispo capelão-mor conde de Irajá, seu nome foi dado em
homenagem à avó materna, a rainha de Nápoles.Seus padrinhos de batismo foram o
rei consorte Fernando II de
Portugal e sua avó materna a rainha Isabel de Nápoles. Com a
morte precoce de seu irmão D.
Afonso, Isabel tornou-se a herdeira do Imperador. Neste mesmo ano
de 1847 nasceria em 13 de julho a sua irmã e companheira
de toda a juventude, a princesa Leopoldina.
Em 1848 nasceu o seu
segundo irmão varão, o príncipe D. Pedro Afonso, que morreu dois anos depois.
Para herdar o trono imperial restava a princesa de quatro anos de idade,
designada a partir de então como princesa
Imperial. O reconhecimento oficial como sucessora e herdeira do pai
teve lugar a 10 de agosto de 1850,
quando a Assembleia-Geral,
reunida no Paço
do Senado às 11 horas da manhã, proclamou-a herdeira do trono,
de acordo com os artigos 116 e 117 da Constituição do
Império.
A 29 de julho de 1860 completava
Dona Isabel 14 anos e, de acordo com o artigo 106 da Constituição Imperial,
deveria prestar o juramento de "manter a religião católica apostólica
romana, observar a Constituição política da nação brasileira e ser obediente às
leis e ao imperador."
Educação
A condessa de Barral.
A fim de prepará-la para seu papel, começou D. Pedro II a
preocupar-se com a formação da futura imperatriz. Desde cedo, porém, o
Imperador iniciou entendimentos para dar às filhas uma preceptora. Por
indicação da tia das princesas,Francisca de
Bragança, a escolhida foi a condessa de Barral,
filha do embaixador Domingos
Borges de Barros, visconde de
Pedra Branca e esposa do nobre francês,
o conde de Barral, considerada pela
maior parte dos autores - inclusive José, em seu livro D. Pedro
II (Companhia das Letras, 2007) - como o grande amor do imperador Pedro
II. A condessa iniciou suas funções em setembro de 1855.
Para a educação de D. Isabel e da sua irmã numerosos mestres
foram designados, que elaboraram um severo programa de estudos. Afirma D. Pedro
II sobre a educação de suas filhas:
"o caráter de qualquer das princesas deve ser formado tal
como convém a senhoras que poderão ter que dirigir o governo constitucional de
um Império como o Brasil. A instrução não deve diferir da que se dá aos homens,
combinada com a do outro sexo: mas de modo que não sofra a primeira. Convirá
conformar-se, quando for de proveito, aos regulamentos da instrução pública
primária e secundária. Poderá impor castigos, e quando forem leves, sem meu
conhecimento prévio, devendo minhas filhas não saber ilegível que
o tenho, quando isto não for conveniente, sendo o maior deles a reclusão em um
dos quartos dos respectivos aposentos, assim como representar-nos, mesmo
perante nossas filhas, sobre a justiça da concessão de algum prêmio."
Mas, apesar de todo este rigor, sua infância teve muitos
momentos de descontração, ao lado da irmã Leopoldina. Em seu diário ela
diz: "Petrópolis, residência de verão, residência deliciosa: jardins
floridos, canais cortando a cidade... " Ou mais
adiante: "Eu fui de Petrópolis a pé até a cascata de Tamarati. A mana
andou tão pouco a cavalo."
Retrato desenhado por D. Isabel, aos 16 anos de idade.
Em São Cristóvão, para amenizar o ambiente carregado de
estudos e deveres, pequenas peças teatrais eram levadas à cena, em que as
princesas desempenhavam os principais papéis na companhia dos amigos de
infância, incluindo pequenos escravos.
A proximidade da princesa com os negros, desde a mais tenra
infância, e o diálogo franco e cordial com eles estabelecido, inclusive nas
brincadeiras infantis, pode vir a explicar sua futura inserção no movimento
abolicionista. A questão ainda não foi convenientemente estudada pela
historiografia brasileira.
Sob a influência de seu pai, o estudo das ciências, em
particular da Química, ocupou um
papel primordial na educação de D. Isabel. O ensino das princesas dirigido pelo
imperador refletia sua visão de uma educação universal com forte teor
científico como essencial para um governante. O conteúdo do currículo seguido
por D. Isabel contrasta fortemente com a educação dada à maioria das mulheres
brasileiras da época, inclusive aquelas de origem abastada.3 D. Isabel nutria profundo interesse
pelas questões ligadas ao desenvolvimento da educação no país, especialmente a
educação pública, como fica patente na sua Fala do Trono, enquanto Regente
do Império, em 1º de fevereiro de 1877:
"A instrução pública continua a merecer do governo a
maior solicitude. Foram criadas no município da corte escolas de segundo grau,
e as normais, destinadas a preparar professores para o ensino primário de ambos
os sexos,terão de ser brevemente inauguradas. Nas províncias este ramo de
serviço apresenta sensível progresso, limitado, porém pela falta de meios de
que podem dispor. Se os melhoramentos materiais por elas empreendidas têm
recebido vosso auxílio, justificada será qualquer despesa que autorizeis
para coadjuvar esse grande elemento de civilização." Casamento: Família
Imperial - da esquerda para a direita:conde d'Eu, D. Pedro II, Maria
D. Isabel.
Os preparativos para seu casamento foram iniciados na década
de 1860. Por indicação de sua tia, D.Francisca de
Bragança (filha de D. Pedro I), princesa de
Joinville na França, vieram ao Brasil dois primos, os
príncipes Gastão de
Orléans, conde d'Eu e Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota,
sobrinhos-netos do rei Leopoldo I dos
Belgas, sobrinhos de D. Fernando II de Portugal, além de primos de segundo grau
da rainha Vitória do
Reino Unido.
O imperador havia
tratado, através de seus ministros, o casamento
da princesa Isabel, herdeira do trono, com o duque Luís
Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o segundo filho de Augusto de
Saxe-Coburgo-Gota e da princesa Clementina de
Orléans; ao mesmo tempo, o primo deste, Luís Filipe Maria Fernando
Gastão de Orléans e Saxe-Coburgo-Gota (Louis Phillipe Marie Ferdinand Gaston
d'Orléans et Saxe-Cobourg et Gotha), conde d'Eu, foi prometido à princesa Leopoldina.
Quando da chegada dos dois jovens, as princesas perceberam
que deveria ocorrer uma troca, pois cada uma delas havia se encantado pelo
pretendente da outra, e imediatamente solicitaram aos pais que a troca fosse
realizada. Tanto D.Pedro quanto D. Teresa Cristina, favoráveis a que os
casamentos fossem motivados não apenas pelas questões dinásticas, mas também
pelos afetos - até porque, no seu próprio caso, havia ocorrido um choque
inicial - consentiram imediatamente. Em 18 de setembro de 1864 o
príncipe Gastão de Orléans pediu a mão da Princesa Imperial do Brasil.
O casamento teve lugar na Capela Imperial, no Rio de
Janeiro, a 15 de outubro de
1864. No mesmo dia os noivos partiram para a lua de mel emPetrópolis, e em 10 de janeiro de 1865 seguiram
para a Europa, onde a princesa conheceu os sogros.
Gastão, batizado Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston, nascera em 1842 e
morreu em 1922 em águas brasileiras, a bordo do navio Massilia. Era não só
conde d´Eu como príncipe de Bourbon-Orléans, sendo feito depois marechal do
exército brasileiro. Era filho de Louis Raphael, Duque de Nemours, logo, neto do Rei
francês Luís Filipe I.
A Princesa Isabel em 1868, com 22 anos.
Gastão assumiria o comando das tropas brasileiras na fase
final da Guerra do Paraguai,
razão de preocupação para Dona Isabel, e fato que provocou muita oposição em
diversos círculos, pois nem sempre foram sábias as decisões militares tomadas.
Finda a guerra o casal fez nova viagem à Europa, para
visitar Leopoldina, doente. Leopoldina morreu de tifoem 7 de fevereiro de 1871.
No mesmo ano D. Pedro II fez sua primeira viagem à Europa e Dona Isabel assumiu
a regência, aos 24 anos. Neste período foi assinada a 28 de setembro a Lei do Ventre Livre.
A ausência de filhos preocupava a todos. A princesa concebeu
durante sua viagem à Europa, mas somente no sexto mês de gravidez começou a
pensar na dificuldade de retornar ao Brasil para que aqui nascesse o herdeiro.
Embarcou de volta dois meses depois e, já no Brasil, nasceu morta uma menina,
em 28 de julho de1874,
no Palácio Isabel (atual Palácio Guanabara),
batizada in articulo mortis com o nome de Luiza.
Finalmente, em 15 de outubro de 1875,
quando comemoravam onze anos de casados, nasceu em Petrópolis o príncipe D.
Pedro de Alcântara. Segundo Victor
Villon:"A gravidez foi cheia de cuidados, o parto muito difícil
e, no meio da aflição de todos, o Dr. Depaul, médico francês que viera
especialmente para a ocasião, distorceu o braço da criança. Esse acidente
deixaria seqüelas; Dom Pedro d´Alcântara ficaria com braço atrofiado para o
resto da vida." Em 26 de janeiro de 1878 nasceu
o segundo filho D.
Luís. No mesmo ano o casal foi residir na França. Em 9 de agosto de 1881 lá
nasceu o terceiro e último filho, D.
Antônio Gastão. No mesmo ano a família voltaria a viver no Brasil.
Postura política
Liberal, a princesa
uniu-se aos partidários da abolição da escravidão. Apoiou jovens políticos e
artistas, embora muitos dos chamados abolicionistas estivessem aliados ao
incipiente movimento republicano. Financiava a alforria de ex-escravos com seu
próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do
abolicionismo. Chegava mesmo a receber fugitivos em sua residência em
Petrópolis:
"A Princesa Isabel também protegia fugitivos em
Petrópolis. Temos sobre isso o testemunho insuspeito do grande abolicionista
André Rebouças, que tudo registrava em sua caderneta implacável. Só assim
podemos saber hoje, com dados precisos, que no dia 4 de maio de 1888,
“almoçaram no Palácio Imperial 14 africanos fugidos das Fazendas circunvizinhas
de Petrópolis”. E mais: todo o esquema de promoção de fugas e alojamento de
escravos foi montado pela própria Princesa Isabel. André Rebouças sabia de tudo
porque estava comprometido com o esquema. O proprietário do Hotel Bragança,
onde André Rebouças se hospedava, também estava comprometido até o pescoço,
chegando a esconder 30 fugitivos em sua fazenda, nos arredores da cidade. O
advogado Marcos Fioravanti era outro envolvido, sendo uma espécie de coordenador
geral das fugas. Não faltava ao esquema nem mesmo o apoio de importantes damas
da corte, como Madame Avelar e
Cecília, condessa da Estrela, companheiras fiéis de Isabel e também
abolicionistas da gema. Às vésperas da Abolição final, conforme anotou
Rebouças, já subiam a mais de mil os fugitivos “acolhidos” e “hospedados” sob
os auspícios de Dona Isabel." Conforme o artigo 46, capítulo 3, título IV,
da constituição
brasileira de 1824, os Principes da Casa Imperial são Senadores
por Direito, e terão assento no Senado, logo que chegarem á idade de vinte e
cinco annos. Dessa forma, em 1871, D. Isabel Leopoldina
tornou-se a primeira senadora do Brasil
(a primeira senadora brasileira eleita foi Eunice
Mafalda Berger Michiles). Há que se notar que foi a única a
desfrutar desse dispositivo constitucional, haja vista que todos os príncipes do
Brasil que a antecederam ou morreram antes dos vinte e cinco
anos, ou se casaram com estrangeiros e partiram do país, à exceção de seu pai,
que assumiu o Trono aos quatorze anos de idade. Depois dela, a ordem
constitucional do Império caiu antes que os príncipes porvir pudessem tornar-se
senadores.
Bilhete da Princesa Isabel a seu pai, datado de 13 de maio de 1888:
"Empereur Brésil, Milan.
Acabo sanccionar a lei da extincção da escravidão. Abraço Papae com toda a effusão do meu coração. Muito contentes com suas melhoras. Commungamos hoje por sua intensão.
Isabel".
"Empereur Brésil, Milan.
Acabo sanccionar a lei da extincção da escravidão. Abraço Papae com toda a effusão do meu coração. Muito contentes com suas melhoras. Commungamos hoje por sua intensão.
Isabel".
"Isabel Cristina comemorou seu aniversário de 39 anos,
em 1885, com uma solenidade no Paço Municipal da capital, o Rio de Janeiro.
Sentada, tendo a seu lado o marido, foi a estrela da cerimônia em que diversos
escravos foram alforriados.Conforme os nomes dos beneficiados eram anunciados
pelo vice-presidente da Câmara, João Florentino Meira de Vasconcellos, eles
seguiam para receber seus certificados de libertação das mãos de Isabel. Cada ex-escravo
curvava-se e, em sinal de respeito e gratidão, dava um beijo na mão da
aniversariante. A relação de afeto entre a mulher e os negros começava a ser
demonstrada publicamente."
Em 30 de junho de 1887 assumiu
a regência do império pela terceira vez, pois seu pai fora obrigado a
afastar-se para tratamento de saúde na Europa. A abolição provocava grande
oposição entre os fazendeiros escravocratas. Poderosos, esses escravocratas
infundiram na opinião pública, através do Parlamento e da imprensa, a ideia de
que a abolição da escravidão seria a bancarrota econômica do império, pois as
prósperas fazendas de café e açúcar do Brasil de então eram todas elas, regadas
com o suor do escravo. O negro era contado, medido e pesado e os juristas dos
escravocratas criaram a tese jurídica de que o escravo era "propriedade"
do senhor de engenho e, portanto, estavam sob amparo da Constituição, que
garantia o "direito de propriedade". Eram tensas as relações entre a
Regente e o Gabinete ministerial conservador. A Princesa aliava-se ao movimento
popular, enquanto o Barão de
Cotegipe defendia a manutenção da escravidão. Aproveitando-se
da oportunidade oferecida por um incidente de rua, Isabel demitiu o ministério
e nomeou o conselheiro João Alfredo, demonstrando determinação
política e convicção do que considerava o melhor para o País, pois o Brasil foi
a última Nação do ocidente a abolir a escravidão. Na Fala do Trono, de
1888, Isabel dissera com o coração jubiloso: "confio em que não
hesitarei de apagar do direito pátrio a única exceção que nele
figura..." O Conde D"Eu, marido de Isabel, ainda lhe
advertiu: "não assine, Isabel, pode ser o fim da Monarquia." Mas
a Princesa estava determinada e respondeu prontamente ao marido: "É
agora, ou nunca!" Afinal, a escravidão, que tanto envergonhara a raça
humana no Brasil, já durava, em 1888, três séculos, vitimando 12 milhões de negros
africanos. Estava aberto o caminho para a liberdade dos escravos no império.
O Juramento da Princesa Imperial Dona Isabel, como regente
do Império do Brasil.
Em 13 de maio de 1888,
num domingo, aconteceram as últimas votações de um projeto de abolição total.
Certa da vitória, a regente desceu de Petrópolis, cidade serrana, para aguardar
no Paço Imperial o momento de assinar a Lei Áurea. Usou uma pena de ouro
especialmente confeccionada para a ocasião, recebendo a aclamação do povo do
Rio de Janeiro. O Jornal da Tarde, de 15 de maio de 1888, noticiou
que "o povo que se aglomerava em frente do Paço, ao saber que já
estava sancionada a grande Lei, chamou Sua Alteza, que aparecendo à janela, foi
saudada por estrepitosos vivas." As galerias do Paço estavam
repletas, e sob vivas e aplausos de uma multidão estimada em 10 mil pessoas,
Isabel sancionou a Lei aprovada pelo Parlamento do Império. O jornalista
mulato José do Patrocínio,
aliado da Coroa, invadiu o recinto sem que ninguém conseguisse detê-lo e
atirou-se aos pés da Princesa Regente em prantos de gratidão. Isabel dava
provas, de que seu reino era, sim, deste mundo, contrariando a ironia do
conselheiro Saraiva que afirmara justamente o contrário, zombando do sentimento
profundamente cristão de Isabel . A história há de fazer sempre justiça à
"Princesa Redentora", título que lhe atribuiu José do Patrocínio,
pois ela demonstrou no processo abolicionista firmeza, coragem e, sobretudo,
nobre desapego ao cargo, o qual - lhe preveniram - haveria de ser dela tomado
pela reação inevitável dos altos e egoísticos interesses escravocratas
contrariados, tudo conforme relata o livro Dom Pedro II e a Princesa
Isabel, da Editora Lorenz, onde consta memorável testemunho do nobre
abolicionista Joaquim Nabuco: " No dia em que a Princesa Imperial se
decidiu ao seu grande golpe de humanidade, sabia tudo o que arriscava. A raça
que ia libertar não tinha para lhe dar senão o seu sangue, e ela não o queria
nunca para cimentar o trono de seu filho. A classe proprietária ameaçava
passar-se toda para a República, seu pai parecia estar moribundo em Milão, era
provável a mudança de reino durante a crise , e ela não hesitou: uma voz
interior disse-lhe que um grande dever tem que ser cumprido, ou um grande
sacrifício que ser aceito. Se a Monarquia pudesse sobreviver à abolição, esta
seria o apanágio. Se
sucumbisse, seria o seu testamento..."
Em 28 de setembro o Papa Leão XIII lhe remeteu a comenda
da Rosa de Ouro,
como reconhecimento pela Abolição da Escravatura. Essa comenda pontifícia
simboliza o reconhecimento do Papa a algum feito
notável e que mereça regozijo de toda a Igreja. A Princesa Isabel foi a única
personalidade brasileira a receber a Rosa de Ouro.
Ou outros dois exemplares foram dedicados à Basílica
de Nossa Senhora Aparecida pelos Papas Paulo VI (1965) e Bento XVI (2007).
Mas a elite cafeeira não aceitava a abolição. Cotegipe, ao
cumprimentar a princesa, vaticinou: "Vossa Alteza libertou uma raça,
mas perdeu o trono". Mas a Princesa não hesitou em responder: "Mil
tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do
Brasil"
De pensamento arrojado , Dona Isabel era partidária de
algumas ideias modernas para sua época, como o sufrágio feminino e a reforma
agrária. Documentos recentemente descobertos revelam que a princesa estudou
indenizar os ex-escravos com recursos do Banco Mauá.
A República e o exílio
Princesa Isabel: A Redentora
Em 9 de novembro de 1889, poucos dias antes do golpe militar
que instaurou a República no
Brasil, a família imperial compareceu ao Baile da Ilha
Fiscal, o último da monarquia:
"Dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o que os
convidados não imaginavam, nem o imperador D. Pedro II, é que se dançava sobre
um vulcão. À mesma hora em que se acendiam as luzes do palacete para receber os
milhares de convidados engalanados, os republicanos reuniam-se no Clube
Militar, presididos pelo tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar a
queda do Império. "Mais do que nunca, preciso sejam-me dados plenos poderes
para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra e
sua dignidade", discursou Constant na ocasião, tendo como alvo justamente
o Visconde de Ouro Preto. Longe dali, ao lado da família imperial, o visconde
desmanchava-se em sorrisos ao comandar seu suntuoso festim. A família imperial
chegou ao cais pouco antes das 10 horas. D. Pedro II, fardado de almirante, a
imperatriz Teresa Cristina e o príncipe D. Pedro Augusto embarcaram primeiro.
Quinze minutos depois foi a vez da princesa Isabel e do conde D'Eu. Uma vez no
palácio, foram conduzidos a um salão em separado, onde já se achavam reunidos
membros do corpo diplomático estrangeiro oficiais e alguns eleitos da sociedade
carioca. O guarda-roupa da imperatriz não chegou a causar impressão especial
entre os convidados - um vestido de renda de chantilly preta, guarnecido de
vidrilhos. A toalete da princesa Isabel, no entanto, causou exclamações de
admiração pelo luxo e pela beleza. Ela portava uma roupa de moiré preta
listada, tendo na frente um corpinho alto bordado a ouro. Nos cabelos,
carregava um diadema de brilhantes. "Na sequência, pouco mais de um ano
depois de testemunhar o júbilo popular com a abolição da escravatura, Dona
Isabel veria a monarquia no Brasil ser extinta. Insuflados pelos radicais positivistas, pela maçonaria e apoiados pelos
fazendeiros, os militares depuseram o gabinete do Visconde de Ouro
Preto e instauraram uma ditadura republicana. O livro
"Barão de Santo Angelo, O Espírita da Corte" (Editora Lorenz) analisa
as motivações do golpe republicano e traz informações importantes sobre as
revoltas e ressentimentos pessoais do líderBenjamin
Constant contra o monarca, fator considerado decisivo para a
realização da quartelada que ensejou a proclamação a República. Os chamados
"ideais republicanos", na verdade, constituiriam um simples pano de
fundo para justificar a insurreição que mudou a forma de Governo em 1889. Dona
Isabel, com 43 anos de idade, seguiu com sua família para o exílio, na madrugada de 17 de novembro de 1889,
depois de ter sido expedida, na véspera, uma intimação pelo Major Frederico
Solón, o mesmo que houvera espalhado a calúnia, na Rua do Ouvidor, de que Dom
Pedro II decretara a prisão de Deodoro e Benjamin Constant, notícia falsa que
precipitou o golpe, com a cavalaria na rua. A madrugada do embarque para o
exílio era chuvosa e o mar estava revolto com graves riscos para as
embarcações. Dom Pedro II sofria uma crise aguda do diabetes e embarcou, com dificuldade,
amparado por seu médico particular, o Dr. Mota Maia, que com ele seguiu viagem.
Foi nesse contexto dramático que a família real rumou para o exílio sem volta,
depois de quase meio século de um Governo de paz e prosperidade, reconhecido
pelos historiadores. Segundo suas próprias palavras, Isabel deixou a pátria aos
soluços, sob as ordens e intimações do tenente-coronel João Nepomuceno Mallet,
que mais tarde iria insurgir-se contra o próprio Governo republicano que ele
ajudou a instalar. Não faltou quem quisesse reagir, como foi o caso do Almirante Tamandaré,
mas Dom Pedro II recusou qualquer reação e pacificamente deixou o território
nacional, para entrar na História. E o Brasil inaugurou a República sob forte
crise, com fechamento do Congresso, banimentos, censura à imprensa, perseguição
de jornalistas, autoritarismos. A inflação disparou e a economia entrou
em crise. E assim foi praticamente durante toda a primeira década de República.
Os temores expressos na carta de três meses antes se
confirmaram antes de que fosse possível legar aos negros libertos sua cota de
justiça.
D. Pedro II morreu em Paris, em 5 de dezembro de 1891, e ela
passou a ser considerada pelos monarquistas imperatriz de jure do
Brasil - D. Isabel I.
Apesar da dor do exílio Dona Isabel teve uma velhice
tranquila, instalada no castelo da família em Eu,
na Normandia, propriedade de Gastão de Orléans
(Castelo d'Eu). Rodeada pelos filhos e netos
fez de sua casa uma embaixada informal do Brasil. Recebia brasileiros de
passagem, ajudou o jovemAlberto Santos-Dumont quando
desenvolvia suas invenções. Passou os últimos anos da vida com dificuldades de
locomoção. Em 1920 teve a felicidade de saber que a
lei que bania a Família Imperial do Brasil havia sido revogada pelo
Presidente Epitácio Pessoa.
Neste sentido, convém notar, como em todos os processos
históricos, houve uma disputa judicial, iniciada logo após o exílio forçado, e
durante a qual aconteceram avanços e retrocessos, pareceres favoráveis e
desfavoráveis e uma série de constrangimentos pelos quais a família imperial
teve de passar. Em 1903, por exemplo, foi julgado em 14 de janeiro um pedido
de habeas corpus impetrado pelos republicanos Urbano
Sampaio Neves,Olympio
Lima e Alberto
Veiga:
"Olympio Lima e outros impetram ordem de habeas corpus
em favor de Gastão de Orleans, Conde d'Eu, sua mulher Izabel de Orleans e
demais membros da ex-dinastia brasileira de Bragança, para que cesse o
constrangimento ilegal de que são vítimas, por força do decreto que os baniu do
território nacional, e pedem a anulação do citado decreto, alegando que ele foi
revogado pela Constituição Federal."
Sobre o habeas corpus, sua elaboração e princípios, o
site Histórias e Lendas de Santos, afirma:
"A ideia de um habeas-corpus em favor da banida Família
Imperial Brasileira nasceu do doutor Urbano de Sampaio Neves, ilustre advogado.
Sua ação, como republicano, traduzira-se bem em seus trabalhos de jornalista no
ultrarrepublicano Diário de Notícias.
As conclusões a que chegara Urbano Neves são simples e objetivas: "Somente
por ilegalidade, timidez ou indiferença é que a Família Imperial continua no
exílio sob a pressão do decreto que a baniu do território nacional; só por
estranho capricho, ou revoltante ingratidão, é que se recusa sepultura em terra
brasileira ao venerando Monarca que durante meio século dirigiu os destinos
deste País". Urbano Neves levou sua ideia ao doutor Martim Francisco
Ribeiro de Andrada - duplamente ilustre, pela ascendência e pelo talento -
sugerindo-lhe que requeresse uma ordem de habeas-corpus, já que suas opiniões
políticas o aproximavam da Monarquia, já porque a sua comprovada competência
jurídica e o prestígio de seu nome dariam àquele recurso as proporções de
verdadeiro acontecimento. O doutor Martim Francisco, porém, recusou a ideia.
Escrúpulos de ordem moral e política, que a situação justificava, e porque a
seus amigos e correligionários parecia inoportuna qualquer atitude que
provocasse, por parte das autoridades republicanas, maiores desabrimentos e
intolerâncias, deixava de intentar o recurso sugerido, aguardando melhores
tempos e melhores circunstâncias. Suas ideias eram, porém, francamente
favoráveis ao habeas-corpus e, por várias vezes, manifestou-se publicamente a
seu favor. Uma vez que a iniciativa do recurso de habeas-corpus não partia do
elemento dinástico, partisse, então, dos republicanos, como afirmação
categórica do sentimento de justiça que deve presidir os regimes democráticos.
E dessa vez não houve medo, receio, escrúpulo, precaução. Os dois mais
brilhantes redatores de A Tribuna, Olympio Lima, seu fundador, e Alberto Veiga,
talvez o mais perfeito estilista da imprensa santista, colocaram-se ao lado de
Urbano Neves. E juntos, diante do País e da História, assumiram a inteira
responsabilidade desse ato superior e necessário. Isso estabelecido, caberia,
naturalmente, a Urbano Neves redigir a petição, já que teve a iniciativa da
ideia e era dono do conhecimento profissional necessário, mas o advogado
preferiu confiar a Alberto Veiga, sob sua assistência quanto à parte jurídica,
aquela tarefa. Sem dúvida alguma, ninguém melhor do que Alberto Veiga, o mais
completo redator, o mais perfeito articulista, para redigir o documento. E,
igualmente, ninguém mais autorizado a ser um aliado naquele trabalho, pelo seu
caráter, honra e sentimento de justiça, cerrando fileiras junto aos demais,
pela causa."
Sobre a revogação do Decreto de
Banimento propriamente dito, a notícia foi veiculada inicialmente pelo
Jornal O Imparcial, do Rio de Janeiro, no dia 4 de setembro de
1920. O decreto 4.120, assinado em 3 de setembro de 1920, procurava corrigir
uma distorção jurídica, onde uma família brasileira, que não cometera crime
algum, fora expulsa do país de maneira arbitrária.
É a historiadora Luciana Pessanha Fagundes, em seu memorável
artigo Memórias da monarquia: D.Pedro II no cenário político da década de
2016quem nos descreve as circunstâncias em
que se deu esta revogação:
"Enfim, no dia 3 de setembro realizava-se no Salão de
Despachos do Palácio do Catete a
assinatura do decreto que revogava o banimento da família real. Para assinatura
do decreto foi oferecida ao presidente uma caneta de ouro obtida especialmente
para a ocasião com dinheiro arrecadado mediante subscrição pública promovida
pelo jornal A Rua. A cerimônia foi realizada com a presença de comissões
de várias instituições importantes como o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, a Associação Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de
Imprensa. O decreto é caracterizado como uma “nova Lei Áurea” por Affonso Celso
em artigo para o Jornal do Brasil. O presidente do IHGB apontava que a
denominação Lei Áurea para a lei assinada naquele dia se devia pelo fato de
que, assim como a de 13 de maio, “essa lei repara uma grave injustiça” e também
“redime do exílio a excelsa senhora que mereceu o cognome de Redentora”. A
república teria, então, inscrito nos anais da história uma “data luminosa
semelhante aquela do Império”. Revogado o banimento, são formadas rapidamente
duas comissões, capitaneadas pelo IHGB, encarregadas de organizar a recepção
dos despojos do imperador e da imperatriz."
Além do banimento - por si só um ato autoritário e
injustificável - ocorreu um verdadeiro confisco dos bens (particulares) da
família imperial. Pouco comentado pela historiografia brasileira é o fato de
que praticamente todos os bens e pertences dos Orleans e Bragança foram
leiloados:
Princesa Isabel e o conde D'Eu com alguns de seus netos.
"No Brasil de 1890 deram-se 13 leilões dos bens da Casa
Imperial - objetos, móveis e semoventes. Procederam à avaliação dos móveis,
carros, animais e objetos existentes na Quinta da Boa Vista e os vindos do Paço
da Cidade o tenente-coronel Costa Ferreira, da parte do Juízo da 2ª Vara de
Órfãos e João Teixeira, por parte do dr. José da Silva Costa, procurador de d.
Pedro de Alcântara. O Juiz da 2ª vara, dr. Honório Coimbra nomeou para proceder
ao leilão o leiloeiro Joaquim Dias dos Santos. Francisco Marques dos Santos, em
seu artigo intitulado O leilão do Paço de São Cristóvão, publicado no Anuário
do Museu Imperial, vol. 1, 1940, fala dos absurdos, da desordem, da avaliação
arbitrária e venda forçada dos bens da família."
Exilada, espoliada, com a saúde frágil, extremamente abalada
pela morte de dois de seus filhos (Antônio, em 1918, e Luís, em 1920), a
princesa Isabel faleceu em 14 de novembro de 1921.
Foi sepultada no cemitério local, de onde seria trasladada em 6 de julho de 1953 para
um jazigo no Mausoléu Imperial da Catedral de
Petrópolis. Como afirma Nelly Martins Ferreira
Candeias: "A Princesa Isabel conviveu com o predomínio agrário do
tempo e declínio dos escravagistas marginalizados pelo golpe fatal da Abolição.
Enfrentou a ideologia republicana dos adversários, a extinção da monarquia e as
tristezas do exílio."
Posteridade
Foi organizado em julho de 2006 pelo Museu Imperial, IPHAN e
Ministério da Cultura, no Museu Imperial – Rua da Imperatriz, 220 – Petrópolis
– Rio de Janeiro - um seminário comemorativo do 160º aniversário da Redentora,
intitulado A Princesa das Camélias.
Há questões controversas a seu respeito, as quais a
historiografia não tem dado conta de esgotar. Sabe-se que seu pai, por mais que
a amasse, não a fez participar da vida política, até tornar-se ela regente por
ocasião da primeira viagem do imperador ao estrangeiro. Seu catolicismo intenso
fez que alguns temessem que, no poder, ela subordinasse a política a
considerações ultramontanas. Mas essas afirmativas constituem meras
especulações, pois não há fatos fidedignos que possam justificar essa
preocupação. Na verdade, como não se tinha nada para acusar a Princesa
Redentora - detentora de reconhecidas virtudes morais e culturais - valiam-se
os republicanos e radicais de sua crença para tentar desqualificá-la. Isabel foi
Princesa Regente numa época em que a mulher ainda não se houvera emancipado
socialmente, sofrendo discriminações hoje repudiadas por consenso geral. Prova
de habilidade política a Princesa deu ao exonerar o Gabinete Cotegipe para
colocar em seu lugar o Conselheiro João Alfredo. Nessa ocasião trabalhou com
habilidade junto ao Parlamento do Império para que a escravidão fosse
definitivamente erradicado da vida brasileira. Prova de sua eficiência política
foi o resultado vitorioso da votação que aprovou a Lei Áurea, depois de décadas
de lutas em vão.Diz-se que o próprio marechal Deodoro da Fonseca,
que depôs a monarquia, admitia a república para depois da morte de D. Pedro II.
Esse fato, entretanto, simplesmente denota o respeito que o marechal nutria
pelo Imperador. Em outras palavras, muitos queriam que D. Pedro II reinasse em
paz até o fim da vida, mas não admitiam que houvesse uma Dona Isabel I. Na
verdade, interesses pessoais e corporativos - e não ideais republicanos
propriamente dito - que conspiravam para o fim da Monarquia, não tinham
interesse que a Princesa Redentora assumisse o trono e então espalhavam
injúrias para denegrir a imagem de Isabel junto à opinião pública, coisa que os
escravocratas contrariados e republicanos radicais de plantão sabiam fazer como
ninguém... Este foi o caso do Conselheiro Saraiva quando disse ao Imperador, lá
em Petrópolis, que "o Reino de Isabel não era deste mundo", numa zombaria
deselegante à fé que a Princesa nutria pelo cristianismo. Essa análise, que
trata do contexto que envolveu os últimos tempos da Monarquia constam do livro
"Dom Pedro II e a Princesa Isabel", publicação da Editora Lorenz.
Para os contemporâneos, especialmente os militares e
fazendeiros, a compreensão de Isabel do próprio papel como governante do país
seria inspirada pelo catolicismo ou então ela seria um mero fantoche nas mãos
do marido. Esta postura era encampada por grande parte da imprensa:
"Isto leva a imprensa a publicar avaliações sobre a
última regência de Isabel, sendo que estas são absolutamente contrastantes em
alguns aspectos, dependendo da orientação política dos periódicos, ou
totalmente coincidentes apesar dela.
A análise dessas avaliações nos levou a concluir que havia
um consenso, ao menos na imprensa, de que o afastamento do Barão de Cotegipe, a
escolha de João Alfredo e a abolição se fizeram por ação direta da Princesa, e
que, estando D.Pedro II no trono, ela talvez não ocorresse naquela hora e muito
menos da forma que foi feita, sem indenização.Isso é o provável motivo que, ao
fim de sua regência, levava a imprensa abolicionista a exaltar seu ato e a não
abolicionista a culpá-la pela sua insatisfação e pelas consequências que dela
adviriam. No entanto, apesar ter suas virtudes e qualidades morais muitas vezes
exaltadas, todos foram unânimes em considerar Isabel sem condições de
governar,permanecendo a imagem de que a uma mulher cabe exercer seu papel
exclusivamente na vida privada.Sua religiosidade e a ideia de que ela era
facilmente influenciável,em especial por seu marido,também continuavam a
aparecer para todos como um problema agravante. Um outro fator que ficava
evidente era a debandada da classe agrária em direção ao movimento republicano
e a organização deste, cada vez mais eficiente. Quando finda a terceira
regência da Princesa, o republicanismo já havia se espalhado."
Em relação às afirmações da imprensa da época, dos primeiros
republicanos e da unanimidade da historiografia brasileira, tanto positivista
quanto marxista, até bem recentemente, podemos usar como contraponto a
argumentação de Rachel Aparecida Bueno da Silva:
"Na verdade, passados mais de 100 anos da Proclamação
da República, podemos nos questionar o quanto de ideológico existia nas
colocações dos primeiros republicanos, imbuídos que estavam da vontade de
consolidar um regime recém inaugurado e prover a devida justificativa teórica
para a mudança da forma e do sistema de governo: de monárquico para republicano
e de parlamentar para presidencialista."
Beatificação:
Em outubro de 2011 foi
oficialmente aberto o processo de beatificação da princesa, entregue ao cardeal
arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani João Tempesta a
pedido de monarquistas brasileiros21 . A justificativa para o pedido de
beatificação de D. Isabel foi o de a princesa ter demonstrado durante toda sua
vida uma profunda fé católica, além de ter sido a responsável pela libertação
dos escravos no Brasil. O cardeal D. Orani prometeu levar o caso à arquidiocese
de Paris, uma vez que a princesa viveu seus últimos anos e morreu na França. A
Igreja investigará os diversos testemunhos de pessoas que dizem ter sido
curadas por orações feitas à princesa.
Homenagem
Após ser derrotada no programa o maior brasileiro de todos
os tempos em 2012, Princesa Isabel foi eleita a terceira maior brasileira de
todos os tempos, ficando na frente Santos Dumont e Chico Xavier.
Ascendência[editar]
Ancestrais de Isabel do Brasil
|
Descendência
Representações na cultura:
A princesa Isabel já foi retratada como personagem
no cinema e na televisão, interpretada por Ana Lúcia Torre na novela "Memórias de Amor"
(1979), Tereza Raquel nas
minisséries "Abolição"
(1988), e "República"
(1989), Miriam Mehler no
seriado "Mundo da Lua"
(1991), Irene Ravache na
novela "Sangue do
Meu Sangue" (1995), Rosamaria Murtinho na
minissérie "Chiquinha
Gonzaga" (1999), e Carolyna Aguiar no especial de fim de
ano da TV Globo "O Natal do
Menino Imperador" (2008).
Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$ 50 (cinquenta
cruzeiros) de 1949 e nas de Cr$ 200,00 (duzentos cruzeiros) de 1981.
No livro "A Última Princesa" (Ed. Record), de Fábio Yabu, será mostrada como uma princesa
de contos de fadas,
expulsa do próprio reino por um poderoso feiticeiro após libertar os escravos.
Referências: Norma constitucional de 1824 Art. 120. O
Casamento da Princesa Herdeira presumtiva da Coroa será feito a aprazimento do
Imperador; não existindo Imperador ao tempo, em que se tratar deste Consórcio,
não poderá ele efetuar-se, sem aprovação da Assembleia Geral. Seu Marido não
terá parte no Governo, e somente se chamará Imperador, depois que tiver
da Imperatriz filho, ou filha.
Disponível em Nossa História: "11 de agosto de
1889 – Paço Isabel Corte midi/Caro Snr. Visconde de Santa Victória/Fui
informada por papai que me collocou a par da intenção e do envio dos fundos de
se o Banco em forma de doação como indenização aos ex-escravos libertos em 13
de Maio do no passado, e o sigilo que o Snr. pidio ao prezidente do gabinete
para não provocar maior reacção violenta dos escravocratas. Deus nos proteja si
os escravocratas e os militares saibam deste nosso negócio pois seria o fim do
actual governo e mesmo do Império e da caza de Bragança no Brazil. Nosso amigo
Nabuco, além dos Snres. Rebouças, Patrocínio e Dantas, poderão dar auxílio a
partir do dia 20 de Novembro quando as Camaras se reunirem para a posse da nova
Legislatura. Com o apoio dos novos deputados e os amigos fiéis de papai no
Senado será possível realizar as mudanças que sonho para o Brazil!/Com os
fundos doados pelo Snr. teremos oportunidade de collocar estes ex-escravos,
agora livres, em terras suas proprias trabalhando na agricultura e na pecuária
e dellas tirando seos proprios proventos. Fiquei mais sentida ao saber por
papai que esta doação significou mais de 2/3 da venda dos seos bens, o que
demonstra o amor devotado do Snr. pelo Brazil. Deus proteja o Snr. e todo a sua
família para sempre!/Foi comovente a queda do Banco Mauá em 1878 e a forma
honrada e proba porém infeliz, que o Snr. e seo estimado sócio, o grande
Visconde de Mauá aceitaram a derrocada, segundo papai tecida pelos ingleses de
forma desonesta e corrupta. A queda do Snr. Mauá significou huma grande derrota
para o nosso Brazil!/Mas não fiquemos mais no passado, pois o futuro nos será
promissor, se os republicanos e escravocratas nos permitirem sonhar mais hum
pouco. Pois as mudanças que tenho em mente como o senhor já sabe, vão além da
liberação dos captivos. Quero agora dedicar-me a libertar as mulheres dos
grilhões do captiveiro domestico, e isto será possível através do Sufrágio
Feminino! Si a mulher pode reinar também pode votar!/Agradeço vossa ajuda de
todo meo coração e que Deos o abençoe!/Mando minhas saudações a Madame la
Vicomtesse de Santa Vitória e toda a família./Muito d.
coração/ISABEL" (carta se encontra no Memorial Visconde de Mauá,
num acervo de 3 mil documentos, que reúne gravuras, quadros, fotografias, manuscritos,
livros, periódicos, etc. e foi divulgada, em rede nacional, pela imprensa em 30
de abril de 2009) A Carta da Princesa, disponível em A Carta da Princesa
princesa Isabel jovem
Isabel, princesa imperial do Brasil
Princesa Isabel
Casamento da princesa Isabel
Princesas Isabel e Leopoldina
Princesa Isabel e D. Pedro II em 1870
Princesa Isabel, Conde D'Eu e filho
O Juramento da Princesa Isabel, Victor Meirelles de Lima,
1875 (visão geral do quadro)
Conde Eu, Princesa Isabel e os filhos
Conde D'Eu e princesa Isabel na Usina do Exército, em 1886
Detalhe da imagem anterior
Casa da Princesa Isabel em Petrópolis
Aclamação da princesa Isabel em 1887
Família imperial na casa da princesa Isabel em 1887
Retrato da princesa Isabel, por Rovello (circa 1887). Notem
as várias camélias adornando seus cabelos.
Câmara dos Deputados Gerais, Rio de Janeiro
Lei Áurea
Lei Áurea, Diário Oficial
Deputado Rodrigo Silva e Gabinete (Lei Áurea)
Missa no dia 17 de maio de 1888
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (Areia, 1854 — 1916),
Baile da Ilha Fiscal
Castelo D'Eu, onde a princesa Isabel passou os últimos anos
de vida
Interior do Castelo D'Eu
Princesa Isabel em seu último ano de vida (1921) no Castelo
D'Eu.
Sucedida por
D. Pedro Henrique |
||
Precedida por
D. Pedro Afonso |
Sucedida por
D. Pedro de Alcântara |
|
Precedida por
Marquês de Olinda |
Sucedida por
Nenhum |
Presidência da
República
Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos |
Art. 3º Constituem objetivosfundamentais da República
Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
<P
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas
liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se
de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
A CPE está localizada na Secretaria da
Justiça e da Defesa da Cidadania, no Pátio do Colégio, 148, Centro, São Paulo
(SP). O telefone é (11) 3291-2621 e o e-mail ouvidoria@justica.sp.gov.br.
DISCRIMINAÇÃO: (11)33971446 SÃO PAULO
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